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Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

P&O na Planície: Bom Fim de Semana 135

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P&O na Planície: Bom Fim de Semana 135 = Primeiro EstacionamentoA Primavera enclausurou na gaiola o Outono. Nunca foi necessário um mandado de captura, o movimento de translação é o juiz de penas. Porém,  há personagens de carne e osso que são procuradas pela justiça, como têm um estatuto de galácticos, vivem bem com um mandado de captura internacional. A Isabel dos Santos é uma dessas personagens que está a mergulhar nas águas do Dubai sem se preocupar com a questão de ser uma fugitiva à justiça.  Nas suas redes sociais adiciona fotografias com o sol a criar paisagens esplêndidas a troçar com aqueles que têm a ficha limpa na justiça. Os seus conterrâneos apanham sufocantes banhos de sol vestidos com os trajes de trabalho para conseguir dinheiro para fazerem uma única refeição por dia. São estes contrastantes que envergonham quem enriqueceu à custa da miséria de outros.

Vladimir Putin é outro que tem um dourado mandado de captura internacional, não lhe vai interferir em nada na sua faustosa e criminosa rotina diária. Ele pode estar virtualmente nos sítios, basta escolher o destino e lá aparece o seu holograma de corpo inteiro trabalhado com bisturi.

Nem sei o que dizer das declarações do ainda ministro Cravinho: ah e tal se o Putin aparecer aqui em Portugal, vamos aplicar as ordens do TPI e algemá-lo. Mas o que é que o Putin vinha cá fazer quando tem os seus espiões instalados e amigos a darem-lhe informações de tudo o que se faz neste género rectângulo com o mar como vizinho? Pode esperar sentado e guardar as algemas para os seus, enfim, colegas de partido, por exemplo. O Presidente russo tem um informador inesperado no Governo. Quem não se lembra do célebre envio dos nomes e moradas dos manifestantes contra o regime de Putin para a Embaixada dos Czares. A culpa recaiu numa suposta regra de conduta interna para este tipo de manifestações políticas, ficando assim  arquivada a história. Os manifestantes ficaram ainda com mais restrições de movimentos a nível pessoal e profissional, para além da família residente na Rússia ter ficado com maior vigilância. O Fernando Medina,  esse, foi promovido  a Ministro das Finanças.  O Vladimir Putin festejou a ordem decretada pelo Tribunal Penal Internacional com a instalação de material bélico na Bielorrússia.  Ele e o Lukashenko não gostam de bolos, se não tinham feito a comemoração desta aliança oficial com um bolo de três andares. São homens que não gostam de açúcar.  Estão sempre com os azeites. O Putin não deve dormir bem com este mandado de captura de um tribunal, cujo o qual não lhe reconhece legitimidade, não viram as olheiras na pele de bebé dele? É sinal de dormir muitíssimo pouco com a preocupação de ser apanhado e não conseguir colocar botox nas beiças, por falta de tempo. Sem esquecer que ainda está cheio de medo com a possibilidade de ser preso em Portugal, é por isso que arqueia mais as pernas ao andar, é o medo a entrar no corpicho fit.

