.... resume realisticamente a forma de governar e as atitudes dos portugueses que sempre imperaram em Portugal desde 1986, que poderia marcar a viragem, a entrada na U.E, mas volvidos estes anos, percebe-se que foi uma oportunidade perdida, e continuamos com problemas estruturais e sem um rumo de desenvolvimento estratégico para Portugal. Perdeu-se a grande oportunidade... restam-nos as pequenas oportunidades (se a U.E. não pedir o pagamento da factura antecipadamente) para reverter o rumo no fio da navalha em que vivemos sempre.
1) A história é simples de contar e de compreender. Portugal chegou à Europa em 1986 com um atraso estrutural, muitos problemas económicos e sociais por resolver, e uma baixa produtividade. Para superar estas sérias deficiências, a Europa mandou umas ajudas muito generosas. Infelizmente, todos esses avultados recursos foram essencialmente consumidos, e só em muito menor medida investidos e utilizados na recuperação do atraso estrutural. O nível de vida dos portugueses melhorou, mas não a sua produtividade. Os portugueses gostaram tanto que votaram em quem lhes prometeu dinheiro fácil e um nível de vida de país rico. Primeiro Cavaco, depois Guterres.
Quando os fundos europeus deixaram de ser suficientes para financiar uma economia profundamente estagnada, de baixa produtividade, mas com um nível de vida de país rico, Portugal descobriu o endividamente externo. Beneficiando do euro e das taxas de juro muito baixas, os portugueses, as empresas, o Estado tudo financiaram com o dinheiro dos outros. Quando rebentou a crise financeira, Portugal encontrava-se na delicada posição de ter passado uma década economicamente estagnada mas generosamente financiado pelos mercados financeiros internacionais. Uma década em que os portugueses votaram alegramente em quem lhes disse que o endividamento externo nunca seria um problema.