O Fernando Pessoa fisgou a "Marena"
Para estes lados do meu Baixo Alentejo é muito comum dizer-se: "dói-me a espinha", quando o que lhe dói é a coluna vertebral. Na escola aprenderam o corpo humano, mesmo quem nunca se tenha sentado na carteira a olhar para o quadro negro de ardósia sabe que não é espinha aquilo que inflige dor, dizem por hábito. São esses hábitos linguísticos que mantêm viva a memória oral e as peculiaridades das gentes de um interior esquecido.
Mas, a "Marena" num assunto de Estado, com as suas vastas habilitações literárias, deveria estar a altura da sua função num órgão de soberania nacional e não utilizar termos populares desnecessariamente. Mesmo sendo metafórico, no entanto, os Ministros têm ossos, não têm espinhas, tal como a "Marena". Se os queria atingir deveria ter dito a expressão: o Ministro não tem coluna vertebral. Aliás, interpretando à letra "os ministros sem espinha" de facto escreveu uma verdade: o pedido de reembolso do repatriamento foi sem dificuldade, sem complicações, sendo óbvio que conhece o Regulamento Consular (Decreto-lei n.° 51/2021) e certamente assinou uma declaração a comprometer-se o pagamento ao Estado das despesas consulares para reverter a dita detenção e retorno a Portugal.
A "Marena" quis ser poeta, é impossível não trazer à liça o primeiro verso da Autopsicografia do imortal Fernando Pessoa: "o poeta é um fingidor", o espanto foi fingido, pois sabe a deputada única do bloco de esquerda quando aceitou ser repatriada, logo não foi presente a Juiz, Israel não iria pagar os custos do regresso. Mais, não sendo uma missão diplomática e/ou oficial, mas sim pessoal, o Estado não é obrigadado a custear as despesas, sendo visto como um auxílio extraordinário tendo em vista as circunstâncias e os avisos, não faz sentido a azoada dos seus sequazes fanáticos, muito menos este estado de alma da "Marena": "esperava "um bocadinho mais de decência e dignidade" das instituições portuguesas".
Vou pedir socorro ao Fernando Pessoa, não para ser repatriada, o meu activismo e acções de voluntariado cingem-se à área geográfica de duas regiões de Portugal — se não somos para os nossos, muito menos somos para os outros —, é para ir buscar os sublimes versos que vestem a "Marena" da cabeça aos pés (os três primeiros versos da primeira estrofe do poema Autopsicografia:
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
(...)
Decência? Queria que os contribuintes "balhassem com a mais feia", enquanto trilhou o caminho de auto-promoção para resgatar a glória de vendedores de utopias barradas de banha da cobra, incitando à divisão e extremar de opiniões e comportamentos que outrara lhes valeu votos traduzidos em muitos deputados.
Paga do teu bolso, Marena.
Se fosse para sepultar o Bloco de Esquerda, podias contactar-me para pagar as despesas da tua aventura, pagava com muito gosto; como não é, pagas tu! Não te esqueças de pedir factura, para entrar nas despesas gerais do IRS.
O Fernando Pessoa sem saber fisgou a Mariana Mortágua, a "fingidora".
