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Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

Gostava de aprender a forma como o PS faz os cálculos matemáticos!

Alguém está disponível para me ensinar a fazer os cálculos matemáticos à PS? 

Se em 2014, cada aluno no ensino público por ano custava 6.200 euros ao Estado (a notícia pode ser lida aqui); Em 2021, mantendo o valor de 6.200 euros anuais por aluno, como é que existe um "acréscimo de 30% desde 2015"? (Ler aqui)

Sinto-me infeliz por não ter a inteligência de raciocínio matemático da equipa que faz parte do gabinete do Ministro da Educação. 

Acreditem, estou deveras infeliz.

Vou chorar, chorem comigo, para o nosso mar de lágrimas levar este Governo para o degredo. 

 

 

 

É "démodé" ouvir o Jerónimo de Sousa e seus sequazes partidários

O Jerónimo de Sousa "apela ao voto nas autárquicas para reforçar poder da CDU nas negociações" para o Orçamento de Estado 2022.

Não resisto e vou comentar este pedido urgente feito pelo líder do PCP: o que é que uma coisa tem haver com outra, isto é, as eleições legislativas são uma coisa e as eleições autárquicas são outra. A pressão que pode ser feita para que haja um OE 2022 justo e equilibrado é no Parlamento por via dos deputados eleitos em cada círculo eleitoral de cada distrito português. Os deputados, esses sim, deviam defender os interesses dos cidadãos dos distritos em que foram eleitos. São eles que têm de fazer propostas para serem incluídas no OE 2022 evitando as constantes falhas, omissões que sucessivamente os orçamentos apresentam no que toca a investimentos nas melhorias de infraestruturas  básicas e equipamentos imprescindíveis para evitar o êxodo rural.

O Jerónimo de Sousa quer recuperar municípios perdidos para o PS e conquistar outros, não há mal nisso, utilizar um falso argumento é que não é correcto. 

O PS tem o domínio no mapa autárquico, logo o que é que beneficiou o distrito de Beja com um presidente de Câmara Municipal Socialista? Pois. Nada.

Ganhar autarquias é bom para alimentar o ego do partido que detém as funções de Governo; ou perder autarquias é um sinal de alerta para o primeiro-ministro que pertence a esse partido perdedor. É um facto que pode causar, influenciar uma demissão, tal como fez o então primeiro-ministro António Guterres ao apresentar a sua demissão; porém não são um factor de poder negocial na feitura de um orçamento de Estado que é elaborado pelo Governo em exercício e que irá ser apreciado (e aprovado) pelos deputados eleitos nas eleições legislativas. 

É démodé ouvir o Jerónimo e o seu PCP que se transforma na Coligação Democrática Unitária nos anos das eleições autárquicas, pois pessoas um pouco mais instruídas (não temos cada vez mais licenciados, doutorados?!) não devem, não podem ficar manipuladas com esta ladainha, cujo o objectivo é a da continuação da iliteracia que existe em torno do funcionamento dos quatros órgãos de soberania em que está assente a estrutura organizativa do Estado Português. 

Há muitas mulheres a pensar como a dona da etiqueta?

Óptima semana!

Quase que a minha semana começa azeda, com o acesso de fúria logo nas primeiras hora de segunda-feira. Quase que "rebento" de raiva! 

Ora então foi o seguinte: estava a gostar de ler a entrevista e a concordar com a maioria dos pontos de vista da 'Perita" em etiqueta e protocolo Paula Bobone, eis senão quando, à pergunta "Como olha para o papel da mulher na sociedade?" tem esta saída-intelectual-fruto-da-sua-educação-e-cultura-conservadoras-que-em-pleno-século-xxi-não-a-soube-fechar-a-sete-chaves-no-baú-da-avó: "acho de complemento".

Ou seja, somos um frasco de Multivitamínico Centrum Mulher. É a isto que a fantástica Paula Bobone nos reduz: a uns míseros comprimidos compostos de vitamina D, zinco, biotina, selénio, ferro, ácido fólico..., ao menos isto:  não contêm açúcares. Que bom! Depois de o sal estar nos cuidados paliativos, temos de mandar o  açúcar directamente para a sepultura. Preferem adicionar adoçantes artificiais do que utilizar a máxima QB. É melhor consumir sal e açúcar com moderação do que ingerir alimentos com substitutos de sal e açúcar trabalhados quimicamente. 

