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Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

Por 27 centímetros pode-se perder ou ganhar

Fora de jogo.

Golo anulado.

Empate esfumou-se.

O Sporting ganhou. 

O Boavista perdeu o empate por 27 centímetros.

O Bozeník estava um "Petit" de 27 centímetros mais avançado do que o defesa sportinguista.

A olho nu é imperceptível o fora de jogo.

O VAR mediu com régua e nenhum esquadro, concluindo assim que estava fora da lei uns míseros 27 centímetros. 

O fora de jogo é do tamanho de: 

um batedor de varas (ficaram nas nuvens os sportinguistas);

uma pinça de plástico para salada (o VAR é um especialista com ela);

um prato raso (é o prato do dia para os três grandes saírem com bónus do VAR);

umas luvas pvc multiusos (quem as calçou não foi o Bozeník);

um moinho de especiarias IKEA (pimenta na língua para quem acha justa a anulação do golo, têm memória curta);

SINNERLIG- candeeiro suspenso IKEA (a luz emitida pelo abajur na sala VAR mostrou a linha que mais ninguém viu);

um alguidar dobrável IKEA (não serviu, o Sporting só lava a roupa suja quando lhe convém); 

um grelhador antiaderente Continente (o VAR esta época vai grelhar todas os clubes excepto os três clubes chamados de grandes).

Os 27 centímetros contribuíram para o Boavista de Petit averbar a segunda derrota à nona jornada e serviram para o Sporting assumir a liderança do campeonato ao nono jogo. 

Os 27 centímetros é a medida mais bonita na história do Sporting Clube de Portugal. 

Parabéns ao Sporting teve os 27 centímetros a valer três pontos

Coragem para o Boavista tem os 27 centímetros mais dramáticos da sua história. 

Um enorme beijinho para o VAR, sem os 27 centímetros não seria o protagonista do jogo da jornada.

Já se somam dois brindes para os lados de Alvalade. Ainda a procissão vai no adro.

O Visconde de Alvalade teria algum número da sorte, seria o 27?

 

NB: Neste momento o Benfica, finalmente, está a vencer um jogo. Decorre o jogo para a Taça da Liga, bendito Arouca que deixou o Artur Cabral marcar um golinho. Ainda há uma luz de esperança para o Artur Cabral ser o marcador principal da equipa. Espero que a vela seja daquelas de chama teimosa, para a luz não se extinguir no próximo jogo. Rumo ao 38. Ah esperem lá, esse título já temos.

 

 

 

 

 

 

 

 

Boa semana

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É-vos familiar esta sequência de movimentos diários desenhados na gravura? Reconhecem-se? À segunda-feira carregamos a bicicleta às costas. Os inícios de semana são sempre difíceis tanto para as mulheres como para os homens, por razões diferentes. Generalizo apesar de toda a regra ter diversas excepções, porém a mulher começa com a bicicleta às costas derivado ao fim de semana ser demasiado tarefeiro e pouco profano, por vezes, o trabalho pode ser menos cansativo do que a labuta diária familiar. Entram com alegria nos dias de folga laboral na expectativa de passarem umas míseras horas de pernas cruzadas sem fazer nenhum, a esperança desvanece tal e qual como um fósforo a arder. As esbanjadas pela sorte ficam-se pelo lazer, as outras desafortunadas, começam a passar as horas com a máquina de lavar roupa, a fazer ginástica aos braços a mexer o refogado, sem esquecer o namoro que até vapor deita com o amante chamado ferro de engomar.

