P&O na Planície: Bom Fim de Semana 88
P&O na Planície: Bom Fim de Semana 88 = É encantador o momento em que as vaidosas nuvens fazem da água seu espelho. Porém, há nuvens ao mirarem a sua beleza nas águas descansadas na limpidez suscitam repulsa e enfado a quem as observa:
(i) para homenagear as vítimas do incêndio de Pedrógão Grande irão ser gastos 1,8 milhões de euros num memorial imaginado pelo arquitecto Souto Moura. As pessoas enlutadas e as que perderam as suas casas, os seus sustentos não precisam de homenagens, precisam de ajuda. Há famílias que só conseguiram reconstruir as casas de família, os seus negócios pois tinham seguros. Vão ser desbaratados 1,8 milhões de euros num memorial quando não indemnizaram justamente quem perdeu o que tinha juntado com sacrifício. Ira é o que sinto. Não me canso de escrever: 1,8 milhões de euros para construir um lago muralhado com 1,5 metros de profundidade em homenagem às vítimas ou será para exaltar o arquitecto e promover mais uma cerimónia de corta-fitas com os governantes que tiveram responsabilidade antes, durante e depois do fatídico incêndio de 2017?
O memorial podia custar 50 euros que já era um insulto para quem fez a candidatura aos apoios para reconstruir as suas casas e viu-se excluído por critérios que o bom senso não consegue justificar tal decisão. E depois vão ser gastos 1,8 milhões de euros não para homenagear, mas para dar a amarga lição que para coisas supérfluas há sempre dinheiro. A maior homenagem teria sido a ajuda sem compadrios.
Ainda há quem aceite apoiar esta ignóbil fantochada à la socialista sem ficar roxo de vergonha.
(ii) Na economia onde impera a lei da oferta e da procura tardava a não existência deste serviço no mercado que felizmente alguém se lembrou de colocar disponível: com a módica quantia de 40 euros é possível comprar um certificado de deslocação entre concelhos. Tudo certo, portanto, o mercado a funcionar: o consumidor pretende um serviço/produto e o empreendedor/empresário duvidoso cria esse capricho para ir de encontro ao que o consumidor quer/precisa no momento. Espera-se que o caprichoso irresponsável ao gastar 40 euros no certificado falsificado não desequilibre o complicado orçamento familiar em tempo de pandemia. Se tiverem o saldo bancário de uma das herdeiras da Corticeira Amorim comprem muitos certificados, têm de ser estes sujeitos a manter a economia paralela.
Gostava de saber o que move estes indivíduos a seguir o caminho da ilicitude. O comprador e o facilitador deste esquema, que são os dois iguais: com patologias que deveriam ser estudadas.
As nuvens negras a reflectirem-se maldosamente no espelho de água e nós de mãos e pés atados sem conseguir mudar o rumo dos acontecimentos.