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Perspectivas & Olhares na planície

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O alvo da semana: Presidente da República

Recorro a  Stendhal: 《As pessoas que honramos não passam de patifes que tiveram a sorte de não  ser apanhados em flagrante delito》para prestar "homenagem" ao Presidente da República Portuguesa pela sua conduta exemplar no que concerne à criação no imaginário da maioria dos portugueses a postura de nunca ter pedido cunhas ou ter feito batotice a fim de atingir os seus objectivos pessoais e profissionais. É mais chique, apesar de não passarem de bocas foleiras, dizer que o cozido em que se transformou, a mistura de político, comentador com professor de direito, nasceu um perito em mandar indirectas,  nunca o de pedir favores. Os Deuses do Olimpo estiveram com a Primeira Figura de Estado quando é notícia: "Gémeas luso-brasileiras vieram a Portugal fazer tratamento milionário. Marcelo suspeito de pedir cunha no carrossel mediático surge a Operação Influencer a implicar o Primeiro-Ministro de Portugal. Dá a sensação que a reportagem da TVI sobre a possível ajuda presidencial no caso de saúde dos amigos do filho e nora estava em banho maria; e algo correu muito mal na paz podre entre São Bento e Belém para destravar uns modus operandi suspeito datados de 2019 (Primeiro-Ministro) e 2020 (Presidente da República) capazes  de desencadear a instabilidade governativa e fragilizar o sistema político português. A sequência no carrossel informativo mediático segue no método: ataque e contra-ataque. Aparentemente, o Presidente da República estaria à espera da reportagem da TVI. Fez-se desentendido mas sempre com o discurso explicativo, mesmo quando declara: "Vendo a reportagem, ninguém aparece a dizer que eu falei com essa pessoa. Ninguém. Só há um Presidente. A família do Presidente não foi eleita. Se aparecer alguém, eu aí não tenho outro remédio se não eventualmente ir a tribunal comparar a minha verdade com a verdade dessa pessoa. Os portugueses têm direito a saber se o Presidente está a mentir ou se está a dizer a verdade. Não se trata do dever da defesa da minha honra, mas do dever da defesa do Presidente da República.

Está seguro do insucesso desta suspeita. 

Se foi a nora a utilizar as influências fabricadas do facto de ter um sogro bem relacionado, o qual conhece meio mundo, não sei. O que sei é: a forma de obtenção da nacionalidade portuguesa mais uma vez é dúbia, o tratamento custar quatro milhões de euros ao erário público e quando temos crianças portuguesas por nascimento com patologias graves,  para as minimizar têm de, por exemplo, realizar  longos processos de fisioterapia intensiva, sendo a via para os custear os mesmos, na falta de condições financeiras do agregado familiar, através de peditórios, na recolha de tampinhas de plástico, nos concertos solidários e/ou donativos a título pessoal, uma vez que o SNS não tem este tratamento de forma regular e intensiva. A diferença de critérios é para mim o busílis da questão. Para uns há recursos financeiros disponíveis no SNS, para os outros têm os tratamentos mínimos, forçando a busca de alternativas e meios a fim de aumentar as horas de terapias.

O Governo caiu em virtude de uma suspeita criminal na figura do Primeiro-Ministro António Costa, Belém recebeu de braços abertos a decisão.  Mesmo com a apresentação de possíveis nomes para assumirem o Governo de transição, o televisionado esticar de pernas do Presidente da República na noite de terça-feira não foi para pensar, a decisão estava tomada, à semelhança da ideia fixa de Marques de Pombal de perseguir e assassinar os membros da família Távora. A traição é um móbil feroz para o desenrolar de eventos inesperados. A disputa sôfrega pelo protagonismo mediático por estas duas figuras do Estado sem noção da diferença das obrigações das funções e a desobediência estúpida por parte do Primeiro-Ministro em manter um ministro tóxico com comportamentos lesa pátria, tendo o Marcelo Rebelo de Sousa no outro lado do passeio, obviamente, lhe traria um percalço na sua ambição política na conquista de um cargo europeu.

Eleições antecipadas. Dissolução da Assembleia da República. Não surpreendeu. Não tinha de surpreender. Quem segue a forma como desempenha o cargo da presidência da República, ouve todas as suas intervenções, nomeadamente os discursos em datas comemorativas, estava à espera desta decisão bem como nunca acreditaria na sua bênção pela solução de um primeiro-ministro substituto ou  de um governo transitório. Decisão em conformidade. E, mais, a data tardia para os portugueses irem depositar o boletim de voto na urna faz parte de outro capítulo da vingança. Transformar em cinza este partido socialista liderado pelo António Costa, para além de ser um isco, se não foram cautelosos, para continuarem a performance de ocupação abusiva e lesiva dos organismos públicos, sendo certo serão, posteriormente descobertos ou pelo menos falados naquelas investigações jornalísticas com hora  marcada para as 20 horas. O flagrante delito não lhe bateu à porta. Bateu-lhe na janela. Porém, entra-se pela porta, a janela é uma aliada dos vigilantes. 

Não é o Presidente da República o responsável pela crise política instalada, uma vez que não é responsável pelas condutas criminais de um Governo, mais preocupado em governar os interesses da corja socialista e do grupelho de confiança do chefe de Estado do que em governar os interesses dos cidadãos portugueses e de Portugal. 

Com esta corrente noticiosa focada no Largo do Rato e Palácio de São Bento, os estilhaços, porventura houvessem devido à notícia do caso das bebés luso-brasileiras, não irão atingir a popularidade de Marcelo Rebelo de Sousa. Apesar de nunca ter conseguido ser presidente da Câmara Municipal de Lisboa e Primeiro-Ministro, nunca foi abandonado pela estrelinha da sorte nesta última etapa política a servir a causa pública. Abstraindo-me das suas manobras de bastidores e da sua verborreia quando vê um microfone, nas alturas de exigência e dramatismo político tem conseguido ser acertado nas tomadas de posição e consequentes decisões políticas que daí sucedem. Admito.

O protagonismo está-lhe no sangue e não teve de fazer muito para ser o centro das atenções, teve as maiores das ajudas: os governos de António Costa. Sou soube capitalizar estes desastres a seu favor sem o mínimo esforço. 

 

 

 

 

 

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