O Natal em drive-in
"Não é ao Presidente da República que compete conduzir o jogo político, mas tão-só arbitrá-lo, segundo as regras constitucionais."
Mário Soares
"Se for preciso repensar o Natal em família, repensa-se. Não pode ser com 100 pessoas em família, com 60, 50 ou 30. Se for preciso divide-se o Natal pelas várias componentes da família". Foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa inaugurou a época festiva que se aproxima acompanhando os recentes panfletos promocionais dos supermercados e lojas que divulgam as tendências de decoração natalícia conjuntamente com os doces para colocar na mesa de Natal. Registei.
Também registei que o Presidente da República anunciou que o Governo vai apresentar nos próximos dias medidas para mitigar o alastramento dos casos positivos à Sars-Cov-2.
O Governo teria essa intenção ou foi uma forma de condicionar e forçar o executivo de António Costa a tomar medidas?
A campanha eleitoral começou em Janeiro de 2020 para o Marcelo Rebelo de Sousa e mais parece uma campanha para ser o próximo Primeiro-Ministro de Portugal. Em vez de dissolver a Assembleia da República para demitir este governo incompetente e perigoso assumiu como táctica a ingerência. Papel esse que está a desempenhar exemplarmente.
Tivemos uma época balnear "condicionada" por semáforos. Verdade seja dita que em muitas praias ver o sinal vermelho de lotação esgotada era tão respeitado como respeitamos as decisões dos árbitros quando prejudicam o nosso clube do coração! Ou seja, zero de respeito.
A pandemia sanitária foi de férias no Verão, como todos sabemos. O presidente deles e o chefe do governo dos outros oficializaram as sessões de esplanada com uma bica acompanhada com um pastel de nata. Seguiram-se os constantes e alucinantes convites às férias no Algarve, no Alentejo. Foi um mimo vê-los: Marcelo estendido na areia, o Costa sentado na espreguiçadeira debaixo do chapéu de sol! Se bem que o Marcelo goleou o Costa no que concerne ao gozo de férias: desfilou entre mar, rio, e piscina uma colecção completa de calções de banho quase sempre a mostrar os abdominais que não são o tanque da minha mãe para lavar a roupa, mas não estão muito maus para a idade. O António Costa preferiu andar de paletó para esconder a barriga redonda a copiar o tambor da máquina de lavar roupa.
Depois das pequenas e grandes loucuras cometidas: a concentração da CGTP no dia do Trabalhador, os BBB (baptizados, bodas e banquetes), a Festa do Avante ou o ajuntamento em Fátima e mesmo os parques de campismo apinhados de caravanas manda-nos repensar o convívio familiar no Natal.
A pensar, repensando: os semáforos ainda estarão disponíveis nas praias? Pode ser uma hipótese a equacionar a comemoração do Natal de 2020 debaixo de um toldo numa praia algarvia qualquer. Seria giro a avó Florência agarrada à perna de peru com os pés enfiados na areia e a neta Carlota a limpar os dedos engordurados e cheios de açúcar ao vestido xadrez vermelho depois de comer uns deliciosos coscorões (para mim filhós...).
A pensar, repensando: será que o PCP podia ceder a um preço verdadeiramente comunista a quinta da Atalaia para várias famílias fazerem a consoada de Natal?
Também não é mal pensado o recinto onde foi a Feira do Livro de Lisboa que me parece um local interessante para abancar a comer o tradicional "bacalhau com todos" e a olhar para o céu estrelado deitados na relva à espera da distribuição das prendas.
Não sei a razão, mas a intenção de se repensar a chegada do Pai Natal – para os devotos: o nascimento de Jesus–, pode estar relacionada com o tempo necessário para preparar a logística de um fabuloso Natal em drive-in. Quem poder alugar uma caravana e tiver sítio para a estacionar sem praticar o caravanismo selvagem seria o ideal. Como não se pode ter tudo. O Natal em drive-in vai ser mesmo com os próprios carros que estão registados nas finanças! Este conceito inovador, que se espera que seja exportado para outros países, vai ser a completa loucura. Todos dentro do carro a conversar de boca cheia de azevias via whatsapp. Vai ser memorável. Momento sempre supervisionado pelo olhar emocionado dos familiares mais velhos que estão em casa à janela ou ao postigo da porta.
A vantagem do Natal em drive-in é que quando começarem as picardias, as famosas questiúnculas familiares que ganham viço nestas ocasiões de reunião familiar, numa questão de segundos coloca-se o carro em andamento para rapidamente fugir da gritaria e só regressar para o Natal de 2021.
Espero que o Marcelo tenha um espacinho na sua agenda e venha participar no Natal em drive-in da minha família que como não pode fugir à regra também tem momentos de frisson, mas que passa com o trinchar do emblemático peru recheado confeccionado pela chefe desta "banda": senhora minha mãe!
O nosso Fernando Pessoa vos acompanhe:
"Que a fé seja sempre viva.
Porque a esperança não é vã!
A fome corporativa
É derrotismo. Alegria!
Hoje o almoço é amanhã!"