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Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

OLHAR Musical para Hoje @ 38

Olá, 2021...

Feliz Ano de 2021 para todos vós que me acompanham nestas andanças na blogosfera!

Saúde física e emocional, paz interior, alegria e muito sucessos para todos vós.

Dedico-vos esta musiquinha calma adequada ao momento em que estamos a viver  e não se esqueçam de: 

"(...) Kissing the old year out
Kissing the new year in."

 

Desaparecidos em combate (pelo menos o meu)

"(...) — A gaita é que os veterinários não dão injecções às pessoas (...)"

António Lobo Antunes, Caminho como uma casa em chamas

 

Antes, durante e depois  do confinamento por acaso o seu médico de família telefonou-lhe? 

Se sim, teve mais sorte do que eu! 

Confinei, desconfinei sem receber um telefone do meu médico de família. Eu como sou uma rapariga jovem ainda dou um desconto a esta indiferença por parte do meu rico médico de família; porém as pessoas maiores de 65 ou com doenças crónicas também não receberam uma única chamada telefónica simplesmente para dizer um olá, para desejar uma Páscoa Feliz e pedir para não exagerar na ingestão de amêndoas tipo francês.

Esta insensibilidade toma maior proporção em cidades pequenas, freguesias com  pouca densidade populacional, onde se  conhece praticamente toda gente. Em que o clínico geral tem à sua responsabilidade uma lista pequena de utentes. 

Junho, Julho, Setembro, Outubro,  Novembro passaram, estamos em Dezembro e ainda não percebi qual a função que os médicos com especialidade em Medicina Geral e Familiar desempenham no plano de prevenção e combate à pandemia  Sars-Covid-2. 

[Se alguém souber, peço que me esclareça!]

Os tempos evoluíram, não estou a exigir que voltem a ser uma espécie de João à semana, mas podiam fingir que se preocupam pelo menos com os seus doentes crónicos, que por causa do fogo cerrado e cruzado de desinformação que se instalou e que conduziu, por exemplo, ao aumento dos índices de ansiedade em pessoas que já estão com uma mini-farmácia em casa. 

Não tenho a soberba suficiente para afirmar que estiveram de férias, mas tenho a petulância de considerar que estiveram quase de férias.

[Em muitos casos, em demasia diria eu, não foi preciso o decretar do confinamento para praticarem a ociosidade, já a praticavam voluntariamente, desesperando quem lhe calhou em sorte ter esse bendito médico de família ausente sine die.]

Quando o Governo decretou no âmbito do Estado de Emergência a renovação automática das receitas médicas, que causou alguns enganos e constrangimentos,  vi logo que o papel do médico de família seria secundarizado. Porém,  o que os próprios fizeram para reverter essa intenção decretada em Diário da República? Assobiaram para o lado. E bateram palmas com os Centros Saúde de porta fechada em que a maior parte fazia um trabalho administrativo residual, por mais que as administrativas estivessem lá dentro pouco ou nada podiam fazer sem as equipas médicas. 

Centralizou-se o "rastreio" do vírus Covid-19 obrigando a contactar a linha SNS 24 a relatar sintomas que se confundem com a gripe. Tudo certo. E depois? Os contactos ou são de uma central qualquer ou é o delegado de saúde que às vezes pergunta como está "a travessia no deserto" em que a doença nos lança, mesmo quando os sintomas e a evolução do vírus são ligeiros; só o facto de se ter o diagnóstico positivo, cria um grande turbilhão na nossa cabeça: será que contagiei alguém,  será que quem contagiei foi preciso recorrer ao internamento hospitalar? São dúvidas que  habitam em nós, não há que esconder.

Ainda nos vão dizendo agora o seu processo é acompanhado pelo seu médico de família. Pois isso são palavras lidas dos últimos guias de orientações escritos sem pensar. Até porque ainda há pessoas que não têm médico de medicina geral e familiar. Dizem que há escassez. Diria desorganização. Também quando se tem parece que é preciso ir à Lua e voltar e mesmo assim não se consegue uma consulta. Telefonam, telefonam e ninguém está no outro lado. Foi o que se passou com muitas pessoas quando o Presidente Marcelo e Primeiro-Ministro António anunciou a época balnear. Quando estiveram de Março a Junho a contar os botões da bata chegados ao verão, era este tipo de notícias que mais se ouvia: "Centros de saúde: utentes queixam-se de dificuldades em marcar consultas"Ou o seu médico foi uns dias de férias, caso precise recorra à consulta de recurso/reforço.

As praias adaptaram-se mais rápido à afluência controlada de pessoas do que os centros de saúde. Ironia das ironias. 

Os cuidados primários de saúde foram pura e simplesmente confinados durante a primeira fase da pandemia e passou a ser a conta-gotas a partir de Junho e até ao momento.

