Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

P&O na Planície: Reler post /1

Controlar a comunicação social...

Com os órgãos de comunicação social em reboliço, quando é que não estão? É uma constante na vida a ingerência consumada ou mesmo a tentativa de controlar aquilo que nos incomoda: esta máxima sempre valeu na estação pública e depois nos canais televisivos privados. 

Vamos reler um  post de 2010, ena este blogue é antigo, sobre o fim do programa Acontece (rtp2) e o plano de Sócrates para "mandar" na TVI.

Ora então cá vai o texto que data de 20 de Março de 2010 cujo título é:

Reavivar a Mémoria: Fim do Programa Acontece 

Ao ler esta notícia e com a telenovela PT/TVI, que foi desencadeada com o fim do Jornal de Sexta, surgindo na imprensa o tal famigerado plano que o Governo liderado pelo Primeiro-Ministro José Sócrates teria para controlar a comunicação social (aguardo o desfecho), recordei-me do fim do Programa Acontece.

 

Estávamos em 2003, em funções o XV Governo Constitucional de Coligação PSD/PP liderado por Durão Barroso, o então Ministro da Presidência Morais Sarmento que detinha a tutela da televisão pública, deu instruções para acabar com o Programa Acontece de Carlos Pinto Coelho.  

 

O Ministro Morais Sarmento dizia:

 - "O Acontece não está, sequer, entre os mais vistos" (...) ficaria mais barato pagar uma volta ao mundo a cada um dos espectadores do Acontece do que produzir o programa."  (comissão parlamentar  em que se debatia as audiências e custos do Acontece da RTP 2, Fevereiro de 2003) 

 

 

Por seu turno, Carlos Pinto Coelho contra-argumentou:

 - "Sem querer adiantar quais os verdadeiros custos do programa, o jornalista disse que ‘são extremamente modestos’, sendo o orçamento ‘o mesmo desde há três anos’. ‘Não me dão dinheiro nem para um cenário novo. Nunca, em nove anos de emissões, o orçamento foi ultrapassado."  (in Jornal Público - 14/02/2003)

 - "é preciso saber que leitura se faz: se simplesmente quantitativa, como a que se faz para saber quantas salsichas saem de uma fábrica por dia, ou se uma leitura qualitativa’. O auditório do magazine é composto, por exemplo, ‘por formadores de opinião e muitos jovens universitários’, descreve. ‘São, em média, 91.200 pessoas que nos seguem, sem incluir os espectadores que vêm o programa através do cabo, da RTP África e da RTP Internacional." (in Jornal Público - 14/02/2003)

 

Bem, era um programa de divulgação cultural, que importância teria, era só visto por 90 e tal mil pessoas (coisa pouca... tendo em conta a temática tratada!!!!!!) e, pelos vistos o único formato do género a ser transmitido na Europa, e enquadrado na noção de serviço público... mas o ministro não foi de modas e interferiu na programação do canal do Estado, e não existiu tanto alvoroço...

 

“E assim Aconteceu…."

 

O jornalista Carlos Pinto Coelho tem vindo a fazer declarações na imprensa, que merecem ser levadas em atenção:

 

Jornal O Mirante, 11 de Março de 2010 (ver notícia)

 “(…) Vivemos uma situação dramática de sobrevivência no jornalismo onde os jornalistas pedem a demissão do primeiro-ministro porque lhe cortaram o artigo. Se não existisse liberdade não estaríamos aqui a conversar. Eu sou do tempo em que não podíamos falar alto, em que existia, realmente, censura. O que existe hoje é um conflito entre os media e a política.”

“O ex-ministro de Estado e da Presidência, Nuno Morais Sarmento (PSD), achou que o meu programa era muito caro e disse-o publicamente, e o “Acontece” acabou. Isso é que é usurpação de poder. E ninguém mandou o país parar como acontece actualmente com o caso de Manuela Moura Guedes. O Governo não manda no jornalismo. O que se passa são pequenas histórias de vedetas”, acusou o jornalista que confessa ter saído magoado da televisão.”

 

- Diário de Noticias, 18 de Março de 2010 (ver notícia)

 

À pergunta: Que opinião tem sobre as alegadas interferências do poder político nos media?

Respondeu: “Nenhum caso dos que se fala agora foi tão flagrante como o caso Acontece. Nesta onda de acusações sobre a entrada do poder político nos media, ainda não ouvi ninguém falar, nem sequer colegas, sobre o que o ministro Morais Sarmento fez ao meu programa. Há apenas um enorme alvoroço. Ainda não vi nenhum sinal concreto de dedo directo do poder político dentro dos media que se dizem visados”.

 

Importa ainda lembrar que Morais Sarmento esteve envolvido na saída do Marcelo Rebelo de Sousa da TVI….

 

 

 

Mas é o PSD que tem no seu curriculum o fim efectivo de um programa de televisão….

 

 

 

Estes casos de intromissão por parte do poder político/Governo nos órgãos de comunicação social, não é um caso novo, sempre houve, e sempre vai existir pressão e mesmo ingerência, porque é sempre muito apetecível o controlo de tudo e de todos, e a comunicação social é sempre um alvo natural…. Mas, não devemos esquecer que a comunicação social, por sua vez, também tem as suas ferramentas e sabe usá-las habilmente… não nos iludamos.

 

 

 

No passado recente foi o PSD, hoje é o PS, amanhã se verá… é um jogo que é jogado à vez!!!

 

"Veritatis simplex oratio"