O Baixo Alentejo está assim…
A Aldeia Abandonada
Ó aldeia tranquila e prazenteira (...)
As tuas alegrias acabaram, os teus encantos morreram;
Sobre os teus campos abateu-se a mão tirânica
E a tua desolação cobre de luto a verdura.
Um só senhor espoliou-te (...)
E os teus filhos abandonam a terra,
Tremendo e recuando diante do usurpador
E vão par longe, para muito longe (...)
Onde poderá refugiar-se o pobre
para escapar ao jugo de um vizinho soberbo?
(...) Dantes, os camponeses levavam os rebanhos
a pastar na erva esparsa
Das terras comunais, onde não havia cercas.
Agora os ricos apropriam-se dos campos abertos (...)
Amigos da verdade, homens de Estado,
Que vedes os ricos mais poderosos
E os pobres morrendo de miséria,
É a vós que compete julgar o que mais vale:
Se um país opulento, se uma pátria feliz.
Oliver Goldsmith, A Aldeia Abandonada, 1770 (adaptado).