Porém, ainda tem salvação a mente criativamente preconceituosa para com ela (é mulher, certo?), pois ainda "acha", sendo assim não terá certeza que sejamos um frasquinho de Centrum que está na prateleira do armário dos comprimidos a sério capazes de exterminar o estado de náuseas que provoca este género de humilhações gratuitas à condição da mulher. 

Desejo uma óptima semana para todos, principalmente para a irmandade de frasquinhos de Centrum que nós, mulheres, somos, segundo a autora do livro "Educação Queque". 

Como não gosto de discriminar ninguém, é extensível à Paula Bobone a mensagem de óptima semana!

 

NOTA BENE: A entrevista da Senhora Centrum Mulher 50+ dada ao Semanário O Novo: aqui. A Centrum Mulher aconselha a leitura. 

 

P&O na Planície: Bom Fim de Semana 105

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P&O na Planície: Bom Fim de Semana 105 = 1 – Na véspera de mais um 11 de Setembro. Já 20 anos? Como é possível terem passado 20 anos sobre o acontecimento que marcou e mudou a forma como se geria o risco e os protocolos de segurança de um país,  conjuntamente com a segurança de cada indivíduo. Aplicando após o ataque terrorista modelos de previsão/antecipação de eventos desta gravidade, tal como um leque de mecanismos de logística complexos tendo em vista a protecção das pessoas e instalações simbólicas dos poderes económico e financeiro.

Este ataque terrorista nos Estados Unidos da América influenciou o mundo ao criar um clima de desconfiança que nos aprisionou nos primeiros anos. Parecíamos o pôr do sol a ser "apanhado" pela vedação de arame.

Mal sabíamos nós a surpresa desagradável que 2020 e 2021 estavam a preparar para todas as criaturas racionais. 

Adiante.

As medidas rígidas adoptadas nos aeroportos foram a parte mais visível com o intuito de dar confiança aos cidadãos para restabelecer o clima de segurança. O medo acho que ainda toma conta da nossa mente quando entramos num avião ou em locais sociais (mercados, bares...) onde, posteriormente, na Europa aconteceram ataques terroristas. Pode ser um medo fugaz, mas está lá. 

A preocupação não passou.

A intimidação ficou.

Aí eles, os terroristas islâmicos, ganharam. Nunca mais voltámos a ser e a estar como éramos ou estávamos aquando desta  violência mortífera e psicológica contra o mundo ocidental (causado e alimentado por muitos países do Ocidente, infelizmente).

Quem paga com estas guerras ideológicas e de ódios são sempre os inocentes, aqueles que nada fizeram para sofrer na pele a disputa que não terá fim. 

Recorrendo à conhecida frase e adaptando-a à circunstância pergunto-vos: Onde estavam a 11 de Setembro de 2001?

Era terça-feira,  aparentemente normal, com o almoço terminado estava em marcha as tarefas de arrumação de uma cozinha pós-almoço, o relógio estava quase a anunciar as duas da tarde. No que me recordo: eu estava de vassoura na mão quando a pivô Andreia Neves do Jornal da Tarde (RTP 1) deu a notícia de última hora de um incêndio nas torres gémeas apoiada com as imagens em directo da CNN. Nesse meio tempo, recebemos visitas para entregar um convite qualquer para um casamento ou baptizado, nem sei mais, passou para segundo plano, uma vez que a pivô actualizou a informação de que afinal era um avião que teria colidido  contra uma das torres do World Trade Center, situado em Lower Manhattan. Chamei a atenção da minha mãe para o que estava a acontecer, quando vimos uns vultos em queda livre (mais tarde soubemos que eram pessoas aflitas a lançarem na tentativa de sobreviverem às chamas).

Incrédulos: pais, visitas e eu, encostei a vassoura na parede que estava mais à mão, mudei para a Sic, estava o jornalista Paulo Camacho assessorado com as imagens da Sky News a divulgar as mesmas informações que a RTP1 representada pela jornalista Andreia Neves ia transmitindo

Foi um choque quando asseguraram que tinha sido um ataque terrorista planeado pelo Osama Bin Laden.

E não aceitámos o convite de casamento ou de baptizado, tanto faz, pouco importa agora! 

