Big Brother 2020 e Portugal 2020
O 1º Big Brother no ano 2000 marcou o país. A maioria dos portugueses seguiu o convívio de Zé Maria, Marta, Marco e seus colegas confinados naquela casa. Seguiram-se Casas de Segredos, Loves on top, e coisas deste género, que acabaram por perder popularidade essencialmente porque houve uma aposta em concorrentes geralmente pós-adolescentes, pouco cultos, e que tinham geralmente para oferecer apenas muita peixeirada e cenas similares às oferecidas pela playboy e, se isto agradou a muitos expectadores num primeiro momento, depois começou a cansar.
Ora a TVI num contexto de perda de audiência, e também conhecedora que mais pessoas estão a trabalhar a partir de casa e por isso com mais tempo para ver televisão, decidiu mudar de estratégia de seleção, elegendo pessoas com idades mais abrangentes e um leque maior de conhecimentos, etc, para tentar conquistar mais público. Consegue de facto conquistar mais audiências porque há essa maior representatividade, mas não deixa de ser preocupante algumas das coisas com as quais ali no deparamos, (e pior se tivermos em conta que todos os concorrentes sabem que estão a ser filmados):
- pessoas com menos de 30 anos e que não sabem quem é Camões e o comparam a um santo popular como Santo António ou São João (e não estou a falar das estrangeiras);
- pessoas que se servem da violência verbal e que acham que isso é saber ser líder;
- pessoas que acham que ser mulherengo é algo de que se devem orgulhar;
- pessoas que acham normal gozar com o corpo dos outros, a sua sexualidade ou causas;
- pessoas que acham que quem não responde de forma agressiva quando é confrontado com algo que não gosta é porque é falso.
Já não nos podem dizer que é por estarem confinados num espaço porque a verdade é que quase todos sabemos o que é estar confinado. Aquela casa não deixa de ser um pequeno espelho do país e, infelizmente, a realidade espelhada é bastante negativa.