No sentido contrário, o homem transporta a bicla aos ombros porque não lhe apetece deixar a vidinha de ócio ora no sofá ora no café na conversa pouco vinculativa para não voltar a votar no PS, excluo alguns viúvos, solteiros a viver sozinhos, divorciados e alguns homens casados bem ensinados pelas mães para pegar na esfregona e puxar as orelhas à cama. Durante a semana, o sofá fica radiante por alombar menos horas um peso morto, em contrapartida, qual é o ser que fica feliz a uma segunda-feira, depois de transpirarem de descanso, retornar ao batente? Só quem consegue ter mais horas livres no horário laboral do que nos dias em que fica em casa. Podem acreditar, pode acontecer esse cenário, o caos de mil e uma tarefa doméstica recair só para as costas de uma única pessoa (sexo feminino), pir isso a segunda-feira ser um alívio. Pode dar-se o caso de ninguém fazer nada no fim de semana, a casa estar uma pocilga e completamente desarrumada, sem haver uma mínima preocupação pelo asseio e organização, porque no início da semana há empregada doméstica. Coitada da pessoa, ter de em poucas horas limpar e arrumar 48 horas de desleixo. Os filhos não limpam, uma vez que, os pais também não.  A unha parte-se, para ela. Para ele, pagamos não vou fazer, por caridade, para não ter que diminuir as horas pagas à femme de ménage

Desejo a todos vós uma semana sobre rodas. Se não der, calce uns sapatinhos confortáveis para entrar com alegria no mês de Todos os Santos. 

Benfica: um BMW com a cilindrada de um Renault 5

O Benfica é um BMW, a julgar pelas contratações milionárias, com desempenho de um Renault 5:

a) Terceira derrota na liga dos campeões. Não sei como,  têm sido derrotas com poucos golos sofridos. Não há goleadas, dentro do negativo, existe sempre algo de  positivo. 

b) Nas competições internas vai conseguindo amealhar pontos à tangente. Os minutos extra com golo de ouro, vulgo tempo de descontos, não têm beneficiado somente o FCP e o Sporting.  

c) Não temos um organizador de jogo. O meio-campo é composto por jogadores imprescindíveis em clubes pertencentes à segunda parte da classificação do campeonato nacional. É no meio-campo que se ganha a maioria dos jogos, portanto, não vamos festejar muitas vitórias esta temporada. Jogadores sem qualidade de passe, maus recuperadores de bola e nenhum pensa uma jogada ofensiva organizada que culmine num remate à baliza. Ah e temos laterais? Tenho de estar mais atenta, desconfio que os bandeirinhas correm mais rápido do que eles. 

d) Precisávamos de uns quatro Otamendis. Mas, infelizmente, não houve inspiração suficiente dos pais para o forno gerar mais do que um Otamendi ao mesmo tempo, logo não há três irmãos gémeos iguais a ele.  Para azar do Benfica.

e) O Rafa voltou ao problema de sempre: desmotivação e cai até com o respirar do colega de marcação adversário. Terapia e musculação, era a minha receita para ele.

f) O Chiquinho só na cabeça do treinador alemão é o Zidane português. Quem tem o Chiquinho tem tudo o que o meio-campo não precisa. O rapaz não tem culpa. Só devia ter outra entidade patronal a pagar-lhe o salário. 

g) E os avançados? Pois, muito bem. Têm dias. Quando a bola chega em condições para rematar com sucesso, temos sorte e temos possibilidade de ganhar ou empatar. Mas, como quase nunca chega em condições,  os avançados fazem figuração, o problema é que o Benfica é um clube de futebol e não uma companhia de teatro. São bem pagos,  de facto. Nem o Joaquim de Almeida ganhou o salário destes avançados que nem decorei os nomes quando participou na série americana 24 protaginizada pelo Kiefer Sutherland. Há vidinhas boas, principalmente estas do plantel do Benfica para a temporada 2023/2024.

h) O jovem João Neves, não lhe olhem ao tamanho. Sozinho no meio-campo também não pode fazer muito, quando os colegas andam a passo, não se desmarcam ou não são capazes de se esforçarem como ele se esforça. Tem 19 anos, mas nos jogos dá lições de talento e espírito de sacrifício aos colegas mais velhos em campo. 

i) No jogo de terça-feira, no camarote do Estádio da Luz, o Rui Costa estava ladeado por dois históricos jogadores do Benfica: à esquerda dele Toni, à direita dele Humberto Coelho. Já com a idade que têm e as maleitas que procuraram ao transportarem a águia ao peito, se fossem chamados para entrarem em campo, fariam melhor figura do que muitos dos jogadores que estiveram a pisar a relva sagrada da Catedral. O Humberto Coelho a fazer dupla com o Otamendi e o Toni acompanhado pelo João Neves no meio-campo a Real Sociedad não tinha jogado superiormente. O Toni ainda tem razão: quando não se veste o fato-macaco, perdem-se jogos.