2 – O dia de hoje, 10 de Setembro de 2021, estará para sempre ligado ao falecimento de um dos Presidentes da República pós- 25 de Abril de 1974, Jorge Sampaio.  Não sei se gostava dos dias soalheiros, na cidade que visitou enquanto ocupante do Palácio de Belém esteve um dia  de Sol quentinho com aquele brilho a despedir-se do Verão. E Jorge Sampaio despediu-se embalado pelo Sol.

A frase "Há mais vida para além do orçamento" e a dissolução do Parlamento, contribuindo para a queda do Governo liderado por Pedro Santana Lopes (substituto de Durão Barroso) são os factos históricos da vida política que indubitavelmente estarão sempre ligados ao desempenho da sua magistratura presidencial.  

 

José Magalhães e o quadro de René Magritte

20210910_033846.jpg"E quando revelar que gosta de uma certa casa de Bruxelas onde se pratica bondage e S&M? A onda de chicotadas vai inundar as redes?"

Foi assim que o deputado José Magalhães comentou o tornar público pelo Paulo Rangel a sua orientação sexual.  Foi no programa Alta Definição de Daniel Oliveira que confessou algo que, mais ou menos já se sabia quem não percorre os corredores da política, quanto mais aqueles que gastam as solas dos sapatos nesses corredores. E depois? Isso é assunto? 

Assim que ouviram as palavras do eurodeputado correram sofregamente para as redes sociais para fazerem o comentáriozinho reles à la Passadeira Vermelha, outro programa da SIC, esteve em pleno, portanto. As beatas fofoqueiras estão, nitidamente, a ser ultrapassadas por esta escuma que por acaso representam e sempre representaram os órgãos de soberania.  

Gentinha deste calibre a querer ser engraçada, socorre-se de brejeirices para comentar o que não é passível de ser comentado em páginas de redes sociais que os próprios utilizam marioritariamente para promover as suas acções realizadas nas funções que ocupam, ou seja, para fazerem propaganda política. 

Será que este senhor que já comeu em duas gamelas: até 1990 foi comunista. Em 1991, a convite de Jorge Sampaio, passou a ser um fiel sectário do partido socialista; será que gostaria que lhe fizessem um comentário do género: "dá para os dois lados"? 

Pois desconfio que vinha a terreno vitimizar-se que tinham orquestrado uma vil e difamante campanha de ataque pessoal. 

Para além de ter uma mente asquerosa,  é muito desinformado, pois achará o excelso que quem pratica bondage e sadomasoquismo são só os homossexuais? E os heterossexuais não são susceptíveis de ter gostos excêntricos, e por isso, serem adeptos de BDSM? Frequentou catequese em demasia, só pode. Ou será um fetiche secreto por concretizar?

Há vozes nos diversos quadrantes da nossa sociedade a pedir o afastamento do José Magalhães do Parlamento, para ser expulso do PS, propostas de idas ao psiquiatra, eu não concordo! Como o Natal está à porta, umas cordas, correntes e quiçá um chicote podiam ser umas bonitas e libertadoras prendas. Bastava para passar este azedume que é proporcionado pela insatisfação de não concretizar os sonhos que estão aprisionados na sua cabeça por manifesta falta de coragem que está de mão dada com o medo.

(Um voucher para a tal "certa casa de Bruxelas" seria também uma prenda encantadora.  Não deve faltar lá quem o possa amarrar com umas correntes para o chicote trabalhar à vontade. E soluçar de prazer).

As conversas de vizinhas como têm palco mediático,  inclusive nos noticiários das oito, nada melhor do que escrever baboseiras em vez de comentar a situação difícil que Portugal se encontra a nível económico e social, ou opinar nas atrocidades governativas que o António Costa e seu elenco estão a cometer. Mas, isso não abre telejornais, por isso, vamos lá apostar nas coscuvilhices.

A par desta atitude do deputado que após sair do Governo de Sócrates foi abraçar a profissão de fazendeiro  no Brasil e  está bem sentado? Fique a saber que pediu a reforma antecipada, no ido ano 2011; a própria estação de televisão em que o Paulo Rangel escolheu para falar da sua vida íntima nao registou um comportamento de se assinalar, ao preparar uma peça jornalística com excertos do programa de entretenimento para ser transmitida pouco após das oito no seu Jornal da Noite. Eu politicamente não gosto da forma como o Paulo Rangel, o protegido de Manuela Ferreira Leite, faz política, as políticas que tem para Portugal, contudo é pérfido ser notícia no noticiário da SIC por razões que nada têm a ver com a sua exposição pública: que é ser político há muitos anos.