Segundo estacionamentoEm Portugal, anda tudo a bater no peito que é um grande activista contra as alterações climáticas. Cá escrevem nos cartazes "não há  Planeta  B" como importam as frases, organizam manifestações subordinadas aos temas ambientais escolhidos para haver uma chuva torrencial de mediatismo para a menina Greta sair beneficiada, por seguirem a agenda dela, os activistas ambientais portugueses não se preocupam em organizar um protesto contra o abate de 1,5 milhões de árvores na zona de Santiago do Cacém para aí nascer uma central fotovoltaica com cerca de 2 milhões de painéis solares.   Para atingir as metas de neutralidade carbónica definidas pela U.E., em que muitos estados-membros nem estão interessados em cumprir, Portugal como o Governo Costa quer ser o pioneiro, aprova estes projectos megalómanos. Os activistas ambientais portugueses consumidores de saquetas de fruta da Nestlé fazem apelos  contra a desflorestação na Amazónia, mas não se insurgem com este abate criminoso contra a biodiversidade favorecendo as "plantações" de uma geringonça de metal com vidro para criar energia renovável como se fosse a última coca-cola no deserto. Não é eco-chique. Os defensores brasileiros da Amazónia logo virão a Portugal levantar cartazes a defender a manutenção das 1,5 milhões de árvores em Santiago do Cacém. Há mais. A título de exemplo: os meninos e as meninas que invadiram a instalações de uma universidade de Lisboa não querem acampar à porta de uma herdade perto de Gavião (Alentejo) para impedir o derrube de 1079 sobreiros e quatro azinheiras autorizadas também  pelo Governo Costa para ser "plantada" uma central fotovoltaica?  Isto sim era lutar pela manutenção da flora autóctone, aliás protegidas pela lei, porém só é acionada essa protecção com pequenos agricultores com poucos recursos para grandes investimentos, os pseudo-lavradores com projecto de investimento de milhões podem arrancar sobreiros à vontade,  tudo  em nome da imprescindível utilidade pública." Para além de (início de ironia) ser um projecto muito sustentável capaz de reduzir a zero o aquecimento global ao apostar apenas e só na premissa da energia renovável (fim de ironia) entrando em conflito com a conservação e protecção dos ecossistemas, nada disto importa para o Governo de Costa quando ambiciona conseguir o brilharete das tais metas da neutralidade carbónica, nem que para isso haja um abate selvagem de árvores. 

Terceiro Estacionamento: um alerta para os seguidores das causas generalistas importadas: a menina Greta também se descabela pela instalação de parques eólicos como demonstra  esta notícia: "a jovem ativista sueca juntou-se a grupos indígenas e ambientalistas para protestar contra dois parques eólicos construídos em uma área de pastagens que pertence à etnia Sami." Não sei quem a informou, porém, leiam bem meus comedores de fruta em puré  e decorem o que a vossa guia espiritual ambiental disse: Os direitos indígenas, os direitos humanos, devem andar de mãos dadas com a proteção climática e a ação climática. Isso não pode acontecer às custas de algumas pessoas.

Prestem atenção: há  planos de instalação de cinco parques eólicos offshoreou seja,  eólicas no mar, que têm uma forte oposição por parte dos pescadores. Turbinas  no mar a coexistir com a pesca não será um cenário conciliador para a sustentabilidade do ecossistema marítimo, para além do agravamento da situação de crise sócio-económica que o sector da pesca portuguesa está atravessar. Protestos precisam-se. 

Quarto Estacionamento: Por falar em turbinas e  pás das eólicas.  Vai nascer uma fábrica que vai reciclar esse material em fim de vida transformando em mobiliário urbano (interior e exterior) e artigos de decoração.  Apesar de ainda haver uma polémicazinha, não tinha piada se assim não existisse: "a câmara está a "avaliar a legalidade" do depósito de pás de aerogeradores eólicos na zona industrial de Valença, antes mesmo da instalação da unidade de processamento dos mesmos resíduos e transformação em novas peças." Não estou muito preocupada com esta controvérsia, é um projecto de milhões o entendimento passa por tapar o amontoado de resíduos inoperacionais das eólicas até que as instalações físicas estejam preparadas.  O lixo basta ter muitos zeros à direita para ser considerado lixo premium.

Mal posso esperar pelos candeeiros feitos de pás das eólicas.  As turbinas também darão bons vasos para semear umas camélias. Já sabem, quando pensarem mobilar uma casa ou quando estiverem fartas do candeeiro da sala, esperem até o Senhor Angel Costa colocar no mercado a sua ideia que diz que é única no mundo. Eu gostava que o sortido de peças decorativas incluíssem elefantes. Era uma das vossas futuras clientes,  comprava um elefante para fazer inveja aos inimigos que estão à porta da nossa casa: – "olhem para o meu elefante mai lindo feito de pás de eólicas. Vocês não têm relíquias destas. Nívea para besuntar nos vossos cotovelos, meus queridos." 

Sim, leram bem "inimigos que estão à porta da nossa casa", nunca ouviram dizer que mais vale ter vinte inimigos à porta do que ter um único inimigo dentro de casa? 

