Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

P&O do Passado VIII (adenda com actualidade)

A emigração portuguesa (1872)

 

“A emigração, entre nós, é decerto um mal.

Em Portugal quem emigra são os mais energéticos e os mais rijamente decididos; e um país de fracos e de indolentes padece um prejuízo incalculável, perdendo as raras vontades firmes e os poucos braços viris.

Em Portugal a emigração não é, como em toda a parte, a transbordação de uma população que sobra; mas a fuga de uma população que sofre. Não é o espírito de actividade e de expansão que leva para longe os nossos colonos, como leva os ingleses à Austrália e à Índia; mas a miséria que instiga a procurar em outras terras o pão que falta na nossa.

Em Portugal a emigração, tomando o rumo dos países estranhos, contraria a necessidade urgente de regularizar interiormente uma emigração de província a província.

Em Portugal a emigração não significa ausência – significa abandono. O inglês, por exemplo, vai à Austrália e à América fazer um começo de fortuna – para voltar a Inglaterra, casar, trabalhar, servir o seu País, a sua comuna, trazendo-lhe o auxílio da vontade robustecida, da experiência adquirida, do dinheiro ganho: para Portugal, o emigrante que volta, provido de boa fortuna, vem ser um burguês improdutivo, uma inutilidade a engordar.

Enfim a emigração é má […].

 

E o Governo, a opinião, admiram-se! Mas onde pode a plebe ganhar o pão? […]

Que querem os senhores que se faça num país destes? Sair, fugir, abandoná-lo! […]

E no entanto, perante a emigração crescente, que faz o Estado, a imprensa, a opinião?

Uma população de trabalhadores, operários, proletários, pede trabalho – senão emigra. […]

Mas, enfim, temos a opinião e a imprensa confessando que a vida é extremamente difícil em Portugal, e que a acção natural que todo o cidadão português deve ao seu País – é abandoná-lo.”

 

Eça de Queirós, Uma Campanha Alegre

 

A emigração portuguesa (1930 a 1972)

 

“As causas da emigração não devem ser procuradas num «sector em crise» ou numa «região desfavorecida», mas na estrutura da sociedade portuguesa, em todos os sectores económicos e na política económica seguida.”

Carlos Almeida e António Barreto, L’Émigration Portugaise

 

“Com uma densidade de população moderada, um solo inteiramente ocupado (excepto alguns sítios mais elevados e os areais da beira-mar), uma agricultura pobre e uma indústria reduzida, a população portuguesa vive dentro de horizontes de trabalho apertados; em relação aos recursos, a pressão demográfica é muito forte e a emigração aparece como seu inevitável remédio.”

Orlado Dias

 

“Os homens válidos abandonam os campos e as cidades […] e instalam-se […] além-Pirenéus. E o que esse êxodo põe em causa é, a um mesmo tempo, a agricultura e a indústria, os campos e as cidades, o rendimento nacional, a produtividade de cada indivíduo […].”

Joel Serrão, Emigração Portuguesa

 

Nós sabiamos que o Governo Passos Coelho/Portas gosta de esconder estatísticas que não os beneficia, no entanto temos tido poucas provas. Fazem o "serviçinho" bem feito. Porém, desta vez há provas concretas: 

Governo corta verbas a Observatório por ter revelado números da emigração

 

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.