(Os coordenadores do Jornal da Noite e o director de informação deviam pensar na mediocridade em que transformaram um espaço informativo. Informar não é dar ênfase a notícias pessoais que nada contribuem para a missão do jornalismo que é informar sem agenda política e muito menos criar e alimentar intrigas de alcofa).

Freud, com o seu método psicológico e terapêutico, a psicanálise, referia que o nosso comportamento pode interpretar-se mormente através dos nossos desejos e pulsão.  Além da nossa racionalidade temos de saber aceitar a nossa irracionalidade.  Freud ainda afirmou que o nosso psiquismo não é só consciente e que é principalmente inconsciente. José Magalhães precisou de clarificar não clarificando o primeiro comentário com este segundo comentário: "Antes que a Comissão Política Nacional do PSD repudie veementemente a minha observação sobre a frequência de casas de bondage e SM em Bruxelas venho declarar que se trata de uma extrapolação virtual hipotética sem destinatário. Honni soit qui mal y pense." Não sei em qual dos estados (consciente ou inconsciente) a primeira e segunda observações vulgares do senhor deputado se enquadram.

A Casa de Vidro do pintor René Magritte é um quadro admirável ao mesmo tempo perturbador, em que se vê um homem a admirar o oceano e a linha do horizonte com o rosto visível também na parte posterior da cabeça, criando a sensação que está a olhar para a frente e para trás em simultâneo.

Olho para o quadro surrealista e vejo o José Magalhães.  A interpretação simbólica é subjectiva,  as emoções que me despertam A Casa de Vidro, que são muitas, podem ser a certeza que existem pessoas que não conseguem libertar-se do seu passado, estão sempre a olhar desconfiados para trás, por se sentirem aprisionados e perseguidos, ou seja, carregam o peso do passado nas suas costas. E assim têm a obsessão de controlar os movimentos de tudo o que vive à volta deles, para anteciparam e/ou não se surpreenderem pelos acontecimentos que lhe possam causar incómodo pessoal e profissional. 

Por isso, eu identifico o deputado socialista neste extraordinário quadro de Magritte. O tempo dirá se o passado passa a futuro na vida dele ao ser revelado. 

 

 

 

 

 

 

 

 

OLHAR Musical para Hoje # 56

"Run Rabbit, - Run Rabbit - Run! Run! Run!" (Corre - Passos, Corre - Passos. Corre! Corre! Corre!), os farmers da esquerda com a preciosa ajuda da comunicação social estão preparados para "bang, bang, bang" no Rabbit laranja. 

 

(A tirana esquerda gosta de substituir os cidadãos portugueses na escolha dos possíveis governantes. Numa democracia normal acontecia o seguinte: ir a eleições e ser ou não rejeitado pelos eleitores. Mas acontece ao contrário com o lobby esquerdista infiltrado em todos os órgãos de comunicação social, a impor as suas escolhas, a espalhar a sua tirania.)

Marcelo Rebelo de Sousa, o moço de recados

Parte I

"É  que nada há no homem mais delicado, mais melindroso do que as ilusões: e são as nossas ilusões o que a razão crítica, discutindo o passado, ofende sobretudo em nós.

Antena de Quental, Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos

 

Eu tenho um passatempo que pode surpreender até alguém que não se surpreende com nenhuma paranóia humana que, basicamente, é ler discursos de políticos e, não só, preparados para datas comemorativas simbólicas para Portugal.  Desta feita, fui ler o premeditado texto de Marcelo Rebelo de Sousa para o dia de Portugal. 

 

O discurso do Presidente da República para a celebração do 10 de Junho foi uma caixinha de recados, como é seu apanágio. 

Não demorou muitas palavras — umas sessenta e uma palavras, contei as ditas  – para o Presidente Marcelo anunciar a extraordinária boa-nova aos portugueses: "No fim, ou quase no fim, de uma pandemia tão longa e dolorosa."

Este ser humano tem sede de protagonismo,  por causa desse defeito de carácter lança o marmoto,  alagando a terra para em seguida surgir a limpar a lama e assim ficar como o benfeitor capaz de resolver o caos instalado. É sempre muito previsível. As suas acções e as suas palavras são um conjunto de rotinas instituídas sem a mínima intenção de surpreender. A popularidade que tem, leva a trilhar este caminho rotineiro.

