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Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

José Magalhães e o quadro de René Magritte

20210910_033846.jpg"E quando revelar que gosta de uma certa casa de Bruxelas onde se pratica bondage e S&M? A onda de chicotadas vai inundar as redes?"

Foi assim que o deputado José Magalhães comentou o tornar público pelo Paulo Rangel a sua orientação sexual.  Foi no programa Alta Definição de Daniel Oliveira que confessou algo que, mais ou menos já se sabia quem não percorre os corredores da política, quanto mais aqueles que gastam as solas dos sapatos nesses corredores. E depois? Isso é assunto? 

Assim que ouviram as palavras do eurodeputado correram sofregamente para as redes sociais para fazerem o comentáriozinho reles à la Passadeira Vermelha, outro programa da SIC, esteve em pleno, portanto. As beatas fofoqueiras estão, nitidamente, a ser ultrapassadas por esta escuma que por acaso representam e sempre representaram os órgãos de soberania.  

Gentinha deste calibre a querer ser engraçada, socorre-se de brejeirices para comentar o que não é passível de ser comentado em páginas de redes sociais que os próprios utilizam marioritariamente para promover as suas acções realizadas nas funções que ocupam, ou seja, para fazerem propaganda política. 

Será que este senhor que já comeu em duas gamelas: até 1990 foi comunista. Em 1991, a convite de Jorge Sampaio, passou a ser um fiel sectário do partido socialista; será que gostaria que lhe fizessem um comentário do género: "dá para os dois lados"? 

Pois desconfio que vinha a terreno vitimizar-se que tinham orquestrado uma vil e difamante campanha de ataque pessoal. 

Para além de ter uma mente asquerosa,  é muito desinformado, pois achará o excelso que quem pratica bondage e sadomasoquismo são só os homossexuais? E os heterossexuais não são susceptíveis de ter gostos excêntricos, e por isso, serem adeptos de BDSM? Frequentou catequese em demasia, só pode. Ou será um fetiche secreto por concretizar?

Há vozes nos diversos quadrantes da nossa sociedade a pedir o afastamento do José Magalhães do Parlamento, para ser expulso do PS, propostas de idas ao psiquiatra, eu não concordo! Como o Natal está à porta, umas cordas, correntes e quiçá um chicote podiam ser umas bonitas e libertadoras prendas. Bastava para passar este azedume que é proporcionado pela insatisfação de não concretizar os sonhos que estão aprisionados na sua cabeça por manifesta falta de coragem que está de mão dada com o medo.

(Um voucher para a tal "certa casa de Bruxelas" seria também uma prenda encantadora.  Não deve faltar lá quem o possa amarrar com umas correntes para o chicote trabalhar à vontade. E soluçar de prazer).

As conversas de vizinhas como têm palco mediático,  inclusive nos noticiários das oito, nada melhor do que escrever baboseiras em vez de comentar a situação difícil que Portugal se encontra a nível económico e social, ou opinar nas atrocidades governativas que o António Costa e seu elenco estão a cometer. Mas, isso não abre telejornais, por isso, vamos lá apostar nas coscuvilhices.

A par desta atitude do deputado que após sair do Governo de Sócrates foi abraçar a profissão de fazendeiro  no Brasil e  está bem sentado? Fique a saber que pediu a reforma antecipada, no ido ano 2011; a própria estação de televisão em que o Paulo Rangel escolheu para falar da sua vida íntima nao registou um comportamento de se assinalar, ao preparar uma peça jornalística com excertos do programa de entretenimento para ser transmitida pouco após das oito no seu Jornal da Noite. Eu politicamente não gosto da forma como o Paulo Rangel, o protegido de Manuela Ferreira Leite, faz política, as políticas que tem para Portugal, contudo é pérfido ser notícia no noticiário da SIC por razões que nada têm a ver com a sua exposição pública: que é ser político há muitos anos.

(Os coordenadores do Jornal da Noite e o director de informação deviam pensar na mediocridade em que transformaram um espaço informativo. Informar não é dar ênfase a notícias pessoais que nada contribuem para a missão do jornalismo que é informar sem agenda política e muito menos criar e alimentar intrigas de alcofa).

Freud, com o seu método psicológico e terapêutico, a psicanálise, referia que o nosso comportamento pode interpretar-se mormente através dos nossos desejos e pulsão.  Além da nossa racionalidade temos de saber aceitar a nossa irracionalidade.  Freud ainda afirmou que o nosso psiquismo não é só consciente e que é principalmente inconsciente. José Magalhães precisou de clarificar não clarificando o primeiro comentário com este segundo comentário: "Antes que a Comissão Política Nacional do PSD repudie veementemente a minha observação sobre a frequência de casas de bondage e SM em Bruxelas venho declarar que se trata de uma extrapolação virtual hipotética sem destinatário. Honni soit qui mal y pense." Não sei em qual dos estados (consciente ou inconsciente) a primeira e segunda observações vulgares do senhor deputado se enquadram.

A Casa de Vidro do pintor René Magritte é um quadro admirável ao mesmo tempo perturbador, em que se vê um homem a admirar o oceano e a linha do horizonte com o rosto visível também na parte posterior da cabeça, criando a sensação que está a olhar para a frente e para trás em simultâneo.

Olho para o quadro surrealista e vejo o José Magalhães.  A interpretação simbólica é subjectiva,  as emoções que me despertam A Casa de Vidro, que são muitas, podem ser a certeza que existem pessoas que não conseguem libertar-se do seu passado, estão sempre a olhar desconfiados para trás, por se sentirem aprisionados e perseguidos, ou seja, carregam o peso do passado nas suas costas. E assim têm a obsessão de controlar os movimentos de tudo o que vive à volta deles, para anteciparam e/ou não se surpreenderem pelos acontecimentos que lhe possam causar incómodo pessoal e profissional. 

Por isso, eu identifico o deputado socialista neste extraordinário quadro de Magritte. O tempo dirá se o passado passa a futuro na vida dele ao ser revelado. 

 

 

 

 

 

 

 

 

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