- A maioria dos portugueses desconhece que a Ucrânia vive há anos uma guerra civil (eu também desconhecia). Em 2014 houve um referendo na região da Crimeia e a população da Crimeia votou, por maioria, a saída da Ucrânia e a integração na Rússia. A guerra civil intensificou-se nas regiões do Donbass (região de Donetsk e Lugansk) após esta saída. Nestas regiões (e no resto da Ucrânia, mas mais nestas regiões) temos ucranianos nacionalistas (pró Kiev e Zelensky) e ucranianos separatistas (pró-independência da Ucrânia e pró Rússia). Os portugueses pensam estar a ajudar os “ucranianos”, mas estão apenas a ajudar um dos lados em campo. A maioria dos portugueses acha, ridiculamente, devido à comunicação social, que os separatistas são russos. Ora os separatistas podem ter alguns russos nas suas fileiras e estão a ser apoiados pelo exército russo, mas não são russos.
- A Rússia invadiu a Ucrânia alegadamente para ajudar os separatistas ucranianos que tinha declarado independência da região de Donetsk e Lugansk (e seguramente por interesses económicos e geoestratégicos). Os americanos estavam já a fornecer armas aos nacionalistas, liderados por Zelensky (igualmente questões económicas (lobby das armas) e geoestratégica dos Estados Unidos).
- Apesar da Ucrânia não fazer parte da União Europeia nem da Nato, os governantes europeus cedem à pressão americana e entram na guerra de uma forma indireta, oferecendo armas aos nacionalistas de Zelensky e aplicando sanções económicas à Rússia. As sanções estendem-se à área dos combustíveis e, como há menos onde comprar, os preços da energia disparam na Europa, levando à inflação geral e ao empobrecimento dos povos europeus, especialmente os portugueses. (Desconhece-se o impacto das sanções na Rússia, mas parece que os salários foram aumentados e que estão a vender o mesmo petróleo a outros países, ou seja parece que a união europeia deu um tiro no pé sem qualquer utilidade).
- Os meios de comunicação social embarcam numa verdadeira propaganda pelos nacionalistas de Zelensky, descrendo-os como os “ucranianos” (a maioria da população portuguesa acha que não há uraniamos pro Rússia, muito menos que estes até podem ser a maioria nas regiões do Donbass). São passadas imagens enviadas pela propaganda de Kiev, sem qualquer filtro, ora porque os jornalistas são incompetentes, ora porque é mais fácil passar as mesmas imagens que os canais britânicos e americanos passam (veja-se até nos títulos se pode ler “breaking news” em vez de “notícias de última hora”. Os comentadores são na maioria das vezes fraquinhos, grande parte apenas lê o que é publicado/ noticiado na imprensa nacional, quando muito a inglesa ou americana (com algumas exceções). A população portuguesa desconhece o que se passa e por consequente acha que é imperativo ajudar os nacionalistas (na sua cabeça os “ucranianos”.
- É dado a Zelensky, pelos media e pelos governantes do ocidente o título de popstar, este participa em cerimónias de cinema, parlamentos. Este estatuto de estrela dado a um ator de formação faz com que qualquer negociação para a paz seja infrutífera, este até já fala de recuperar os territórios perdidos em 2014. (Não está a autora deste texto a defender Putin ou os interesses geoestratégicos da Rússia. Para os meios de comunicação portugueses quem contraria a narrativa de Zelensky é ou comunista ou sem sentimentos. Ora a autora deste texto não tem nada contra a ajuda aos ucranianos refugiados, ou outra ajuda ao povo da Ucrânia (separatistas e nacionalistas) nem é comunista).
- A censura voltou a Portugal (e a toda a União Europeia), foram fechados canais russos (por exemplo a RT e a Sputnik). Foi feito pelos governantes europeus o mesmo que estes criticam que é feito pela Rússia ou pela China. A desinformação é crescente, alegando que os ocidentais são os bonzinhos, os nossos valores são os corretos e que o mundo inteiro está contra a Rússia. Não é verdade, estamos nós, os ingleses (que passaram a ser os representantes dos americanos na europa), os americanos, e aqueles que dependem dos Estados Unidos (Canadá, Japão, etc), o resto do mundo não quer saber deste conflito (no Brasil e muito bem ambos os candidatos já se afastaram das sanções) e a China até apoia mais a Rússia, igualmente por geoestratégia.
- Na verdade não estamos sequer a ajudar os nacionalistas ucranianos quando oferecemos armas a Zelensky pois todos dias estes morrem numa guerra que, a continuar assim, tornar-se-á endémica naquela região (como Israel e Palestina). Estamos apenas a contribuir para o lobby das armas e da energia e para a morte de mais pessoas, para a destruição de todas as infraestruturas da Ucrânia e para a nossa ruína económica e política.
- O que não fazer: continuar com as sanções à Rússia no sector da energia, pensar sequer em aplicar sanções à China (seria a nossa ruína imediata), entrar numa guerra aberta que pode gerar um conflito nuclear, ou continuar a dar armas sem controlo a Kiev e protagonismo a Zelensky. As armas dadas a Kiev, para além de prolongar o conflito, irão cair na mão das máfias de leste e causar o caos na restante europa nos anos vindouros.
- O que se deve fazer:
- Defender unicamente as fronteiras atuais da União Europeia e da Nato (por obrigação do tratado). (Já devíamos ter aprendido com o Iraque, que invadimos porque tinham supostamente armas de destruição maciça e porque queríamos levar os “nossos valores”, que nos mentem pois Sadam não tinham armas e os Iraquianos ficaram ainda pior depois da invasão ocidental)
- Acabar com sanções económicas à Rússia, especialmente na área da energia porque nos estamos a arruinar. (E nunca sequer pensar em sanções à China)
- A oferecer alguma arma aos nacionalistas ucranianos de Zelensky seria apenas para defesa antiaérea das cidades fora da região do Donbass. Incentivar a uma negociação de paz entre Zelensky e Putin (obvio que não se pode obrigar ninguém). Os governantes portugueses devem preocupar-se mais com o salário e as condições de vida dos portugueses do que com as fronteiras geográficas da Ucrânia.
- Continuar a acolher refugiados, na medida do possível, por questões humanitárias.
- Ter uma informação mais objetiva nos meios de comunicação social, sem censuras, sem propagandas, e que realmente informe a população portuguesa da realidade.
- Se continuarmos como estamos (preços da energia a subir, e consequentemente dos alimentos e dos restantes bens, subida dos juros, logo das prestações, das rendas… só não sobem os salários), daqui a uns meses estamos arruinados economicamente, a população sairá então às ruas em manifestações de larga escala (teremos montras partidas, vandalismo e, possivelmente, as instituições democráticas estarão em risco), e aí pode ser demasiado tarde.