Chega de estacionar no local autorizado para o estacionamento. Guiada pelo céu, vou-me por a caminho para ver se ainda apanho o sol no seu esplendor ao anoitecer. 

 

 

Uma Perguntinha... (6)

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Estou deveras emocionada. A razão pela qual a emoção tomou conta de mim não se prende com o facto de António Costa ter insinuado a possibilidade de o IVA baixar na alimentação. A ser verdade, a diminuição deste imposto quando tem acontecido nunca se reflectiu na carteira dos portugueses. Há os conhecidos exemplos: na restauração e nas bicicletas, os preços não diminuíram, pelo contrário.

Digam-me lá se os vossos olhos não ficam humedecidos pela carga emotiva espoletada ao ver os maninhos Mendes sentadinhos ao lado um do outro nos debates parlamentares? Os meus ficam humedecidos e vermelhos com o esforço para reprimir as lágrimas. Não chego ao ponto de tornar as minhas bochechas na cascata do Niagara. Não posso desperdiçar as lágrimas, tenho de as poupar. Estou cada vez mais sensibilizada para abrir a torneira dos olhos com mais parcimónia. Ainda não inventaram redutores de caudal de lágrimas. Por isso, temos de criar o hábito de chorar só para quem merece e em ocasiões que valham a pena. As fugas no saco lacrimal devem ser tratadas com urgência, não me refiro às roturas de rir até às lágrimas, está estudado por uma universidade com o nome a respeitar a língua do país onde está sediada, chorar a rir é uma boa maneira de secar lágrimas para quando estes coirões que governam Portugal nos proporcionam só tristezas e amarguras, os nossos olhos rejeitem automaticamente dar a alegria desejada por eles: as nossas lágrimas. 

A poupança da água lacrimal deve passar a ser uma prioridade na mediática agenda verde. As alterações climáticas também se fazem sentir na qualidade da lágrima que escorrega pelas maçãs do rosto. 

Enquanto espero que a menina Greta veja as potencialidades na causa para a incluir nas próximas acções de propaganda, com pés de barro, pela sustentabilidade ambiental, entretenho-me a pensar que devem ter a imprensa bem domesticada a seu favor, pois pouca tinta correu pelo facto de o António Costa continuar a fazer do Governo uma Sonae, onde tem ministros que são irmãos.  Os questionários, as normas de conduta e de ética inventadas por este Primeiro-Ministro não passam de medidas chamariz, sem efeitos na prática.  Nesta família não deve ter nenhum elemento desempregado. Mais, a comunicação social não os chateia, não recrimina ostensivamente a posição de Costa em manter os dois irmãos como ministros, o mano foi promovido, era secretário de estado, já a mana era ministra. É um mistério.  Gostava de saber o porquê?

O Marcelo Rebelo de Sousa menosprezou assim: "Não é propriamente uma coisa generalizada. Não sendo e entendendo-se que cada um tem o seu mérito próprio, e eu tendo feito parte de um governo de direita onde isso já aconteceu, não vejo uma objeção específica que suscite uma oposição da parte do Presidente da República." Acrescentando que no governo a que fez parte liderado pelo Francisco Pinto Balsemão era composto por dois ministros irmãos: Basílio Horta e Ricardo Bayão Horta. Por outro lado, há a justificação previamente preparada: "Ana Catarina Mendes reporta "exclusivamente" a Costa e o irmão só se articulará com as Finanças." Como se vê amiúde nas idas do Primeiro-Ministro ao Parlamento, não é bem assim, nem friso as reuniões de conselho de ministros. É sempre tudo dentro da legalidade no que concerne ao regime de incompatibilidades e impedimentos aplicável aos políticos. 

Com o histórico de "familygate", o António Costa era para ter virado a página às nomeações políticas com filiações até à quinta geração. 

Insisto: os maninhos têm uma imprensa tão fofinha, porquê?