Para além da novidade, seguiu-se um listar de recados que discurso após discurso tende a repetir incessantemente: estratégia para usufruto e rentabilização do oceano; "agir em conjunto, com organização, transparência, eficácia, responsabilidade"; concordância política no aproveitamento dos recursos, nomeadamente, usá-los bem e com qualidade sem privilegiar ninguém mas o colectivo; "não desperdiçarmos o acicate dos fundos que nos podem ajudar, evitando deles fazer, em pequeno e por curtos anos, o que fizemos, tantas vezes na nossa História, com o ouro, com as especiarias, com a prata, mais perto de nós, com alguns dos dinheiros comunitários"; ter na Diáspora uma estratégia para o ensino e valorização da língua portuguesa; o processo de votação para as diversas eleições seja inclusivo, menos burocrático para que a participação seja menos residual; mudar a mentalidade intolerante e depreciativa sobre o imigrante e emigrante; apetrechar com mais e melhores recursos humanos, materiais e salariais o nosso sistema nacional de saúde. 

Todos estes recados,  o Marcelo sabe mais do que ninguém, que este Governo liderado pelo António Costa não é o ideal para os colocar em prática. Sabe disso desde sempre. Neste segundo mandato fará o indispensável para provar e elucidar que enquanto António Costa for primeiro-ministro nunca fará as reformas estruturais no país,  nunca deixará de promover a teia de interesses pessoais e da ala partidária que o sustenta,  os seus sequazes.  

Este governo nunca serviu para o desenvolvimento de Portugal,  numa primeira fase, serviu/serve os interesses do Presidente da República para ter a fama que manda "despedir" os ministros com mais aselhices com a bênção fingida do Primeiro-Ministro que lhe dá ouvidos quando lhe interessa, nomeadamente, quando o foco das aselhices começam a atingir a imagem governativa de António Costa.  A relação entre os dois tem sido um jogo de  cooperação de forma a beliscar o menos possível a aceitação dos portugueses.  Usaram-se mutuamente cada um com a sua própria conveniência, mas que no fundo alimentaram-se da manha de um e do outro sem nunca haver atropelos significativos. Esta ginga terminou com o primeiro mandato,  agora Marcelo Rebelo de Sousa está a ensaiar outra postura intervencionista caracterizada pela política de terra queimada, vai fazer o que estiver ao seu alcance para beneficiar a sua estratégia: afastar este Governo e ajudar o PSD a voltar a governar Portugal.  

Estes momentos comemorativos incentivam ao discurso hiperbólico,  contribuindo nefastamente para o egocentrismo de uma nação. Exacerbados elogios que mais não são momentos de vaidade e imodéstia ridícula em horário nobre.

A sua presidência tem sido sempre pautada pelo alarde do exibicionismo de sermos os melhores da Europa e no Mundo. A vanglória tem o efeito contrário: como nos sentimos inferiores, achamos que este insistir em demonstrar a nossa superioridade nos torna respeitados e valorizados pelos nossos semelhantes estrangeiros. Somos bons, porém devemos ter sempre os pés assentes na terra, não temos asas para estarmos em altos voos de ilusões: quem tem asas são os pássaros, algo que os representantes da nossa República tendem a esquecer. 

O momento de rasgo de lucidez foi quando disse que: "agradecermos a esses outros irmãos de Humanidade, que nos são tão úteis para o que queremos pronto, mas não pelas nossas mãos, aquilo que realizam em Portugal". Respeito, tolerância e compaixão para com aqueles que estão em Portugal a fazer o que muitos portugueses não querem, todavia  o empresário valoriza indignamente as condições de trabalho e salariais para potenciar a diminuição dos custos fixos da actividade laboral da empresa; ao mesmo tempo que incentiva as empresas de trabalho temporário especializadas em trabalho escravo.

(Uma ressalva: há portugueses do sexo masculino que não aceitam trabalhar na agricultura pois não é com o salário mínimo que se sustenta uma família; ainda conseguimos encontrar mulheres portuguesas com baixas qualificações académicas a trabalhar na agricultura, pois é um auxílio para o orçamento familiar, não o principal.)

