P&O na Planície: Bom Fim de Semana 124
P&O na Planície: Bom Fim de Semana 124 = Com letras gordas numa caixa de texto a ocupar metade da capa do Tal & Qual faz manchete: "O engate gay regressa em força". Será que devemos agradecer esta informação que "engataram com força"? Fiquei banza! Deixem os gays engatarem à vontade. Devo alertar as mentes beatas deste jornal que estão a levar a cabo uma enorme acção discriminatória, pelo facto de apenas destacarem uma das orientações sexuais que existem. Esqueceram-se de anunciar o engate sem freio dos machos latinos bem casadinhos com a bênção do padre que têm agitado a noite e as madrugadas por estes dias de soltura das medidas covid.
Para desanuviar destas mesquinhices, fui comprar caramelos à Espanha, fiquei a saber que as meninas e os meninos call center terão de atender a chamada do cliente "num tempo máximo de três minutos em serviços gerais de informação, reclamação e pós-venda". Aqui ouvimos a música irritante à espera que alguém nos atentada, isso pode demorar uma hora, ou seja, é até que se excedam os minutos máximos que a chamada tem sem se desligar. E que remédio temos em ter de repetir a tortura até que alguém do outro lado nos atenda e rara é a vez que ficamos com o problema resolvido ou com os procedimentos concretos para que o dito cujo seja solucionado. Quando ia pagar os caramelos também fiquei a saber que o galês Gareth Bale jogou sete minutos na liga dos campeões, tendo o Real Madrid vencido a liga milionária do futebol, somou mais uma orelhuda no seu palmarés perfazendo cinco ligas dos campeões no total. Como passou a maior parte da temporada a aquecer o banco de suplentes deve estar com muita energia, sei que também teve algumas lesões é certo, para ajudar a sua selecção de País de Gales. Eu em Espanha e ele a caminho de Portugal para se juntar aos seus companheiros de selecção que estavam no Algarve de partida para a Polónia. Quase de abalada para o país da Barragem de Alqueva enquanto desembrulhava um caramelo leio no telemóvel a seguinte: "Segundo a AOA, a possível transferência para a cidade espanhola de Sevilha dos serviços de radioterapia atualmente prestados na Clínica de Radioncologia do Algarve, em Faro, na sequência de um concurso público internacional, é "um grave atropelo aos direitos dos pacientes oncológicos" da região." Dominam o Baixo Alentejo no cultivo de olival e amendoal, agora querem instalar-se no Algarve explorando a fraqueza dos serviços de saúde naquela região serem deficitários. Devemos temer mais esta "operação" por parte dos espanhóis?
Chegada a Portugal nem o doce dos caramelos suplanta a minha amargura. Ora vejamos: somos um país que planeamos as nossas reservas de mantimentos nacionais com um método de fazer inveja à Alemanha, segundo a ministra da agricultura temos: "A reserva, que antes era para 15 dias, neste momento está para um mês." Antes tínhamos trigo em stock para quinze dias, no ministério cometeram a loucura de mandar somar mais quinze dias, logo temos farinha para um mês, sendo um país que consome pouco pão ou massas acho que os quinze dias de avanço chegavam e sobravam. Reservas de cereais para trinta dias é um exagero nunca visto em todo o mundo. Duplicaram os dias, dizem eles, envaidecidos pela brilhante tomada de decisão. Acho que ainda vamos aproveitar a oportunidade de negócio que se abriu para exportar as duas semanas extra de stock de trigo. É preciso ser-se muito maldoso para não ver que estamos com excesso de trigo armazenado em território português.
O pensar a curtíssimo prazo sempre foi a bandeira de outros, mas mais vincadamente dos Governos de António Costa.
Com posição contrastante temos: "Governo alemão aconselha população a armazenar comida para 10 dias." Alguém do governo português nos sensibilizou que deveríamos aumentar as unidades dos alimentos não perecíveis na nossa despensa?
(Para mim este conselho não o seguiria, pois a minha despensa tem sempre reserva para muito mais de dez dias. Está planeada para mais de um mês de auto-suficiência. Assola-me sempre o pensamento de uma guerra a todo o momento ou a eventualidade da escassez de alimentos. É uma obsessão controlada que traz muitas vantagens. Por exemplo, durante as restrições de mobilidade que atravessámos com a pandemia do vírus Sars-Cov-2, nunca me preocupei com as compras, tinha mais do que suficiente para estar mais de dois meses sem ir às secções dos alimentos não perecíveis, detergentes de limpeza e higiene pessoal para apenas ir às secções dos iogurtes, fruta e legumes.)
Não interessa para que lado olhe só vejo buracos. Buracos no conhecimento, buracos no carácter, buracos no profissionalismo. Buracos, esses, difíceis de disfarçar e tapar. São os buracos que caracterizam a forma de governar, a forma de olhar para o nosso semelhante. O desenvolvimento de Portugal está dentro de um buraco e não vislumbro quem o possa resgatar de lá.
A nossa sina é viver de buraco em buraco até ao buraco final.
p.s. no primeiro fim de semana de Maio marcado pelo Jubileu da Rainha Elisabeth II é obrigatório escrever duas notas breves. A primeira é: o Príncipe Charles não apareceu de bengala por vergonha. Parece que enquanto espera pela coroação andou a afagar o chão e as escadas do Palácio de Buckingham. Está muito "estragadito" o sucessor do trono, com 73 anos faz menos figura do que a sua mãe com 96 anos.
A segunda nota é para a Clara de Sousa. Para a guerra não quer ir, mas para cobrir o evento do ano no Reino Unido já quer. Quem não está preparada para ir cobrir guerras, também não está para acompanhar uma cerimónia com muitos detalhes históricos onde é preciso apresentar um nível cultural elevado que pressupõe muito estudo e sistematização de informação histórica relevante. Assim, foi um desastre o trabalho realizado, limitou-se a ser um pivô na varanda de um hotel a preconizar momentos banais de conversa. Depois destrai-se conduzindo os blocos de emissão para o género de conversa de esplanada: que interesse tem o facto que foi assistir a um concerto dos Duran Duran em Portugal quando era jovem?
Ser pivô é já a sua segunda pele. Não é problema. Não critique é quem é pivô e gosta de quando em vez despir o traje de gala para ir para o terreno cobrir acontecimentos onde pode ser uma mais-valia para imprimir sobriedade e rigor à filtragem que o acontecimento deve ou pode ter, nunca desviando do objectivo de informar e não dar opinião sobre a informação obtida. Cabe ao telespectador formar a opinião. Ler noticias e ou corrigir os textos do teleponto qualquer um pode fazer, agora ser uma repórter, uma jornalista que procura momentos de reportagem para mostrar, informar o telespectador, onde é necessário descer do salto, criar empatia no fundo estar onde está a notícia é algo que a Clara de Sousa perdeu ao longo dos anos que esteve fechada no estúdio. Se é que alguma vez teve esse bichinho de contar histórias, factos investigados e trabalhados por si.