 

P&O na Planície: Bom fim de semana 134

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P&O na Planície: Bom fim de semana 134 = O mar está bravo, nem olho para as ondas gigantes que estão por lá. É melhor manter os meus pezinhos em terra firme. Não cultivei os laços de amizade com as gaivotas, criei maior afeição aos pombos, não sou amiga, atenção! Vejo-os todos os dias, mesmo quem não queira, cria-se uma relação de proximidade. Olhem para eles na sacada da janela a ver as vistas aéreas por cima das nossas cabeças.  

Quando já não podia ouvir-me com a tagarelice chata, a minha mãe estava sempre a dizer na brincadeira uns versos de uma canção da Amália Rodrigues: "Cheia de penas / Cheia de penas me deito  / E com mais penas / Com mais penas me levanto."  Bem lembrado, há muito tempo que a minha Mãe não me diz ou me canta isto. Tenho de espicaçá-la. Sei que é o dia do Pai, mas não consegui evitar esta memória bonita com a minha mãe. Mesmo no dia do Pai a figura da matriarca está e estará sempre mais presente. Só faz sentido assim. Para mim.

Escrevo à hora de jantar, o meu Pai, para eu não levar o ralhete da minha Mãe, comia-me parte da comida às principais refeições. Em dia de comemoração da condição de Pai, é esta a memória generosa escolhida. Ao contrário, não vou espicaçar o meu Pai para fazer este favor de me comer a minha comida ao almoço ou jantar. Perdi com o avançar da idade a falta de apetite, tão característica das crianças. No meu caso a perda de apetite era selectiva, é inato em nós, uns têm memória selectiva outros gostos selectivos. Já pensei seriamente contratar um detective privado para encontrar e trazer de volta para mim a desejada falta de apetite. A entrada na fase adulta perdemos tantas coisas, para ganhar outras, nomeadamente, sermos comilonas (e quando estamos naqueles dias pré-menstruação, irra andamos sempre esfomeadas).

Ao ver estes pombos alentejanos na sua vidinha, lembrei-me dos pombos lisboetas que devem sobrevoar e quiçá descansar as asas neste último grito de utilidade: os pousa-pés para os ciclistas esperarem pelo sinal verde do semáforo. Por agora só há dois coisos destes para os pombos, perdão, para os amigos adeptos das biclas. Estão instalados na rotunda de Entrecampos, para não perderem o equilíbrio na espera pelo semáforo verde, os ciclistas pousam o pézinho num suporte amarelo-canário.  Acho mal, devia  ser em cinzento-pombo. Por acaso já viram os lisboetas a alimentar canários nas praças? Não.  Não percebo a escolha da cor para estes coisos-muito-úteis-que-os-ciclistas-não-vão-usar‐porque-não-querem-ser-gozados. O cinzento-pombo a cor que Lisboa não quer que seja moda.

Cada país com as suas prioridades:  a Letónia está a enviar para a Ucrânia os carros apreendidos aos condutores autuados por excesso de álcool no bucho.  Ui se esta medida se aplicasse cá, ficariam as ruas completamente limpas de carros estacionados. Não seria má ideia. Há ruas que são deprimentes engarrafamentos de carros estacionados.  Por sua vez, o Iniciativa Liberal apresentou um projecto-lei no Parlamento para colocar um ponto final, segundo eles, numa "obrigação inútil", a colocação da vinheta do seguro no  vidro do automóvel. Li comentadores encartados e licenciados pelo Facebook a criticar esta iniciativa do partido dos "queques", segundo o Primeiro-Ministro, o seu a seu dono. Com tantos problemas para resolver neste país, vão dedicar-se a esta mariquice, escrevem os encartados das redes sociais. Ó quiduxos, têm de começar por algum lado. Obviamente, começam por aquilo que lhes é mais conveniente, como se esquecem de colocar a vinheta no vidro do carrito e fartos de pagar coimas por esse esquecimento,  resolveram propor a resolução de um dos pesadelos deles. Cada coima é mais uma despesa para estoirar o plafond do cartão de crédito. O remediado, é como quem diz, a Nadia Comaneci das finanças pessoais assim que recebe a carta verde, agora branca, deixa tudo, inclusive o leite a aquecer no fogão para colocar a vinheta do seguro novo.  Prefere limpar o leite derramado na placa com queimadores a gás do que pagar uma coima numa operação de Stop. Água e detergente ainda se tem para esfregar os queimadores com o leite encrustado, o dinheiro é que não estica para despesas de última hora. 

