P&O na Planície: Bom Fim de semana 140
P&O na Planície: Bom Fim de semana 140 = Fui votar. A minha mesa de voto mudou de edifício por conta dos cadernos eleitorais estarem online, era preciso encontrar um local com wireless para o portátil ter acesso à Internet. Esta formula aplicada às eleições europeias deveria ser seguida nas eleições para presidência da República. Sabendo que nas legislativas e nas autárquicas os boletins de voto diferem de círculo eleitoral e de municípios/freguesias respectivamente torna-se difícil de aplicação deste método só quando estiver o voto online em execução. Se assim fosse, a taxa de abstenção baixaria muito, consequentemente os resultados eleitorais estariam em real conformidade com as escolhas partidárias, bem como o Parlamento português, por exemplo, os cidadãos portugueses estariam representados de forma efectiva e não apenas uma franja da nossa sociedade, uma vez que, a grande maioria não está interessada em votar e o sistema para o fazerem não é atractivo.
Comecei por escrever que fui votar. Correu lindamente o processo. Cheguei e não tinha ninguém na sala. Facultei o cartão de cidadão, sem saudade nenhuma, pois tinham entoado alto o meu nome completo há meia dúzia de meses, a diferença desta vez foi a leitura do chip do meu cartão de cidadão no dispositivo adaptado no portátil. Lá veio a conversa "a Internet está lenta", e a dita senhora distraída no telemóvel a ver não sei o quê à procura de não o quê para o qual ninguém tinha perguntado. Vidas. Para além, do responsável da mesa chamar a atenção se já podia tirar o meu cartão e quase quase confundia o meu nome com outro, foi por um triz que outra ficava impedida de votar.
Ainda cá vou: a internet está hoje e estará sempre, dado ser um grande problema a deficiente cobertura de sinal disponibilizado aos consumidores de forma leviana pelas operadoras de telecomunicações. Pagamos muito para termos um mau serviço. Encolhe-se os ombros e as "fornecedoras da Internet" vão divulgando aqueles spots publicitários de velocidade assombrosa de upload e download apenas os fantasmas conseguirão usufruir. Está tudo bem no Reino de Portugal e dos Algarves.
Não tirei uma fotografia ao boletim de voto cinzentão como é o nosso. Viram o dos nossos colegas latinos italianos? Um boletim giríssimo cheio de cores garridas onde predominava o rosa vivo. Aquele boletim é que dá vontade de fotografar e mostrar ao mundo a alegria de ver a cruz no meio de tanta cor. Nem dinheiro para a tinta temos para os símbolos dos partidos deixarem de apetecer a preto e branco. Pobreza de espírito, tio Alfredo.
Adiante. É uma parolice as figuras conhecidas da nossa praça do comércio das redes sociais fotografarem a folha com o nome de todos os partidos candidatos a uma eleição. Piroseira. "Já votei e tu já foste votar?", "Não deixes de votar" blablablaaaa. Gente que coloca a cruz no PS e no Bloco de Esquerda e depois gostam que as tratem com os verbos conjugados na terceira pessoa do singular sempre a tentar que a voz saia com a marca das fossas nasais. Um tédio. E que gostam muito de chamar de povinho cujo o voto recai nos mesmos partidos onde elas votam, porém não admitem. Não é só a gente do povo que gosta de ter subsídios estatais, estas da praça do comércio das redes sociais também, só que se intitulam de avençadas. É mais "chique a valer" já dizia o Dâmaso Salcede persongem da grande obra de Eça de Queirós. Prefiro ilustrar o dia de hoje com uma fotografia com um sinal de estacionamento proibido absurdamente estacionado no tronco da laranjeira. O repto do Excelso Presidente da República: “Não votar é metermos a cabeça na areia”, faz sentido e não faz sentido. Ora muitos cidadãos vão votar com a cabeça enfiada na areia, e outros que votam tiraram literalmente a cabeça da areia e não vêem que lhes estão a vender a banha da cobra. Os portugueses estacionam os automóveis em locais proibidos, dispensava ser também um traço de personalidade o facto de não estacionarem bem os ideais políticos sob pena de andarmos sempre a marcar passo na política interna e externa.
Eu não crítico quem vai e quem não vai votar. Cada um sabe as razões de ambas decisões. Eu não gosto é das fotografias do boletim de voto, sou frontalmente contra. O resto é o resto.
A minha cabeça, como podia terminar sem mencionar a falta de chá de alguém que era Primeiro-Ministro há poucos meses a ter destaque como comentador de umas eleições para as quais é um dos principais interessados em arrancar a ferros um cargo europeu. Um comentador em causa própria. A Ética, a responsabilidade de afastar-se do comentário da vida política portuguesa que até há poucos meses era o principal influenciador no rumo das decisões governativas consumadas em Portugal. Asco.