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Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

Boa semana com um recado ao Padre Borga

A minha neura caminha para o tamanho da muralha da China.

A semana neste estaminé vai começar com um recado endereçado ao Padre Borga.

Hoje, no programa Praça da Alegria transmitido no canal público, o Senhor Prior foi cantar uma canção nova do seu reportório alusiva à Jornada Mundial da Juventude em Lisboa. Com a astúcia que lhe é conhecida, sem ninguém lhe perguntar, antecipou-se e referiu que não vai ganhar nada com a canção. Se o pro bono for igual aos dos participantes baptizados de voluntários que são obrigados a pagar duzentos e tal euros (sem factura) para adquirem a  credencial de participação. Estamos conversados.

O Padre Borga é muito experiente tanto a celebrar os eventos religiosos, como também frente a uma câmara de televisão. 

Com aquele semblante de beato enjoado com a lição de engrolar muito bem estudada remata a "missa" no programa da RTP1 de forma mordaz: "vamos ver quanto vai custar as comemorações do cinquentenário do 25 de Abril". 

O Padre Borga com esta afirmação provocatória sem sentido, em que compara o que não tem comparação,  lembrei-me de uma expressão alentejana que sintetiza a estupidez da comparação, porém como é brejeira, e não querendo vulgarizar aquilo que não não deve ser desrespeitado, fica para a próxima esse adágio. 

Devo deixar o seguinte alvitre ao Padre: as comemorações do 25 de Abril fazem parte de um sistema político,  a democracia, que é custeada pelos pagadores de impostos.  Ao contrário, as Jornadas Mundiais da Juventude são um cerimonial religioso que deve ser pago pela Santa Sé, a autocracia liderada pelo Papa, pela Igreja Católica Portuguesa e pelos católicos praticantes. Os impostos que o contribuinte português paga ao Estado que ficam com o fiel depositário, ou seja, os governantes da administração local e central não deveriam ser usados neste tipo de eventos,  quando a Igreja tem os seus próprios meios financeiros.

Assim, é criticável esta postura do Padre Borga, acrescentando que a Igreja Católica e Apostólica Romana Portuguesa nunca ficou prejudicada com a "aclamação" e "implementação" do regime democrático resultante da revolução dos cravos. Nestes quase cinquenta anos de democracia a Igreja continua a ter muitos privilégios nomeadamente: o património isento de impostos (inclusive as casas de habitação dos padres contíguas às igrejas), recebimento de muitos subsídios para as misericórdias e IPSS's de cariz religioso sem haver uma efectiva fiscalização da aplicação dos fundos financeiros tendo em vista a boa governaça. O Esdado delega na Igreja os serviços sociais obrigatórios, sem haver os tais critérios de governar de forma equilibrada os recursos despendidos pelo Estado e sociedade civil entre os diversos parceiros do terceiro sector que está dominado pela Igreja Católica. São as benesses e as aleluias da Concordata. 

O Padre Borga gosta de fazer política, rasteira por sinal, sabendo que tudo o que a Igreja dele choraminga os beatos a governar o Estado Laico vão ao seu socorro dar a esmola que é nada mais nada menos o suor dos portugueses depositado na tesouraria das finanças. 

O Senhor Padre,  vá cantarolar a sua canção Jota Eme Jota para o Parque Eduardo VII e não se auto-convide para assuntos que devem figurar na separação de poderes Igreja/Estado, por isso não tem nada que contra atacar o excessivo dinheiro gasto do erário público na JMJ com o custo dos eventos a realizarem-se no âmbito da comemoração dos cinquenta anos da nossa democracia na era contemporânea. 

Desejo a todos vós uma semana a esmolar paciência para aturar estes crismados a precisar de um banho de humildade (o ar superior não será pecado?) e que se consciencializem que têm de pagar as suas próprias contas. Querem festas? Paguem do bolso da Igreja. 

 

 

 

 

 

P&O Curtas (86)

A nova lei da saúde mental

Uma nova lei da saúde mental desenhada pelos brilhantes letrudos que formam o XXIII Governo Constitucional foi promulgada. 

Estavam preocupados e "assustados" com os gastos financeiros que aumentam de noite para o dia com uma franja de personagens adoptantes das desculpas de surtos psicóticos para se enquadrarem no regime inimputáveis para fugir à moldura penal prevista para as atrocidades perpetradas. A ministra com apelido Costa justifica-se com a Constituição,  a impossibilidade de os condenados judiciais ficarem internados numa prisão ad aeternum na alçada do Estado. Refere, ainda: "É preciso também tranquilizar as pessoas e dizer que a larga maioria destas pessoas são pessoas que estão numa situação que é perfeitamente compatível com qualquer uma das soluções que estão a ser encontradas".

Minha cara, eu estou tranquila, ou melhor muito descansadinha, até devido àquela anedota que se conta: fugiram trinta do manicómio e entraram trinta, mas dos que entraram não eram nenhum daqueles que tinham fugido. 

E mais serena fico com as soluções que irão encontrar para os que levam o carimbo de soltura da prisão-hospital, os serviços e instituições sociais tuteladas pelo Estado nem costumam falhar como as notas de mil. Disparate, a moeda em circulação é o euro, as falhas aconteciam quando tínhamos o escudo. 