Todavia, abordando seriamente este assunto, os deputados do partido IL têm razão, é uma parvoíce sermos multados quando temos o seguro activo e por lapso mantivemos a vinheta com o seguro anterior, entretanto caducado.  Através da matrícula sabem muito bem se o carro está com seguro ou não. Até nós conseguimos o número da apólice e qual a seguradora se colocarmos a matricula no motor de busca disponibilizado no portal da ASF. 

Os pombos também gostam de carros, se dá ao caso apontam mira para onde está colocada a vinheta do seguro. Todos têm a profissão de pintores, pintam tudo por onde passam com uma tinta especialíssima. 

Olhem para eles a descansar na sacada da janela, não partem um prato. São sempre pela paz!

Ainda irei a tempo? Qualquer das formas: Feliz dia do Pai para o meu e para os que ainda têm paciência para me ler. E Feliz dia do Pai para aquelas Mães que têm de ser Pais ao mesmo tempo.  O dia também é vosso. 

O desassossego do "Normal"

O mote vai ser esta frase da Isabel Paulos, anfitriã do blogue "Comezinhas": "Quem me dera num ápice voltar ao mormal. É tudo". 

O que terá de tão sedutor voltarmos ao Normal, quando precisamente no dia anterior pretendíamos com a voz arrastada pelo cansaço mandar, com cuidado, esse normal pela janela com a garantia de não cair em cima de alguém sem culpa e magoar-se com o "teu normal". Será que é o sentimento de culpa a consumir a  mente, quando o ansiado diferente aparece, o Normal surge para desassossegar mais do que é normal? 

O normal veste muitas roupas.  O que é normal para mim, pode ser anormal para os outros.  Há quem viva no fio da navalha e achará isso normalíssimo. A rotina pode entrar no patamar do normal e odiarmos com todas as forças esse normal.  Porém, quando o anormal perturba a rotina do normal, caímos no desespero do sofrimento para pedir aquilo que queríamos virar costas.  A doença, nossa ou de quem amamos, a perda física de alguém de sangue, os azares financeiros,  no fundo os três D's a funcionar em pleno ou intervaladamente: Doença, desemprego e divórcio. 

O desassossego bate à porta, não há nada a fazer.

É um sentimento sentado num trapézio sem rede. 

O normal para além de vestir muitas roupas, pode calçar uns ténis bem como uns sapatos com um salto de quinze centímetros.

Virando o "normal" para outro prisma: genericamente afirmamos que "normal" é o comportamento que a sociedade considera apropriado, todavia o que fazemos e somos  em Portugal, pode não ser normal noutro país.  Pode haver um choque de normalidades. As normalidades na sociedade provêm da ideologia e da cultura (muitas vezes legislada), sem esquecer a mentalidade de cada nação. Mais, o que agora achamos normal, não o era há 50, 20 anos ou pode dar-se o caso de não ser daqui a muitos anos. Era normalíssimo a mulher não aprender ler e nem a escrever. Hoje em dia é considerada uma anormalidade tal situação.  Na comunidade cigana,  apesar de alguma evolução na conciliação da sua mentalidade de grupo com a nossa no que concerne ao ensino/instrução, ainda persistente o elevado abandono escolar. Infelizmente. 

De acordo com o filósofo Michel Foucault a normalidade implica uma relação de poder. Isto é, o poder classifica, ordena e controla. Tem o papel de decisor. Decide o que é ou está correcto em cada momento. Quem sai desses critérios (de "correcção") é classificado como estranho. Surgindo assim o grupo dos normais (indivíduos que seguem à risca a tabela dos critérios instituídos pela sociedade) e o grupo dos anormais/diferentes (aqueles que chocam e contestam as normas vigentes e por isso estão rotulados de esquisitos, loucos e diferentes). 

O interesse de Foucault neste assunto foi o simples facto de o filósofo ser homossexual, e na sua época, a homossexualidade era considerada anormal. 