"Que se desenganem os profetas da nossa decadência ou da nossa finitude." A indirecta deve ser para muitos indivíduos, como pela inexistência de citações de escritores, esta afirmação podia ser também dirigida ao Antero de Quental, em que pensou e escreveu sobre decadência de Portugal (e da Espanha, ou seja, os povos da Península Ibérica).  Por isso, não é de agora esse vaticínio, o escritor Antero de Quental escreveu no seu discurso "Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos últimos três séculos" que a causa da nossa decadência era sobretudo moral e política,  porém podia ser outra: as conquistas ultramarinas que nos lesaram no plano económico. Vincou assim: "Há dois séculos que os livros, as tradições e a memória dos homens andam cheios dessa epopeia guerreira, que  os povos Peninsulares, atravessando oceanos desconhecidos, deixaram escrita por todas as partes do mundo.  Embalaram-nos com essas histórias: atacá-las é quase um sacrilégio.  E todavia esse brilhante poema  em acção foi  uma das maiores causas da nossa decadência. (...) um erro económico não é  necessariamente uma vergonha nacional.  Do ponto de vista heróico, quem pode negá-lo? Foi esse movimento  das conquistas espanholas e portuguesas um relâmpago brilhante (...). A desgraça é que esse espírito guerreiro estava deslocado nos tempos modernos: as nações modernas estão condenadas a não fazerem poesia,  mas ciência.  Quem domina não é já a musa heróica da epopeia; é a economia política (...)." 

Vale mesmo a pena ler, no meu caso reler, este discurso sagaz e clarividente, continuando: "Quisemos refazer os tempos heróicos da idade moderna: enganámo-nos; não era possível;  caímos. Qual é, com efeito, o espírito da idade moderna? É o espírito de trabalho e de indústria; a riqueza  e a vida das nações têm de se tirar da actividade produtora,  e não já da guerra estetilizadora. O que sai da guerra não só acaba cedo,  mas é além disso um capital morto, consumido sem resultado."

Era com estas palavras de Antero de Quental que eu esperava que a intervenção escrita pelo punho de Marcelo Rebelo de Sousa tivesse terminado: "Que é pois necessário para readquirirmos o nosso lugar na civilização? Para entrarmos outra vez na comunhão da Europa culta? É necessário um esforço viril, um esforço supremo: quebrar resolutamente com o passado. Respeitemos a memória dos nossos avós; memoremos piedosamente os actos deles; mas não os imitemos. Não sejamos, à luz do século XIX, espectros a que dá uma vida emprestada o espírito do século XVI."

Teria sido uma homenagem interessante no século XXI a alguém que soube ler a essência do ser português, que desgraçamente perdura: a nossa decadência em não quebrar com o passado para conquistar o futuro na senda de afirmar a crença no progresso. 

Portugal adormeceu profundamente.

O Marcelo Rebelo de Sousa sabe que o Governo de António Costa não serve para acordar este Portugal que adormeceu. 

 

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Quem tiver interesse em ler o discurso na íntegra lido a 10 de Junho de 2021: está aqui

 

 

 

P&O na Planície: Bom Fim de Semana 104

20210827_194711.jpgP&O na Planície: Bom Fim de Semana 104 = Francisco Pinto Balsemão monopolizou os primeiros dias de Setembro.  Dias que antecederam a Festa do Avante 2021; não podia ter melhor manobra de diversão para desviar o foco, ainda em plena pandemia, a realização de um certame político-partidário. As normas da DGS estarão a ser cumpridas não religiosamente, já sabemos que apenas veneram e prestam culto aos seus  líderes comunistas, mas com esmero de um herege.

(Por segundos, senti pena dos prejuízos que a Festa do Avante contabilizou em 2020. Segundos fugazes,  pois lembrei-me que não pagam impostos do vasto património imobiliário que acumulam a pretexto de todas as casas serem "centros de trabalho" para manifestações políticas.)

Não sei se era saudade ou se foi o Marcelo Rebelo de Sousa que ligou todas as televisões em casa, o que é certo, é que a sua entrevista no programa conduzido pela Fátima Campos Ferreira foi vista por mais de 645 mil pessoas,  o que contribuiu para que o programa de conversas "Primeira Pessoa" ter sido o mais visto de sempre. O antigo primeiro-ministro ainda suscita interesse na população portuguesa, capaz de oferecer grande audiência à estação pública. 

O programa pretende que seja uma conversa intimista sempre em locais simbólicos e marcantes para o convidado e assim fluir as memórias,  as recordações de forma informal (com o guião preparado pela jornalista, evidentemente).

