E se fosse no Alentejo?
“Chuva apanha autoridades desprevenidas numa altura em que finalmente estavam com tudo a postos para a época de incêndios”
Morreram mais de cem pessoas nos incêndios este ano! Faltou, na maioria das situações, um atempado e coordenado aviso às populações, corte eficaz das vias de trânsito e redireccionamento dos que por elas transitavam. Não se admite que com aquele cenário a A25 continuasse aberta! Depois de visionadas as imagens captadas nos telemóveis pelos que nela circulavam, percebemos que poderia ter sido ainda bem pior.
O SIRESP não funciona, ou pelo menos não funciona devidamente, e já todos tivemos prova disso. No meio do Atlântico, barcos e aviões conseguem comunicar com terra… mas infelizmente em território português, durante um incêndio (e possivelmente em qualquer outra situação de catástrofe), não temos comunicações viáveis. Porquê? Não há satélite por aqui?
Mas esta falha das operadoras de comunicações percebe-se no dia-a-dia alentejano! Muitos dos que vivem na Serra de Serpa ou Mértola simplesmente após a introdução da TDT ficaram sem televisão ou com uma televisão que só funciona às vezes. Em dias de vento raramente há sinal. O que fizeram os Presidentes das Câmaras alentejanas para resolver esta fraca cobertura das operadoras? NADA. Relembramos que uma das cláusulas para a privatização era a cobertura nacional, que não acontece. Caso tenhamos por cá uma catástrofe, a descoordenação provocada pelo caos das comunicações será tão nefasta como a que aconteceu no interior da zona centro. Possivelmente agora aquela zona até ficará com uma cobertura razoável devido aos milhões atirados para fechar os olhos às populações. MAS O INTERIOR ALENTEJANO CONTINUARÁ NA MESMA.
Podíamos ter tido desde logo o exército a patrulhar a floresta, drones (que nem custam muito dinheiro), pilotos da força aérea a comandar aeronaves … mas NÃO quiseram. Tínhamos que pagar milhões a empresas privadas de aviação civil, milhões a lobbies de diferentes sectores, desde logo oficiais da própria força aérea pois estes (segundo foi noticiado pelo Sexta à Nove e não desmentido) tiram férias em agosto apenas para pilotar aviões privados bem pagos (e que se saiba a legislação desde logo proíbe que se trabalhe de forma remunerada nas férias), …
O Perímetro de segurança nas estradas está legislado… o que fizeram os Presidentes das Câmaras afectadas para colocar em prática a legislação? Nada. E depois passam o tempo a dar entrevistas e a falar em falta de meios, a elogiar bombeiros e populações (populações essas que na sua generalidade também nada fizeram para proteger as suas casas e os seus terrenos a não ser quando não o deveriam ter feito, ou seja aquando do incêndio)
E depois há os incendiários… que ora não sabiam o risco de queimadas ou de atirar foguetes em festas populares, ora estavam perturbados… e vão todos para casa contentes. O povo paga e pior ainda…há pessoas a morrer queimadas. Uma morte horrível (mesmo que não exista uma morte boa como dirão alguns).
É preciso tornar a mão da justiça mais pesada, é preciso fazer cumprir as leis que já existem e criar outras mais eficazes, é preciso montar uma proteção civil que funcione, … e sobretudo é preciso coordenação (com comunicações a sério) para não colocar vidas em risco e proteger o erário público de gastos desnecessários e ineficazes.
A ver vamos se a história não se repete com as cheias ou um sismo de maior dimensão.