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Perspectivas & Olhares na planície

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P&O na Planície: Bom Fim de Semana 104

20210827_194711.jpgP&O na Planície: Bom Fim de Semana 104 = Francisco Pinto Balsemão monopolizou os primeiros dias de Setembro.  Dias que antecederam a Festa do Avante 2021; não podia ter melhor manobra de diversão para desviar o foco, ainda em plena pandemia, a realização de um certame político-partidário. As normas da DGS estarão a ser cumpridas não religiosamente, já sabemos que apenas veneram e prestam culto aos seus  líderes comunistas, mas com esmero de um herege.

(Por segundos, senti pena dos prejuízos que a Festa do Avante contabilizou em 2020. Segundos fugazes,  pois lembrei-me que não pagam impostos do vasto património imobiliário que acumulam a pretexto de todas as casas serem "centros de trabalho" para manifestações políticas.)

Não sei se era saudade ou se foi o Marcelo Rebelo de Sousa que ligou todas as televisões em casa, o que é certo, é que a sua entrevista no programa conduzido pela Fátima Campos Ferreira foi vista por mais de 645 mil pessoas,  o que contribuiu para que o programa de conversas "Primeira Pessoa" ter sido o mais visto de sempre. O antigo primeiro-ministro ainda suscita interesse na população portuguesa, capaz de oferecer grande audiência à estação pública. 

O programa pretende que seja uma conversa intimista sempre em locais simbólicos e marcantes para o convidado e assim fluir as memórias,  as recordações de forma informal (com o guião preparado pela jornalista, evidentemente).

Como as férias, o que é isso? São o tema central nas pausas para dar à língua no início de Setembro; isto e os vales para obter os livros escolares, também não padeço dessa preocupação, e uma vez que ninguém lê livros normais de literatura, peno um bocado. É só livros de dietas milagrosas ou daqueles escritos numa espécie de linha de montagem de uma fábrica de automóveis: descobre o teu eu emocional (?!), 3001 forma de atraíres a felicidade (pensava que era casar com um dono de uma plataforma de petróleo), começa a criar o hábito de pensar para se ficar rico (penso tanto e...  continuo pobre. Eu acredito é que quem enriquece é quem tem amigos na política para fazer negociatas com o dinheiro público); logo, reduzo ao mínimo as minhas hipóteses de manter um diálogo interessante e pertinente. Na tentativa de não ser apenas ouvinte na conversa de chacha entre colegas, decidi ver o programa Primeira Pessoa, na RTP Play, uma vez que muita gente viu o Chairman do Grupo Impresa, presumo que alguém do meu círculo de convívio (forçado) tenha visto também. 

A entrevista teve dois momentos distintos: quando Pinto Balsemão recordou os momentos em família,  relatou-os com muito entusiasmo e grande à vontade, apenas fechou o semblante quando se referiu à mágoa de os filhos não perguntarem histórias sobre a sua infância.

O segundo momento deu-se quando a jornalista fazia perguntas sobre situações da sua vida enquanto político (explanadas no livro de "Memórias" que entretanto publicou), aí demonstrou enfado arrogante, desinteresse, respondia com esforço e com pouco à vontade sempre utilizando frases lacónicas e  superficiais com cinismo à mistura. Este comportamento de pouco promover as suas peripécias enquanto político teria o intuito de aguçar o interesse do telespectador para adquirir a autobiografia? Não sei, é uma conjectura minha. 

O ponto alto, pela negativa,  aconteceu na sequência de a Fátima Campos Ferreira fazer enaltecer  que o entrevistado fizera uma abordagem de apontar os resultados práticos, desvalorizando as ideologias e/ou os princípios morais sobre os mandatos presidenciais de Marcelo Rebelo de Sousa; incomodado com a insistência provocatória, à qual o Pinto Balsemão retorquiu com a afirmação: "se lê, posso dizer que não é analfabeta." Foi rude e muito deselegante.

O ponto alto, sem surpreender, foi associar a fábula do escorpião e da rã à pessoa que escreveu certa vez que, ele, o dono do jornal, "estava lélé da Cuca". É alguém que não se pode confiar, nunca. Não disse nada de novo,  porém não perdeu a oportunidade para silenciar uns dias o seu arqui-inimigo. Como revelou:  gosta de ter os inimigos, os que traíram, por perto para quando existir a oportunidade fazer um ajuste de contas.  O Presidente da República ainda não pode estar descansado, pois foi uma bicada ligeira na imagem impoluta que pretende instituir nas enciclopédias da história política de Portugal,  principalmente na memória dos portugueses. 

No Palácio de São  Bento, o Primeiro-Ministro António Costa homenageou com toda a pompa e circunstância o Francisco Pinto Balsemão, sendo também o 43.° mais poderoso de 2021, esqueceram-se foi de uma condecoração qualquer, como é usual distribuir quem ocupa os vários órgãos de soberania. 

Por uma questão de estar correcto nestes eventos sociais de carácter oficiais de um Estado,  convida-se as pessoas inconvenientes, cabe depois ao convidado aceitar ou não. Ou seja, o Presidente da República aceitou o convite.  O homenageado, maliciosamente, agradeceu a presença do seu velho conhecido traidor.  Este por sua vez, não se fez notar, saiu de fininho sem criar novos capítulos à história.  Jogada de pura táctica: um quer sempre os inimigos debaixo de olho,  o outro pretende sempre quem o possa ofuscar e tirar o palco das luzes da ribalta se sinta que está presente para preparar o "terreno" para atacar, mais tarde. 

A autobiografia Memórias evidencia que Francisco Pinto Balsemão nas várias vidas vividas conjugadas separada ou isoladamente nas suas diversas vertentes (família, comunicação social, empresas e política) ao longo destes 84 anos foi um homem solitário rodeado pela imensidão, tal como a fotografia protagoniza: um tronco de árvore sozinho rodeado de água.

 

 

 

 

 

 

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