j) Em resumo: para além do milagre que têm de fabricar na segunda parte da fase de grupos para a qualificação para os oitavos de final; seria preciso uma equipa nova com cinco jogadores com a garra e qualidade de Otamendi e seis jogadores com o espírito de equipa e talento de João Neves. "Limpávamos" os troféus todos. A liga dos campeões já se sabe, sermos finalistas já não seria mau. Era bom era, com a ventania que está, o meu sonho rebentou ao cair um galho de uma árvore.

l) Esta última alínea tem um único destinatário: Roger  Schmidt. Os benfiquistas não têm a mentalidade dos nossos principais adversários que ao derrotar-nos festejam como se vencessem um título nacional. Nós não gostamos de prémios de consolação. Por isso, ganhar aos nossos adversários directos é uma obrigação,  não é por se ter vencido os jogos com o FC Porto que iremos relevar as derrotas na liga dos campeões e as péssimas exibições da equipa nos jogos nas competições internas. O Benfica não é uma equipa organizada a jogar um bom futebol. São onze jogadores a ocupar o relvado sem rumo que por vezes têm a felicidade de ganhar jogos. Um plantel que custa milhões a ter produtividade de cêntimos. 

O facto de o meu Benfica ser um BMW e jogar como se fosse um Renault 5 é maravilhoso para o Ministro das Finanças, o IUC apesar dos aumentos que se prevêem para os carros com matrícula anterior a 2007, não superam o custo dos automóveis topo de gama. Ainda bem. O problema é o BMW 2023 estar com defeito de fabrico no filtro de partículas prejudicando o desempenho do motor: bebe muito gasóleo (dinheiro) e  anda (joga) pouco. É essa é que é essa.

 

 

 

Cenas Pitorescas na rua (2)

Boa semana

Enquanto esperamos na fila pela nossa vez para utilizar o serviço da caixa automática do banco, sem querer, ouvimos com cada bizarria.

É fatal ouvirmos, não temos os ouvidos tapados e ainda ouço relativamente bem, só quando a conversa não me interessa, faço com que os meus ouvidos estejam com as "portas fechadas". Adiante. 

Passo a relatar o diálogo entre  as duas senhoras:

Sabes amiga, eu quando vier cá outra vez a este mundo quero vir em pedreiro. Nesta encarnação ando só a fazer massa de cimento para tapar buracos. Estou uma especialista em alisar rebocos

Responde a amiga de conversa:

—  Eu não, quero vir reencarnada num cão.

Espantada, a amiga que iniciou o tema pergunta:

Porquê?

Com muita ligeireza na língua responde:

Ora, queria ser um cão para morder as canelas das pessoas.

O novelo da conversa continuou a desenrolar-se, decerto com mais detalhes sobre a sua escolha peculiar. Eu é que tinha de ir à minha vida. Não podia ficar ali a fingir que ficaria à espera de alguém que nunca sairia de dentro da agência bancária apenas e só para calar a minha curiosidade. Admito que fiquei triste. Quando vejo a Senhora que acalenta reencarnar num cão, sim conheço-a de vista, é inevitável fazer algumas conjecturas na minha cabeça para justificar a razão para a ambição de ser aquele animal e não outro. Porquê o cão e não o leão? Será por ser um animal doméstico e assim sendo viver no habitat das pessoas, facilitando a distribuição de mordidas? Pois, se fosse pela qualidade e intensidade da dentada escolheria ser um leão.

A Senhora em vez de sangue, corre-lhe  raiva nas veias para lhe apetecer deixar as marcas das suas dentolas nos seus ódios de estimação.  Será possível? Se precisar de uma transfusão, falece. Só há banco de sangue, saquetas de raiva ainda não vi em lado nenhum. Há uma nova plataforma de mercado online de venda de produtos, a TEMU, nunca se sabe se não têm à venda raiva solúvel. A propósito, já utilizaram esta plataforma? A experiência correu bem? 

Continuando. 

