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Perspectivas & Olhares na planície

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Benfica: um BMW com a cilindrada de um Renault 5

O Benfica é um BMW, a julgar pelas contratações milionárias, com desempenho de um Renault 5:

a) Terceira derrota na liga dos campeões. Não sei como,  têm sido derrotas com poucos golos sofridos. Não há goleadas, dentro do negativo, existe sempre algo de  positivo. 

b) Nas competições internas vai conseguindo amealhar pontos à tangente. Os minutos extra com golo de ouro, vulgo tempo de descontos, não têm beneficiado somente o FCP e o Sporting.  

c) Não temos um organizador de jogo. O meio-campo é composto por jogadores imprescindíveis em clubes pertencentes à segunda parte da classificação do campeonato nacional. É no meio-campo que se ganha a maioria dos jogos, portanto, não vamos festejar muitas vitórias esta temporada. Jogadores sem qualidade de passe, maus recuperadores de bola e nenhum pensa uma jogada ofensiva organizada que culmine num remate à baliza. Ah e temos laterais? Tenho de estar mais atenta, desconfio que os bandeirinhas correm mais rápido do que eles. 

d) Precisávamos de uns quatro Otamendis. Mas, infelizmente, não houve inspiração suficiente dos pais para o forno gerar mais do que um Otamendi ao mesmo tempo, logo não há três irmãos gémeos iguais a ele.  Para azar do Benfica.

e) O Rafa voltou ao problema de sempre: desmotivação e cai até com o respirar do colega de marcação adversário. Terapia e musculação, era a minha receita para ele.

f) O Chiquinho só na cabeça do treinador alemão é o Zidane português. Quem tem o Chiquinho tem tudo o que o meio-campo não precisa. O rapaz não tem culpa. Só devia ter outra entidade patronal a pagar-lhe o salário. 

g) E os avançados? Pois, muito bem. Têm dias. Quando a bola chega em condições para rematar com sucesso, temos sorte e temos possibilidade de ganhar ou empatar. Mas, como quase nunca chega em condições,  os avançados fazem figuração, o problema é que o Benfica é um clube de futebol e não uma companhia de teatro. São bem pagos,  de facto. Nem o Joaquim de Almeida ganhou o salário destes avançados que nem decorei os nomes quando participou na série americana 24 protaginizada pelo Kiefer Sutherland. Há vidinhas boas, principalmente estas do plantel do Benfica para a temporada 2023/2024.

h) O jovem João Neves, não lhe olhem ao tamanho. Sozinho no meio-campo também não pode fazer muito, quando os colegas andam a passo, não se desmarcam ou não são capazes de se esforçarem como ele se esforça. Tem 19 anos, mas nos jogos dá lições de talento e espírito de sacrifício aos colegas mais velhos em campo. 

i) No jogo de terça-feira, no camarote do Estádio da Luz, o Rui Costa estava ladeado por dois históricos jogadores do Benfica: à esquerda dele Toni, à direita dele Humberto Coelho. Já com a idade que têm e as maleitas que procuraram ao transportarem a águia ao peito, se fossem chamados para entrarem em campo, fariam melhor figura do que muitos dos jogadores que estiveram a pisar a relva sagrada da Catedral. O Humberto Coelho a fazer dupla com o Otamendi e o Toni acompanhado pelo João Neves no meio-campo a Real Sociedad não tinha jogado superiormente. O Toni ainda tem razão: quando não se veste o fato-macaco, perdem-se jogos.

j) Em resumo: para além do milagre que têm de fabricar na segunda parte da fase de grupos para a qualificação para os oitavos de final; seria preciso uma equipa nova com cinco jogadores com a garra e qualidade de Otamendi e seis jogadores com o espírito de equipa e talento de João Neves. "Limpávamos" os troféus todos. A liga dos campeões já se sabe, sermos finalistas já não seria mau. Era bom era, com a ventania que está, o meu sonho rebentou ao cair um galho de uma árvore.

l) Esta última alínea tem um único destinatário: Roger  Schmidt. Os benfiquistas não têm a mentalidade dos nossos principais adversários que ao derrotar-nos festejam como se vencessem um título nacional. Nós não gostamos de prémios de consolação. Por isso, ganhar aos nossos adversários directos é uma obrigação,  não é por se ter vencido os jogos com o FC Porto que iremos relevar as derrotas na liga dos campeões e as péssimas exibições da equipa nos jogos nas competições internas. O Benfica não é uma equipa organizada a jogar um bom futebol. São onze jogadores a ocupar o relvado sem rumo que por vezes têm a felicidade de ganhar jogos. Um plantel que custa milhões a ter produtividade de cêntimos. 

O facto de o meu Benfica ser um BMW e jogar como se fosse um Renault 5 é maravilhoso para o Ministro das Finanças, o IUC apesar dos aumentos que se prevêem para os carros com matrícula anterior a 2007, não superam o custo dos automóveis topo de gama. Ainda bem. O problema é o BMW 2023 estar com defeito de fabrico no filtro de partículas prejudicando o desempenho do motor: bebe muito gasóleo (dinheiro) e  anda (joga) pouco. É essa é que é essa.

 

 

 

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