(Não significa que se tenha extinguido esta visão nas muitas franjas da nossa sociedade actual e moderna. Pelo contrário, continuam a içar a bandeira da anormalidade.)

A feroz exclusão  social a que foi sujeito, incitou-o a dedicar o seu talento de pensador ao serviço de demonstrar algo que continua a criar celeuma: a destrinça entre o que é normal e o que é correcto. Os limites para definir a normalidade serão correctos? Quem os determina? A família, a política, as leis, as tradições e costumes culturais de um país ou a religião. Na realidade é tudo um pouco que vai determinar o que é a normalidade e o que é a anormalidade.  Não se conjuga o meio termo, por isso esta rigidez contribui para a radical bipolarização, resultando  comportamentos e atitudes reprimidas. Há quem deseja querer fazer parte do grupo dos normais, pois não quer ser olhado de forma diferente, teme repercussões negativas na carreira profissional e na vida familiar. Cimentou-se a ideia de que todas as coisas que fazemos têm de ser aceite pelos outros, independentemente de não ser aquilo que queríamos fazer. Logo, pode nascer um problema: as pessoas esconderem facetas da sua personalidade.

Apesar de tudo, ainda se considera uma anormalidade o homem chorar, tem de ser durão com nervos de aço. Em contraponto, as mulheres que não choram são conotadas de insensíveis, o normal é serem choronas. Há quem se deixe levar pela corrente da normalidade. Outros enfrentam a corrente e seguem pelas suas convicções e formas de encarar a vida fugindo à clausura da aceitação cega desta sociedade que promove a hipocrisia das coisas normais é que estão correctas e tudo o que foge ao normal é incorrecto, ilegal. Nem sempre. Ambas as posturas dão trabalho e podem resultar em muitos problemas. A esperança é sempre de regressar ao que se tinha. Sabendo que nada será o normal que tínhamos. 

É preciso saber balancear entre o normal e o anormal para sermos umas pessoas equilibradas, só assim somos mais felizes e resolvidos.

Ao vivermos o normal precisamos de quando em vez do picante da anormalidade positiva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Boa semana

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As atitudes dos preconceituosos estão sempre fundamentadas pelas aparências. Nem todo o mal vestido é pobre. Nem todo o bem vestido é rico.  A cor de pele não pode ser o carimbo para associar a uma profissão, supostamente, de categoria inferior, afirmam esses preconceituosos.  As profissões são todas precisas e importantes. O respeito deve imperar. É uma estupidez ridícula relacionar os estilos de dança às classes sociais, o que interessa é a capacidade de conseguir e ter jeito para dançar.  O que há mais são pés de chumbo da linha de Cascais a descaracterizar a valsa.

Nojentos são aqueles que são racistas. 

A série britânica "A volta ao mundo em oita dias" vale  pena ver (ainda está disponível na RTP Play), é uma boa série para descontrair e desenjoar das séries de médicos, advogados, bombeiros e investigadores para desvendar os assassinos. Para quem leu o livro de Júlio Verne é uma forma de reavivar a boa história de aventuras, lida quando tínha poucas olheiras e não era colecionadora de rugas. 

Semana feliz para todos vós. 

P&O na Planície: Bom fim de semana 133

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P&O na Planície: Bom fim de semana 133 = A semana foi como uma casa em ruínas, daquelas que o Governo Costa não quer arrendar coercivamente,  só quer devolutas mas todas arranjadinhas pronta a serem ocupadas sem que os proprietários autorizes. Semana com um telhado a gritar por ajuda de um guarda-chuva, com umas paredes cheias de fissuras e a escafelarem-se, que me fazem lembrar a minha tia a coçar-se com o eczema:

1. Foi a continuação do desfile pela comunicação social da podridão das mentes da Igreja Católica Portuguesa a justificar o injustificável, até o Bispo de Beja contribuiu para a amnistia dos crimes praticados pelos membros da sua seita legalizada (merece um textinho esta personagem). Não se ofendam os católicos pela minha classificação de seita à vossa igreja, às vezes ler um pouco da sua história, não me refiro à Bíblia, perceberiam que estas práticas criminosas sempre existiram, as quais foram devidamente ocultadas e desacreditadas a quem ousasse divulgar ao longo dos séculos. 