Se acreditasse na reencarnação, não sei no quê ou em quem gostava de me apresentar na Terra. Todavia, nunca pensei na hipótese de ser cão. Até porque eu não pretendo morder em ninguém nesta vida. E mesmo se tivesse esse objetivo, seria impossível reencontrar as pessoas que na outra vida pretendia oferecer como presente umas dentadas. 

Há bocado cruzei-me com a Senhora... já estava a treinar para a reencarnação, encontrava-se a espumar de raiva, espero que aguente nesta encarnação o ímpeto de morder. Amanhã, estarei atenta às notícias da "aldeia", se há alguma mordedura a ser o assunto central no mata-bicho. Se assim for,  imediatamente saberei a autora da proeza, não precisarei de pormenores. 

Minhas queridas e meus queridos, desejo a todos vós uma semana a pensar naquilo que querem reencarnar, caso acreditem nessa "ciência", ou simplesmente descabelai-vos pelo vosso bem-estar nesta encarnação que conhecem. Vivam-na, mas por amor à santa, tenham amor aos vossos dentinhos. 

São estes os jornalistas com o diploma do ISCTE ou da NOVA FCSH?

Queridos leitores, evitaram as esquinas e as avenidas durante a passagem da Tempestade Aline? 

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Perante estes textos jornalísticos de excelência, pergunto-me se  estes jornalistas  aprenderam nos únicos estabelecimentos de ensino universitário dignos de promoção televisiva dia sim, dia sim? Uma espécie de elitismo comercial bacoco.  Parecem as listas de reprodução de música nas rádios: passam música sem qualidade, mas esse não é o critério, antes a primazia do poder das editoras discográficas da cultura de massas.

O Largo do Rato domina estas universidades, por isso a  bazófia que anda em torno do ISCTE ou da NOVA FCSH. Dizem eles, inclusive os alunos e recém-licenciados, com a formação adquirida de altíssima qualidade, estão preparados para contribuir para o progresso de Portugal para futuramente estar inserido numa sociedade desenvolvida norteada pelos valores das ciências sociais  (acrescento eu:) de matriz socialista - Venezuela Europeia e das ciências económicas (acrescento eu:) de matriz subsídio-dependentes — tudo dentro do Estado e só deixar algum sector privado vingar. São estes iluminados que saem destas universidades do regime com um ego exacerbado. Os que têm o canudo com a chancela das outras universidades e Politécnicos, ou seja,  rotuladas como tendo formação tipo terceiro mundo, não são válidos para trilhar os caminhos para Portugal ser um país com um futuro igual às melhores economias europeias focadas na criação de receita por via de uma indústria limpa e desenvolvida capaz de ser o motor na evolução equitativa de uma sociedade conhecida pelos baixos salários e elevados impostos directos e indirectos como é a portuguesa. Com efeito, estes diplomados nas "instituições de ensino superior do terceiro mundo" não servem para assegurar o tal futuro de Portugal pois emigram, ficando cá os meninos e as meninas super-inteligentes a desenvolver Portugal a partir das juventudes partidárias, dos empregos dentro da administração pública em lugares que só aumentam a burocracia estatal e das agências de emprego em que se tornaram o ISCTE e a NOVA FCSH. Estão a concorrer para serem as principais entidades empregadoras de Lisboa e Grande Lisboa. 

Na televisão também há rasto deles e delas made in ISCTE e NOVA FCSH: "vem aí rajadas de mais de 100 km/h, esquinas e avenidas são os pontos críticos."  E as travessas, não serão também? 

 

Ninguém ouviu Joseph Borrell

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O Joseph Borrell está a falar sozinho.

A Itália não quer ser o campo de refugiados da Europa, grita mas ninguém a ouve. Assim, foi tratar do insustentável canal de migração em que se tornou com os governantes do Egipto. A Itália não quer continuar a contribuir para o grave flagelo humano que espera os migrantes ao pisar o solo italiano. A migração é um assunto sério e deve ser tratado com seriedade, ou seja, conseguir dialogar com os países emissores de emigrantes ilegais subjugados às máfias de tráfico humano.  Estamos a assistir a um negócio humano inaceitável neste século.

