Para quem acha que o dia 25 de Novembro de 1975 não teve importância
Recordo um excerto do texto: Olhar: 25 de Abril de 1974 / Perspectiva: 40 anos de democracia (publicado a 29 de Abril de 2014):
(...)“O 25 de Novembro, implicou algum esforço de contenção, superando-se as ameaças esquerdistas e o aproveitamento da direita e da extrema-direita. Na altura, pensei que o 25 de Novembro era apenas uma manifestação de rebeldia por parte dos para-quedistas. Agora, a posteriori, analisando as acções passadas e, sobretudo, as reuniões levadas a efeito para se fazer face a um golpe, parece pois que o 25 de Novembro, se não foi provocado, foi pelo menos muito facilitado por alguns grupos que pretendiam realmente a definição de situações e o afastamento de determinados elementos, não apenas militares, mas também políticos que, na altura, detinham uma certa preponderância.”
[Experiência na Presidência da República de Costa Gomes]
Clarificando: a estabilização da democracia em Portugal foi um processo dramático e a guerra civil esteve em iminência. Desde os governos provisórios que em vez de constituírem um elo de apaziguamento e democratizador – imagine-se – eram antes piromaníacos da ordem e serenidade públicas, passando pelos desvarios do PREC (Processo Revolucionário em Curso) que compreendeu, de entre muitas iniciativas: as nacionalizações selváticas de grupos económicos, a famosa reforma agrária, os saneamentos prepotentes e perseguições a empresários, ou seja, assistiu-se a uma crescente afirmação da esquerda revolucionária no aparelho do Estado, que desembocou no Verão de 1975 – os tempos do Verão Quente – e numa ameaça de guerra civil. Este período da política extremista e agitação social causada pelo mando de Otelo Saraiva de Carvalho e Álvaro Cunhal era de tal gravidade que Sartre referiu que Portugal parecia um manicómio em autogestão.
Finalmente, a 25 de Novembro de 1975 as forças políticas moderadas venceram e a democracia entra na fase de velocidade de cruzeiro e para isso muito contribuiu o movimento de oposição à radicalização política – Documento dos Nove liderado pelo Major Melo Antunes – e a intervenção do Presidente da República Costa Gomes, pois, consta-se que a 24 de Novembro o Presidente de então reuniu com Álvaro Cunhal e o que fica claro é que o confronto que estava a ser organizado pelo Otelo Saraiva de Carvalho para o dia seguinte (25 de Novembro), não obteve a colaboração prometida do Partido Comunista. (Ler o texto completo aqui)