2. Também houve a continuação da saga da história ou será estória?, fiquei na dúvida dada a intensa sucessão  de relatos das peripécias  desta tragicomédia que cada vez mais parece "O Cavaleiro da Dinamarca" da Sophia de Mello Breyner Andresen: o cavaleiro a cada cidade visitada havia sempre alguém que lhe contava uma história; uma coisa é certa nesta narrativa não entra o Primeiro-Ministro António Costa, e faz parte da história,  imagine-se se não pertencesse ao enredo. Tudo têm feito para o esconder na lamparina do Aladino, quando os ventos estiverem a favor para fazer um brilharete, o seu escudo Medina esfrega a lamparina e sai o Génio António Costa com o desejo de fazer desaparecer o seu Escudo  Medina (está completamente furado, não serve já para o proteger) e receber loas dos seus apaniguados, onde se incluem os do seu partido e subsídio-dependentes. O clímax pelo que me deu a perceber deu-se na conferência de imprensa, na qual o Escudo Medina despediu por justa causa ao vivo e a cores o Manuel Beja e a Christine Ourminières-Widene. Estava um rapaz ao lado do Ministro das Finanças que para mim era para ter sido o portador  da má notícia para estes dois, um tal Galamba, mas pelos vistos estava ali para ser figurante,  não me surpreende, desde o momento da sua nomeação sentiu-se no ar, não eram as poeiras do norte de África, que seria um ministério e ministro a fazer figuração no reality show que se tornou o Governo de Costa. Considero este o clímax,  uma vez que o afastamento do Medina do governo já não cria a emoção da surpresa,  dado que quase todos os dias, está na iminência o seu dever de  entregar as chaves do portão do Ministério das Finanças. A sua exoneração não fará história na história da demissão do Governo, pois não haverá tal evento nos próximos meses. Já a caminha para a saída do Fernando Medina está a ser preparadinha com o requinte de uns lençóis de linho indiano podem oferecer. Quando são as eleições europeias? Pode ser um cabeça de lista em ponderação. A eleição para Secretário-Geral do PS não será possível, as tropas soaristas e as tropas da ala mais esquerdista — Manuel Alegre, Cravinho — liderada pelo Pedro Nuno Santos não vão permitir que consiga esse epíteto. 

3. Hoje está difícil de deslargar o Medina. Alguém conhece o Manguel? Eu nunca ouvi tal nome. Vivo na província, ou melhor, no deserto para estes senhoritos citadinos. O Escudo de Costa, sabe. Até porque foi no seu reinado enquanto presidente da capital portuguesa que resolveu ser um grande samaritano com o dinheiro dos contribuintes ao oferecer um salário vitalício de 2.500 euros mensalmente. Alberto Manguel é um escritor e investigador argentino que irá doar a sua biblioteca (40 mil livros) ao Município de Lisboa.  Ora bem não sei como definem na Argentina o conceito de doação, mas em Portugal doar, é dar gratuitamente alguma coisa. Este senhor não está a dar nada sem intenção de obter dividendos, para além  do salário, vão ser pagas as viagens a Lisboa (ida e regresso) e terá de sustentar um consultor seu amigalhaço. O  bilhete da lotaria deste senhor Manguel não fica  por aqui: o Medina prometeu-lhe restaurar um Palácio cuja a exigência é ter só para si uma cozinha e claro uma casa de banho. Será que exigiu um bidé, surgiu essa curiosidade na minha mente. O bidé está em crise em Portugal, pode ser que lá para o país  das Pampas seja um objecto  de culto. O Manguel a mangar com os contribuintes com a assinatura de Fernando Medina.

