Ai a rola-brava...
Rola.
Rola-brava ou rola-comum.
Caçar.
Caça.
Caça à rola.
Não é lá muito auspicioso iniciar a semana a escrever sobre rolas, as aves que na época venatória que se inicia estão livres de interromperem o seu voo à conta de um cartucho (ou mais do que um, depende da habilidade do caçador).
Uma vez que trouxe à colação a rola que está há anos em via de extinguir-se, não sou de arrepiar caminho e mudar de tema.
Para os defensores e apologistas que é a andorinha que traz a faixa da Primavera no bico, eu tenho de os contrariar, ser a chamada, com muito gosto, desmancha prazeres, a chegada da rola com o seu arrulhar também nos informa que a estação das flores (das alergias) está a sentar-se no sofá da natureza. Por isso, esta ave migratória merece ser lembrada com frequência...
Ora então é assim: a região do Baixo Alentejo não lhe falta motivos flagrantes de injustiça para incentivar a investidas explosivas de indignações por parte dos alentejanos. A lista é extraordinariamente extensa: linha ferroviária por electrificar; o edifício substituto para albergar o tribunal de Beja por construir; tarda o reinício da feitura da auto-estrada; itinerário principal n.°2 que nos serve apresenta as vias com um elevado grau de deterioração que condiciona a segurança rodoviária de todos os automobilistas; o aeroporto de Beja desaproveitado, Hospital de Beja a perder cada vez mais valências médicas contribuindo para a diminuição da oferta e qualidade da mesma; um Instituto Politécnico amorfo; despovoamento galopante – Barrancos está cada vez mais distante do distrito de Beja –, onde aumentou a população foi no concelho de Odemira e tardam as medidas de integração dos trabalhadores imigrantes bem como medidas para os autóctones; diminuição assustadora de efectivos e meios da GNR e Polícia; excessiva agricultura intensiva. Como vêem temos motivos de sobra para valentes indignações. Todavia, o deputado do PS eleito pelo círculo eleitoral de Beja não fica seduzido com o desinvestimento a que o Governo nos impõe, fica "indignado com proibição da caça à rola." É preciso ter muita coragem e paz de espírito. Falta-nos todas as infra-estruturas e equipamentos elementares para o desenvolvimento cabal e urgente de todo o distrito de Beja, isto sim, é uma "machadada para os concelhos do interior" (como referiu o deputado Pedro do Carmo), e não a proibição de caçar rolas por uma ou duas épocas de venatória.
Reforça que: “As associações e os caçadores têm toda a razão para estarem indignados com a decisão do ICNF” e que irá questionar o ICNF. Faz bem! Aproveite a boleia e questione o Primeiro-Ministro António Costa sobre a razão da iniquidade de investimentos por concretizar para que o Baixo Alentejo não fique cada vez mais distante da coesão social e territorial que tanto apregoa!
Citando o Público: "O risco de extinção da rola-brava em Portugal e por toda a Europa, protegida no âmbito da Directiva Aves (DIRETIVA 2009/147/CE), fundamenta a decisão do ICNF", guardem os cartuchos para outra espécie cinegética. Quem ouve as lamentações parece que proibiram toda a caça.
Noutra vida, quando as caçadas eram mais livres, que acabou com a chegada das zonas/reservas de caça associativas em que quem é bom caçador (gasta fortunas em munições) tem de dividir a caça com os marteleiros, por essa razão fez com que muitos caçadores guardassem as espingardas no armeiro para sempre;
como ia escrevendo...
tinha o congelador a abarrotar de todo o tipo de espécies cinegéticas permitidas em cada abertura de caça. Era com cada pitéu de bradar aos céus. Para ser sincera sinto falta dessa abundância, hoje como perdiz, coelho comprados no supermercado, são mansos, é certo. Porém, nas reservas alimentam as espécies cinegéticas com farinhas, também há um desvirtuar da verdadeira essência que era as aves alimentarem-se do que existia na natureza.
É curioso que no Baixo Alentejo, as que se alimentam fora das zonas de caça associativas morrem, as culturas agrícolas em sistema de intensivo com desinfecção específica contribui para este drama. E dá-se o insólito de nas aldeias e vilas haver mais pássaros do que nas zonas agrícolas.
Com a proibição da caça à rola, haverá menos patuscadas, isto em plena época alta de actividade partidária tendo em vista as eleições autárquicas no próximo mês de Setembro, é uma maçada, não é deputado Pedro do Carmo?
Olhe, não almoça rola, cante:
Láláláráálá...
Quero cantar como a rola
Quero cantar como a rola
Como a rola ninguém canta
Lálárálailá