Em compensação o Presidente da República Portuguesa acha que é com dinheiro que se resolve esta problemática social insustentável e desumana: "os países que ficam de fora por não quererem receber migrantes contribuem pagando". Quem não se cruza com as dezenas/centenas de migrantes a deambular sem rumo pelas ruas de algumas cidades portuguesas acha que o futuro destas pessoas e dos países que os acolhem é receber dinheiro. Não é. A Itália,  a Grécia não querem esmola. Quer soluções para que não haja uma catástrofe social. Os países que queiram passar o cheque não pensem que praticando a "caridade" se livram de serem um dos culpados para esta migração desregulada que ameaça efectivamente criar instabilidade social ao nível da insegurança  favorecendo a criminalidade em solo europeu. 

Boa semana

Marca no calendário: 16 de Outubro de 2023, celebra-se o Dia Mundial da Alimentação,  regressa à mesa, pelo menos umas horas, a discussão da importância dos feijões e dos brócolos. A dias da comemoração do dia das bruxas salta para as mesas dos portugueses a abóbora, é pena não ser para a panela para ser cozinhada. Só se  lembram dela para fazer de lanterna depois de desenharem os buracos para os olhos e boca. Acho uma brincadeira disparatada.  Não se deve brincar com os alimentos. Há tantas pessoas que não têm uma fatia de 300 gramas de abóbora para a sopa, enquanto que outras entretém-se a fingir que são o Miguel Ângelo a esculpir o legume laranja de sementes. A minha  bisa dizia em tom de brincadeira: vê lá não comas abóbora em demasia, ficas sem força nas canetas.

Hoje, também se assinala o Mundial da Coluna Vertebral. Todos temos, mas alguns mais do que outros, no sentido figurado. Na maioria das decisões políticas nota-se a inexistência de coluna vertebral. Transportando para a realidade portuguesa o novo capítulo da escalada de violência no conflito Israelo-palestino tiramos a primeira conclusão: vamos ser dos países europeus com mais vítimas mortais. Confesso o meu enorme desconhecimento de haver tantos patrícios com os nomes totalmente em hebraico. Estou mais habituada a identificá-los com aqueles apelidos caracteristicamente portugueses: Stephenie Pereira ou  Johnny Silva. Ninguém é capaz de afirmar que não são de origem portuguesa. Os apelidos denuncia-os.

Todos precisam de carinho, respeito e auxílio do Estado Português, somos portadores de cartão de cidadão e passaporte com o brasão de Portugal cunhado, todavia, se as vítimas dos incêndios de 2017 se se apresentassem como luso-descendentes teriam sido melhor acompanhados e as consequências dos incêndios teriam sido resolvidas com maior celeridade. Há tantos portugueses nascidos e criados em Portugal que são desprezados pelo Estado Português quando precisam de socorro que por vezes quando não há coluna vertebral o descontentamento pela dualidade de tratamento gera revolta. 

Segundo o IPMA nos próximos dias estaremos sob a égide de sistemas depressionários(?!). Espero que estes sistemas se liguem à região andaluza. Quando a economia local dos concelhos portugueses depende do Rio Tejo, os vizinhos espanhóis não respeitam o protocolo da libertação de água que está acordada entre estas duas democracias.  Só quando têm excesso de caudal (durante os meses de Inverno) resolvem cumprir o Convénio, assim o Tejo nos meses quentes está quase sempre seco em muitas zonas. E o mesmo acontecia com o Rio Guadiana,  porém como os agricultores de Andaluzia achavam que podiam ganhar sempre, perante a seca severa que estão a enfrentar apelam à chantagem emocional cobiçando descaramente a água da barragem de Alqueva, exigem-na para regar as produções agrícolas de Huelva. O karma é tramado. Nós não estamos sempre na mó de cima, têm a mania que são mais espertos e já fazem ilegitimamente captações de água  jusante de Alqueva, não podem pedir mais cedências que prejudiquem a população portuguesa. Assim, estou a torcer que os sistemas depressionários que estão para chegar nas próximas horas façam uma bifurcação: uma parte fica cá e a outra vá em direção dos espanhóis de Andaluzia. Os descarados têm muita piada eis o que fizeram: "O Parlamento Regional da Andaluzia aprovou uma proposta para a transferência dos direitos da água dos utentes do Alqueva para os utentes da bacia hidrográfica Tinto-Odiel-Piedras e Chanza, no âmbito da cooperação entre Portugal e Espanha, noticiou o jornal Público, este fim de semana." É inacreditável, depois de Portugal ter relevado a não libertação obrigatória de água para o nosso Rio Douro, querem a "transferência dos direitos da água dos utentes de Alqueva" (!?).

