O Outono aportou!
José Malhoa, Outono
“O equinócio de Setembro faz-me lembrar os cães das praias, oxidados do Outono, a trotarem pela areia deserta em manadas cabisbaixas, lambendo as algas, os pedaços de madeira, os desperdícios que as ondas devolvem e recusam, fragmentos de pomo, bichos, conchas. Os cães lambem as algas e os desperdícios, roçam uns nos outros os flancos magros salpicados de crostas de feridas, os banheiros recolhem os últimos toldos que ninguém usou, a água possui a tonalidade rósea de um dorso de criança, a respirar a medo nos limos da muralha.”
António Lobo Antunes, Conhecimento do Inferno