4. O nosso Serviço Nacional  da Saúde é a noite e o dia ao mesmo  tempo.  É capaz de prestar um serviço de saúde de um país desenvolvido como na  mesma hora prestar a assistência médica de um hospital do terceiro  mundo. Passo a explicar: uma ambulância percorreu 190 quilómetros com uma senhora referenciada com um episódio de doença urgente para ser assistida, ou seja, o hospital que estaria a 12 minutos da sua residência, à chegada da ambulância à porta do dito cujo hospital não foi aceite, teve de andar de porta em porta, de hospital em hospital para que um médico a aceitasse, passadas quatro horas e tal foi finalmente admitida na terceira porta que bateu. Reparem que os serviços centrais enviaram a doente para um hospital sita a 12 minutos da sua morada e seria um caso de emergência. Não faleceu pois como dizem as pessoas antigas: "não  tinha chegado a hora da senhora." Os bombeiros das Caldas da Rainha cumprem ordens,  não inventam vagas de admissão de doentes nas urgências.  Em contraposição,  ainda o doente não chegou ao Hospital de São João já os médicos das urgências hospitalares já conhecem os dados da situação clínica da pessoa que irão tratar. Porquê? Devido a um projecto-piloto entre o INEM e o Hospital São João em que  "INEM passou a disponibilizar em tempo real e de forma digital a informação dos doentes encaminhados para o Hospital de São João, no Porto, uma inovação que permite antecipar a assistência em vários minutos." Entretanto, o futuro ex-Ministro da Saúde Lacerda Sales, pelo menos era o que se dizia que era o substituto da Martinha, foi numa missão médica  para São Tomé e Príncipe. Não é condenar, longe de mim essa intenção,  mas quem já precisa também de missões médicas de voluntários é o nosso SNS, dado o estado de sítio em que se encontra.  O António Costa ainda não se lembrou de apresentar uma campanha: "Seja voluntário no Serviço Nacional de Saúde Português, faça missões médicas cá dentro".  Já estivemos mais longe de haver uma conferência de imprensa para apresentar uma medida desta "envergadura" para "alavancar" a assistência médica pública. Vergonha já percebemos que não têm. 

5. Continuando na área da saúde, li a notícia que o Ricardo Salgado vai dar a sua contribuição num estudo internacional sobre a doença de Alzhiemer, onde se pretende avaliar os benefícios de um medicamento experimental. Ao que parece o Ricardo Salgado está a tomar esse comprimido. É preciso manter  de pé a tese de defesa orquestrada pela sua equipa de advogados. Se estivesse no activo a assinar papéis do BES, as falhas de memória a caminho de uma doença que merece muito respeito para quem teve o azar de a ganhar em forma de presente no avançar da idade, não se equacionava. Seria sempre enaltecido como um homem com uma extraordinária capacidade de lucidez apesar da sua longevidade marcada na data de nascimento. É a doença da moda dos ricos quando têm o rabinho sentadinho no banco dos réus. O Luís Filipe Vieira que idade tem? É só para saber. Escrevo outra vez: longe de mim ter intenção de...

A casa tem porta, Portugal ainda não está completamente transformado numa ruína.

 

 

OLHAR Musical para Hoje # 82

O Governo de Costa: "aprova o modelo de título administrativo de residência, no âmbito do Acordo sobre a Mobilidade entre os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)".

Trocando por miúdos, os imigrantes dos PALOP em solo do País que outrora foi colonizador obterão  autorização de residência automaticamente. A colónia que nunca foi ex-colónia portuguesa também irá beneficiar desta benesse, não é assim Guiné Equatorial?  Somos inclusivos, devíamos ir à procura de mais ex-colónias dos nossos rivais colonizadores do antigamente para se tornarem Estados-membros da CPLP. 

Temos de festejar, não é assim? Mesmo que não haja motivo para festejar, a música fica sempre bem em todas as ocasiões.  Não precisa de convite, está sempre convidada. 

Há pessoas que tendem a romantizar esta medida. Para elas dedico-lhes esta canção Angolana "tudo de novo" de Eva RapDiva (ft Gerilson Insrael). Cantem e dancem temos de ouvir mais música dos países da CPLP. 

Podem resmungar à vontade, decidi pela escolha de música angolana, para a próxima logo trago para esta rubrica o hit do momento na Guiné Equatorial, de certeza será portuguesa, mas só que não. Descansem, eu vou mergulhar na música equatoriana — será assim que se denomina? —, eu percebo muito bem castalheno (e francês, já agora). 

 

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