Deixem-me ser egoísta, pelo menos durante uma semana, fico incomodada com a compra da nacionalidade portuguesa como recompensa de uma injustiça que nos querem colar como um autocolante* ou com a desfaçatez dos espanhóis na tentativa de apoderar-se da água que não é deles quando não se têm acanhado em não cumprir os acordos sobre a água com a condição de pensarem em primeiro lugar neles e apenas neles. 

[* Há portugueses que vieram durante a descolonização que não conseguem obter a nacionalidade portuguesa e consequentemente os filhos nascidos em Portugal também não. Mas, estes portugueses vivem em bairros sociais ou em casas térreas simples. Os tais que penduram a bandeira de Angola ou Moçambique na janela e muito português branco fica irado. Acreditem que estas pessoas não têm a cidadania portuguesa e viviam nas colónias e quiseram vir para Portugal, portanto eram  e são portugueses como eu, por exemplo.  A diferença é que tenho cartão de cidadão e eles são considerados apátridas.]

Desejo a todos vós uma semana com um pouco de egoísmo, também é preciso. Se não pensarmos em nós de vez em quando, quem pensará? 

Rescaldo das eleições Madeira 2023: laranja sem sumo

"(...) o incompreensível pode ser desprezado, mas nunca será se houver maneira de o usarem como pretexto."

José Saramago, Ensaio sobre a lucidez 

O António Costa nem tem mãos a medir, sabendo que os madeirenses gostam mais de laranjas do que de rosas, não se empenhou nada na campanha eleitoral. Se o Cafôfo não conseguiu que se apaixonassem pelas rosas, não era o desbotado Sérgio Gonçalves que iria manter o bom resultado das últimas eleições regionais. O Partido Socialista perdeu oito deputados. Foram "encontrados" pelo Bloco de Esquerda, PAN e Juntos pelo Povo.  O Chega elegeu quatro deputados. A Coligação PSD/CDS deixou cair um deputado no cesto da IL. Então não é que em vez de irem resgatar o seu deputado caído no cesto liberal, o Albuquerque montou uma operação de resgate e salvamento ao deputado ganho pelo Partido dos Animais e Natureza! Escusam de vir com a lengalenga fastidiosa que é um "resgate" atípico. Ó meus ricos amigos, as laranjeiras plantam-se na natureza. Assim sendo está aqui uma boa aliança para conseguir a tão esperada maioria parlamentar do PSD/CDS à custa da Natureza, ou seja, do PAN. Esta IL quer deixar de comer laranjas, as 20 pastilhas efervescentes de vitamina C do supermercado estão mais baratas do que comprar um quilo de laranjas. Por isso, cada um e cada qual respeitaram-se e principalmente não desvirtuaram as ideologias que defendem com unhas e dentes em momentos de aperto. Lá estou eu a  seguir os trocadilhos linguísticos que o Miguel Albuquerque usou no seu discurso de vitória. 

Não percebi o seu entusiasmo com voz gritada. O maior derrotado da noite foi o Excelso Albuquerque. Em 2019, não conseguiu governar sozinho teve de pedir ajuda ao CDS.  Volvidos quatro anos, apresentou-se coligado e mesmo assim não conseguiu a maioria dos votos. O que adianta ganhar em todas as freguesias se não conquistou a maioria absoluta? Sim, foi a grande desilusão da noite eleitoral. 

(Parecia o PCP nacional, onde nunca sai derrotado em nenhuma eleição a que se candidata.)

