O Primeiro-Ministro no concerto dos Coldplay...
...Ter maioria absoluta é assim: moam-se portugueses, seus parolos, eu estou a divertir-me e a marimbar-me para vocês.
Entretanto, os portugueses, não os portugueses que votaram nesta corja socialista, estão a assistir ao concerto desafinado dado pelo João Galamba.
Os primeiros comentários a quente:
1. O Galamba não sabe nada do dossier da TAP. Por isso, as perguntas, ainda bem para ele, são sobre as cenas dos recreios agitados do jardim de infância que supostamente lidera e das anormalidades de abuso de poder e de opacacidade laboral que entende ser procedimentos normais;
2. A Chefe de Gabinete que foi assessora de José Sócrates é a mãezinha do Galamba no Governo: trata de tudo, decide tudo;
3. O Ministro das Infraestruturas nunca está presente: ora está em casa, ora está numa reunião qualquer, ora não sabe, ora não conhece. Só sabe fazer report. A sua chefe de gabinete, para variar é como Deus: é omnipresente, omnipotente e omnisciente;
4. O João que podia ser José e que podia ser Sócrates em vez de Galamba tem dificuldades com as horas. São muitas horas para decorar no decorrer da colocação dos pés pelas mãos. Não terá sido abandonado na maternidade pelo José Sócrates? Os gestos, o tom de voz, a reação facial e consequente respostas às perguntas têm tantos traços comportamentais de José Sócrates. Se calhar nem os filhos terão tantas parecenças com o ex-primeiro-ministro;
4. "Não é jurista", "não é informático" e não é Ministro, comprovo com o facto de estar constantemente a mencionar: 《a minha chefe de gabinete》 leu, opinou, redigiu, telefonou, decidiu, fez;
5. Na famigerada noite que deveria ser para colocar na jarra os cravos sobrantes da Festa da Liberdade, para o Galamba foi uma noite de faca e alguidar. Telefonou para quase todos os membros do Governo, para a PSP, para a PJ. Pergunto: terá ligado para a esposa? Ou para o José Sócrates? Ou para o Super-homem? Ou para o James Bond? Para mim não ligou, tenho pena. Teria todo o gosto, tal como ele diz ter 《todo o gosto em responder aos deputados》, em ajudar a desenrascá-lo do "enrascanço" em que se meteu. A ministra da agricultura mais uma vez não foi tida nem achada. É triste. Mas é o que é;
6. Irritantemente limpa os cantos da boca. Tem uma incessante preocupação em saber se o nariz não está a crescer. 《É pá》, como disse amiúde durante a CPI, foi em demasia a mão a procurar o nariz. Esta atitude revela que está a "pregar" mentiras a torto e a direito;
7. Ad nauseam repetiu: a minha chefe de gabinete, amplamente, o report que me fizeram, não menti, não me recordo.
8. Apelou à emoção ao frisar que foi ameaçado pelo rapaz da bicicleta. De emoção em emoção foi fazendo telefonemas e aproveitando que estava no Ministério despachou trabalho em atraso, mas sempre de olho no propósito que o fez ir ao gabinete depois de jantar: salvar o que só conseguiu afundar. Parece que houve lágrimas, empurrões, nódoas negras, todavia ora dizem que há imagens, ora dizem não haver. Toda a gente sabe que só no programa Big Brother colocam câmaras de vigilância na casa de banho;
9. A Esquadra da PSP esteve ao rubro recebeu, pelo que percebi, seis chamadas, todas oriundas do Ministério das Infraestruturas. Mas, o rapaz da bicicleta, a qual ficou impecável mesmo lançada a uma janela do edifício, é das boas, sendo assim, abalou com o portátil nas barbas dos agentes da PSP. Ai as autoridades. O SIS sim, é que fez bem o trabalho, dizem todos os pertencentes à corja. E que dizer deste pormenor: um ficou sem o histórico das mensagens, o Galamba apagou-as, achou que eram irrelevantes. Claro que são. Numa delas perguntava quantas resmas de folhas da Navigator gastaste do Ministério?
10. O João Galamba caiu na ratoeira das perguntas iniciais do deputado do Bloco de Esquerda, chamou o André Ventura muitas vezes, acabou por ser entalado por ele. Chegou nervoso, em momentos que a cólera subia, mastigava com alguma irritação as palavras. Conseguiu o que queria: lançar mais dúvidas. O relato dos acontecimentos ficou mais confuso, tornando-os num emaranhado de informação e contra-informação que será difícil de apurar a realidade. As mentiras e as verdades fecundaram, nascerá daqui uma lenda.
11. Termino com:
Galamba dixit: 《Construir a verdade dá trabalho》.
E com o diálogo:
Galamba: – Preciso de fumar um cigarro.
Presidente da CPI: – Claro Senhor Ministro, pela sua saúde.