Como as férias, o que é isso? São o tema central nas pausas para dar à língua no início de Setembro; isto e os vales para obter os livros escolares, também não padeço dessa preocupação, e uma vez que ninguém lê livros normais de literatura, peno um bocado. É só livros de dietas milagrosas ou daqueles escritos numa espécie de linha de montagem de uma fábrica de automóveis: descobre o teu eu emocional (?!), 3001 forma de atraíres a felicidade (pensava que era casar com um dono de uma plataforma de petróleo), começa a criar o hábito de pensar para se ficar rico (penso tanto e...  continuo pobre. Eu acredito é que quem enriquece é quem tem amigos na política para fazer negociatas com o dinheiro público); logo, reduzo ao mínimo as minhas hipóteses de manter um diálogo interessante e pertinente. Na tentativa de não ser apenas ouvinte na conversa de chacha entre colegas, decidi ver o programa Primeira Pessoa, na RTP Play, uma vez que muita gente viu o Chairman do Grupo Impresa, presumo que alguém do meu círculo de convívio (forçado) tenha visto também. 

A entrevista teve dois momentos distintos: quando Pinto Balsemão recordou os momentos em família,  relatou-os com muito entusiasmo e grande à vontade, apenas fechou o semblante quando se referiu à mágoa de os filhos não perguntarem histórias sobre a sua infância.

O segundo momento deu-se quando a jornalista fazia perguntas sobre situações da sua vida enquanto político (explanadas no livro de "Memórias" que entretanto publicou), aí demonstrou enfado arrogante, desinteresse, respondia com esforço e com pouco à vontade sempre utilizando frases lacónicas e  superficiais com cinismo à mistura. Este comportamento de pouco promover as suas peripécias enquanto político teria o intuito de aguçar o interesse do telespectador para adquirir a autobiografia? Não sei, é uma conjectura minha. 

O ponto alto, pela negativa,  aconteceu na sequência de a Fátima Campos Ferreira fazer enaltecer  que o entrevistado fizera uma abordagem de apontar os resultados práticos, desvalorizando as ideologias e/ou os princípios morais sobre os mandatos presidenciais de Marcelo Rebelo de Sousa; incomodado com a insistência provocatória, à qual o Pinto Balsemão retorquiu com a afirmação: "se lê, posso dizer que não é analfabeta." Foi rude e muito deselegante.

O ponto alto, sem surpreender, foi associar a fábula do escorpião e da rã à pessoa que escreveu certa vez que, ele, o dono do jornal, "estava lélé da Cuca". É alguém que não se pode confiar, nunca. Não disse nada de novo,  porém não perdeu a oportunidade para silenciar uns dias o seu arqui-inimigo. Como revelou:  gosta de ter os inimigos, os que traíram, por perto para quando existir a oportunidade fazer um ajuste de contas.  O Presidente da República ainda não pode estar descansado, pois foi uma bicada ligeira na imagem impoluta que pretende instituir nas enciclopédias da história política de Portugal,  principalmente na memória dos portugueses. 

No Palácio de São  Bento, o Primeiro-Ministro António Costa homenageou com toda a pompa e circunstância o Francisco Pinto Balsemão, sendo também o 43.° mais poderoso de 2021, esqueceram-se foi de uma condecoração qualquer, como é usual distribuir quem ocupa os vários órgãos de soberania. 

Por uma questão de estar correcto nestes eventos sociais de carácter oficiais de um Estado,  convida-se as pessoas inconvenientes, cabe depois ao convidado aceitar ou não. Ou seja, o Presidente da República aceitou o convite.  O homenageado, maliciosamente, agradeceu a presença do seu velho conhecido traidor.  Este por sua vez, não se fez notar, saiu de fininho sem criar novos capítulos à história.  Jogada de pura táctica: um quer sempre os inimigos debaixo de olho,  o outro pretende sempre quem o possa ofuscar e tirar o palco das luzes da ribalta se sinta que está presente para preparar o "terreno" para atacar, mais tarde. 

A autobiografia Memórias evidencia que Francisco Pinto Balsemão nas várias vidas vividas conjugadas separada ou isoladamente nas suas diversas vertentes (família, comunicação social, empresas e política) ao longo destes 84 anos foi um homem solitário rodeado pela imensidão, tal como a fotografia protagoniza: um tronco de árvore sozinho rodeado de água.

 

 

 

 

 

 

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