O departamento da (Des)Protecção Civil.
Com o fim dos Governos Civis, em boa hora diga-se, obrigou as câmaras municipais a criarem departamentos de Protecção Civil ou a resgatarem do sono profundo em que alguns estavam sujeitos, sabendo que era e continua a ser, em muitos casos, o Presidente da Câmara o responsável por esse pelouro.
São gabinetes muito importantes na implementação e execução de medidas de prevenção e resolução de problemas originados por catástrofes naturais, acidentes ou fenómenos com intervenção humana.
Porém, a maioria dos gabinetes instalados nos Paços de Concelho não fazem mais do que difundir os comunicados veiculados pelo IPMA ou pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil acrescentando os logótipos do município e juntas de freguesias. Os conselhos que estão listados por alíneas muito úteis não só para a população geral, como também (e principalmente) para os responsáveis que deveriam estar, por exemplo, a executar acções de fiscalização de limpeza urbana, sobretudo, se as sarjetas estão desentupidas para o escoamento se faça o melhor possível, evitando as básicas inundações ou lençóis de água nas ruas. É evidente que quando a precipitação é muito elevada não há sarjeta que consiga escoar a água da chuva que cai abundantemente. Porém, nesta altura em que a queda das folhas caducas é algo absolutamente visível, não se vê vivalma para varrer as folhas acumuladas nos passeios e junto aos sistemas de escoamento das águas pluviais existentes nas ruas.
Lançam os alertas de condições meteorológicas adversas nas redes sociais das autarquias com muitas cores parencendo as listas de afazeres dos filhos quando são colocados de castigo pelos pais.
O problema é que acham que basta replicar os comunicados de organismos centrais e simplesmente, o que cabe às autarquias, vai aparecer feito.
Pergunto: para que serve ter um departamento de protecção civil com esta forma de trabalhar sui generis?
Já sei: é para estarem a dar apoio aos centros de vacinação para a Covid-19.
(E quando terminar esta tarefa voltam para o gabinete para actuarem reactivamente, ou seja, quando os estragos e prejuízos acontecerem)
Sou uma sortuda privilegiada: nos dois dias em que estavam agendadas as inoculações da primeira e segunda doses da vacina fui sempre recebida primeiramente por um indivíduo que pertence ao gabinete da Proteção Civil. Com a lista diária de marcações lá foi à procura do meu nome para assinalar a minha presença, para me encaminhar para "a conversa" do questionário que a enfermeira de serviço tem de fazer com o intuito de "sacar" a minha assinatura.
Somos obrigados a responsabilizarmo-nos por uma vacina que decidimos voluntariamente tomar. É o Estado a ser padrasto.