Em abono da verdade esta lei veio para proteger os falsos inimputáveis, que infelizmente, são muitos a cumprir uma pena suave para atrocidades infligidas ao seu semelhante que acabam por nunca se fazer a verdadeira justiça, pior  fica quando recorrem à artimanha da inimputabilidade. Tirar a vida a alguém, incendiar florestas originando prejuízos humanos e materiais não há anos de prisão que condenem quem se tornou dono ilegítimo da foice da morte e condenou ao sofrimento aqueles que ficaram para fechar no caixão da morte a vida que fizeram nascer e com ela conviver e nesse derradeiro dia de um enterro, desenterrar as memórias de momentos vividos guardados no pensamento e avivados com as fotografias, os postais comemorativos e os presentes que ganham vida e importância a partir da interrupção da vida precocemente ou das perdas materiais que mergulham em mais dívidas para pagar o que nunca se vai voltar a ter: aquilo que foi construído com muito sacrifício. 

Liberdade aos inimputáveis. Não há "perigosidade". Devemos olhar para o conceito correcto de perigosidade à luz da saúde mental e o psiquiatra forense Fernando Vieira explicou, foi pena ninguém ter lido ou ouvido (Rádio Renascença, Junho de 2022): Perigosidade não é fazer agressões graves, cometer crimes em massa, mas sim - e do ponto de vista legal - a existência da probabilidade de se voltar a fazer o mesmo e é por isso que são sujeitos a medidas de segurança para prevenir novos crimes, proteger a sociedade e o próprio.”

Aos falsos inimputáveis – os incendiários ou os homicidas, violadores sexuais – vão ser  premiados com esta nova lei.

O director-geral de reinserção e serviços prisionais também disse umas palavrinhas: "isto foi sempre um problema muito complicado para nós porque não é bom, de forma nenhuma, termos pessoas ali asiladas."

Asiladas. O hospital prisão não pode ser considerado um asilo. São pessoas que cometeram delitos.  Estão presos. Não estão asilados. São reclusos que requerem cuidados e acompanhamento especiais.

O especialista em saúde mental, Fernando Vieira, à mesma entrevista enalteceu que: a inimputabilidade não é uma doença”. E reforça com os argumentos: “É importante olhar para os cidadãos com doença e perceber se o que fizeram foi por doença ou não. Por exemplo, se alguém bate na mãe porque queria comprar droga, se isso aconteceu em razão da sua doença ou não. Se alguém com deficiência intelectual sabia que estava a bater e coagir a mãe consciente que não o deveria fazer, então a inimputabilidade pode ser questionada.”

O Governo de Costa vive para as estatísticas. É preciso apresentar números/indicadores positivos para os inscrever nos barómetros internacionais, nem que para isso haja o processo de libertação dos falsos e dos verdadeiros inimputáveis criando um clima de insegurança na comunidade de onde são oriundos e/ou ficarem abandonados e desprotegidos amplificando os comportamentos de risco prejudiciais aos próprios e aos outros.

Os direitos humanos passam muito também pelo bom senso, nem sempre o decretar da liberdade de pessoas com comportamentos desequilibrados de foro mental (nem deveriam ter estatuto de inimputável) regressar ao contexto familiar, bem como ficar ao abrigo de protocolos com instituições que prestam serviços de apoio externo não são o mais viável. Estão na esperança que humanizem e criem novas perspectivas de reinserção na vida activa para estes reclusos especiais, nomeadamente, haja melhores cuidados de saúde e respeitem os direitos individuais, com esta nova lei. Não será isso que acontecerá. A solução passaria para a criação de Unidades de Transição, como o Psiquiatra Fernando Vieira defende, com um acompanhamento especializado e em contexto de internato, assim respeitariam os direitos destas pessoas. Mas, pelas declarações da ministra não irá existir esta modalidade, a descoordenação será bem patente, vai ser o jogo do empurra entre os ministérios da saúde, segurança social e da justiça. 

O investimento financeiro em projectos de cariz religioso, sendo nós um Estado Laico (é preciso respeitar uma Concordata inexplicável) são sempre mais relevantes e priorizados.

Estamos a viver tempos estranhos com esta forma de governar na  criação do caos nas áreas fulcrais que evitam a catástrofe social de um país: saúde, justiça e educação. 

 

 

 

Momentos...

As palavras e as acções

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As palavras são as flores.

As acções são as abelhas.

As acções sobrevivem às palavras.

As palavras dão fôlego às acções. 

As acções alimentam-se das palavras. 

As palavras dão de beber às acções. 

As acções ganham asas com as palavras.

As palavras são as flores.

As acções são as abelhas. 

As palavras são a voz do nosso coração. 

As acções são a voz da nossa mente. 

As palavras são um nada com as acções. 

As acções são um tudo com a palavras.

A morte e a vida encontram-se no cruzamento das palavras com as acções.

 

 

Boa semana

Ora bem, já estão "abastecidos" de chinelos para enfrentar esta época balnear? Isto é que são chinelos à maneira, digam-me lá se não tenho razão:

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Fonte: Bored Panda

[caso estejam interessados em ter um par destas maravilhas podem comprar no Aliexpress].

Estava a pensar enviar estes chinelos todos catitas para o Alberto Feijóo, têm relva para não aleijar a planta dos pés dada a quantidade de pedras que o António Costa português lhe está a deixar no caminho.

Coitado, do Alberto, o Pedro não quer largar o poleiro. 

Desejo a todos vós uma semana  esplêndida, se não conseguirem estes chinelos com relvinha, não fiquem deprimidos, com este Primeiro-Ministro de Portugal, o melhor é andarmos calçados com botas ou sapatos de biqueira de aço para não termos o azar de furarmos os pés com os pregos e os parafusos que tão bem tem sabido espalhar pelas ruas e ruelas, estradas e veredas calcorreadas por todos nós.