O bem de luxo comprado por 5 milhões de portugueses
O tema do preço exageradamente elevado da botija de gás até tinha piada se não fosse uma autêntica tragédia para três ou quatro milhões de portugueses com a carteira cheia de cêntimos e quatro notas de vinte euros. Há cinco milhões de portugueses que compram um bem de luxo sem saberem. A garrafa de gás é o Rolex que tínhamos e não sabíamos; é o iate de luxo do Zlatan Ibrahimović atracado ao redutor no quintal. Quando receber amigos para jantar na sua casa, faça-lhes inveja, convide-os a ver o seu Ferrari estacionado na "garagem" exclusiva para a botija. Eu já perguntei às minhas amizades se o Ferrari delas é verdinho como o meu. Gosto da gama Rubis, as outras gamas não têm o mesmo desempenho, morrem nas subidas.
Não é um assunto novo por aqui: Ai os combustíveis! Sabem o preço de uma garrafa de gás?
Também não é novidade, os meus olhos ficam a tremelicar quando leio:
Como é possível os deputados dos maiores partidos serem uns vendidos às empresas retalhistas do gás engarrafado que abastecem cerca de dois milhões e duzentos mil habitações em Portugal e pior não baixar o IVA de 23% para 6% de um bem de primeira necessidade. O gás da cidade é taxado com IVA a 6%. Esqueçam essa esmola da bilha solidária, quem beneficia não é quem realmente necessita desse desconto de 10€. Existe muita forma de preencher os requisitos de forma fraudulenta. Há muita mãe solteira de fachada, muitos casais divorciados que nunca deixaram de partilhar a cama de dossel, e podia continuar, mas não posso. Tenho de ir fazer o pedido da mala Hermés para ser entregue amanhã às 18 horas e pouco para o esquentador aquecer a água para lavar o corpo e a mente nestes dias de inverno. Ele é inteligente, mas não faz milagres, sem gás corre pela torneira água fria capaz de transformar a alma num gelado de gelo e tiritar de frio até ao verão.