Não sei se já o avisaram, vai ter de cavar bem a caldeira da laranjeira plantada no quintal do PAN para reter a água. Se assim não acontecer há perigo de as laranjas crescerem secas, impossibilitando servir sumo com vitamina C aquando da discussão e viabilização do orçamento regional do Estado.

Naturalmente, tal como a derrota do PS no arquipélago com as mais lindas madressilvas, não se fizeram esperar os barulhos de escorregadelas nas laranjas usadas para fazer o sumo. Inclusive do próprio partido que aceitou beber sumo de laranja a todas as refeições. 

Os membros dos partidos "baptizados" com substantivos formais e abstratos que significam tudo e nada costumam fazer as suas birras de rejeitados em horário nobre, o que estariam à espera de um partido que concentra no nome as palavras: Pessoas, Animais e Natureza? Obviamente, confusão e  existência de momentos intensos em busca de algum protagonismo pessoal quando se tem um microfone à frente da boca. 

Ia beber um sumo de laranja natural, mas lembrei-me que não tenho laranjas na fruteira, apenas tenho limões. O que acham de eu pintar o limão de laranja? Ficava um sumo de laranja azeda e enviava por CTT registado ao Luís Montenegro,  o moçoilo no domingo eleitoral transpirava em bica, fiquei preocupada se não teria ficado desidratado. Isto de estar na liça é mais complicado e diferente do que estar a passar nos bastidores da oposição no partido rasteiras ao seu antecessor Rui Rio. 

Verdade seja dita, os ares da Madeira fazem bem ao Luís Montenegrino, se assim não fosse não tinha dito a frase mágica: nunca irá fazer coligações ou acordos parlamentares com o Chega. Se o quiserem ver como primeiro-ministro, os laranjinhas zangados que votam no partido do Ventura terão de voltar a colocar a cruz no quadrado às escondidas, para tal deverão tapar com o lenço o símbolo do PSD no boletim de voto. 

Comecei estas linhas a frisar que o António Costa não tinha mãos a medir, porém ao entrelaçar outros assuntos foi ficando para trás esta ponta solta. E que ponta solta. O secretário geral do Partido Socialista ensinou Mário Centeno a ser político e agora está a tentar passar a perna ao seu professor, para além de lhe ter oferecido como prenda a função de governador do Banco de Portugal. António Costa ambiciona ir para a U.E. e agora tem um concorrente com aspirações em ocupar um lugar europeu. Há a ideia disseminada do interesse de Mário Centeno querer ser Presidente da República. Não concordo.  A Europa é o seu sonho. O antigo ministro das finanças está usar habilmente (ilegitimamente) a posição privilegiada que ocupa para fazer campanha de promoção da sua imagem para ser "seleccionável para o clube europeu" através das várias entrevistas e participações em conferências onde tem dado o ar da sua graça. Esta actuação refinada apanhou desprevenido o seu professor. A Madeira sempre esteve perdida, os esforços tinha e têm de ser para a conquista de um cargo na União Europeia, com este opositor empenhado em fundir as suas capacidades técnicas com a ciência política torna mais difícil a realização do sonho europeu para o Primeiro-Ministro António Costa. Uma vez que sabe que entre eles os dois é mais fácil o Mário Centeno ir trabalhar para Bruxelas e ele ficar por Lisboa à espera de uma oportunidade como a que o Ferro Rodrigues teve. Tantas vezes que passa a perna a todos os que o ajudam a perpetuar-se na política, vai chegar o dia onde ele irá tropeçar na sua própria perna. Se é que não tropeçou já e está  a tentar esconder os joelhos em carne viva. 

Beber sumo de laranja faz bem, é só ver a felicidade dos nossos madeirenses.  As flores são para embelezar, a vitamina c é o motor desde sempre de um arquipélago que sempre quis ser as ilhas Virgens Britânicas. O Partido da Rosa está à espera que a laranja azede de vez, vai ser um carnaval quando tal suceder.

Se eu tivesse laranjas fazia sumo de laranja, fiquei com a boca seca de pensar na tal possibilidade. Os madeirenses merecem mais e melhor, o Partido Socialista não serve para desenvolver económica, financeira e humanamente um país.