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Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

Dia Internacional da Mulher

1889

 

A Falsa Emancipação da Mulher

"Actualmente, tem-se a pretensão de que a mulher é respeitada. Uns cedem-lhe o lugar, apanham-lhe o lenço: outros reconhecem-lhe o direito de exercer todas as funções, de tomar parte na administração, etc.; mas a opinião que têm dela é sempre a mesma - um instrumento de prazer. E ela sabe-o. Isso em nada difere da escravatura. A escravatura mais não é do que a exploração por uns do trabalho forçado da maioria. Assim, para que deixe de haver escravatura é necessário que os homens cessem de desejar usufruir o trabalho forçado de outrem e considerem semelhante coisa como um pecado ou vergonha. Entretanto, eles suprimem a forma exterior da escravatura, depois imaginam, persuadem-se de que a escravatura está abolida mas não vêem, não querem ver que ela continua a existir porque as pessoas procedem sempre de maneira idêntica e consideram bom e equitativo aproveitar o trabalho alheio. E desde que isso é julgado bom, torna-se inevitável que apareçam homens mais fortes ou mais astutos dispostos a passar à acção. A escravatura da mulher reside unicamente no facto de os homens desejarem e julgarem bom utilizá-la como instrumento de prazer. Hoje em dia, emancipam-na ou concedem-lhe todos os direitos iguais aos do homem, mas continua-se a considerá-la como um instrumento de prazer, a educá-la nesse sentido desde a infância e por meio da opinião pública. Por isso ela continua uma escrava, humilhada, pervertida, e o homem mantém-se um corruptor possuidor de escravos."

Leon Tolstói, Sonata a Kreutzer (1889)


2011 

 

 

Daniel Craig que já foi James Bond escolheu acessórios femininos a rigor para mostrar que ainda há desigualdade entre os sexos. Uma forma simbólica para assinalar o dia da mulher (vídeo)

 

 

 

A razão pelo qual o texto de Leon Tolstói continuar actual, note-se que foi publicado em 1889, é o simples facto de explanar a falsa ideia que a mulher é respeitada.

 

O RESPEITO é o ponto de partida para diminuir a desigualdade entre géneros. O pouco respeito (por vezes, aparente, outras vezes, completamente inexistente) é o principal causador das desigualdades entre homens e mulheres.