Amiúde ouço que a Medicina Geral e Familiar é e deveria ser a porta de entrada no sistema de saúde e o seu pilar principal.  Na teoria,  pois na prática foi tudo ao contrário. Fechou-se tudo. Será que não confiam na estrutura organizativa dos serviços de saúde primários?

Um enorme erro governativo que se cometeu, pois sabendo que um clínico geral, o nosso querido médico de família, comporta duas funções essenciais no SNS: 1) fazer a triagem dos problemas de saúde dos cidadãos e 2) ser o gestor/distribuidor  dos utentes  para os cuidados  de saúde secundários e terciários. Ninguém quis saber da ideia fundamental: o médico de família é um gestor do doente e da família.  Mais grave, o próprio clínico geral esqueceu-se de exercer essa sua grande, enorme missão junto dos seus utentes que acompanha, em muitos casos, desde o seu nascimento. Tem um conhecimento específico do seu utente tal como do seu agregado familiar, papel esse que foi totalmente negligenciado. 

Não dignificaram (Governo e a própria classe) o exercício da Medicina Geral  e Familiar, está estudado que estes especialistas estão habilitados  a solucionar entre 85% a 90% das situações clínicas. Certamente, teriam evitado o recorde de mortes que assolou Portugal em 2020. Um simples telefonema teria feito muita diferença em muitos casos, a ideia romântica que nos vendem que o nosso médico de saúde pode ser um "conselheiro", "um amigo", alguém que passou a fazer parte da nossa família não passa de conversa de circunstância, embrulhada de cinismo. Para mim bastava que fosse alguém que desempenhasse com afinco e nobreza a função de cuidador profissional para a qual está a ser pago. Simples. Fingir que se preocupava para justificar a remuneração que é paga pelo erário público (impostos pagos pelo contribuinte).

Tenho de ressalvar que existirão médicos de família que estiveram sempre em contacto com os seus utentes durante esta pandemia da Covid-19 e não se limitaram a remeter as receitas médicas dos doentes crónicos para o telemóvel ou e-mail, felizmente que há excepções. E um bem haja para esses clínicos que levaram o objectivo de servir a sociedade ao extremo reinventando novas formas de acompanhamento e de vigilância. 

[Aguardo com expectativa exemplos de relatos de um bom acompanhamento do seu médico durante a pandemia.]

O que é certo é que a figura do delegado de saúde ganhou maior destaque. Rejuvenesceu. Nunca ouvi tantas vezes as palavras: delegado de saúde. Prestigiaram a burocracia. É a lição que tiro: deram palco aos burocratas. Nunca vamos longe quando se fazem e se privilegiam estas escolhas. 

Já vi o meu médico de família ao longe, acenou-me. Retribui o aceno. Pensei para mim: ainda se lembra que sou sua utente, não está tudo perdido. 

Esperarei pelo contacto em nome do meu médico para me apresentar no dia e hora marcados para me ser administrada a vacina. Mais uma vez não será o SR. DR. a mandar que me prepare e me sente na cadeira para me ser administrada a vacina, mas a minha enfermeira que auxilia o tal médico que me acenou no outro dia. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

P&O na Planície: Bom Fim de Semana 82

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P&O na Planície: Bom Fim de Semana 82 = FELIZ NATAL para todos vós. 

Estes dias sejam acompanhados de muito amor, alegria, humor e Muita Saúde física e mental. 

A pandemia trouxe um Natal diferente, mas que o Espírito Natalício não desvaneça.

Para muitos dirão e pensarão que é um Natal mais triste, eu digo que é um Natal vivido com sabedoria. 

Por vezes é nestas ocasiões extraordinárias que percebemos que não é  tão mau e estamos com aqueles que realmente são importantes.  Pois quem é importante está sempre. 

[Há males que vêm por bem... não houve engolir de sapos, não houve fretes. Estivemos com quem são unha e carne... as peles virão para o ano outra vez com o amenizar da pandemia.]

Neste mundo dos blogues que permitem passar um bom bocado durante umas horas diárias desejo um Natal muito Especial: 

À Isabel, à Maria, à MJP, à Sarin, ao Robinson  e ao Cheia

P&O na Planície: Bom Fim de Semana 81

20160416_194122.jpgP&O na Planície: Bom Fim de Semana 81 = Um Senhor que estimo, se não fosse subdirector da Direcção Geral de Saúde estimaria-o muito mais, recomendou ofertar compotas.  O que o Senhor não sabe, e claro não tem obrigação de saber, é que eu sou um desastre na cozinha. Ainda consigo fazer um puré de batata instantâneo magistral, agora confeccionar compotas? Isso é exigir em demasia de uma cozinheira de mão... vazia.

A única coisa que faço com mestria na cozinha é nada mais nada  menos do que lavar loiça. Modéstia à parte a loiça lavada pelas minhas mãos fica mais brilhante que uma pedra preciosa. E mais, seco-a e arrumo-a nos armários.  Porque isso de deixar a loiça no escorredor que mais parece um estendal com um pano por cima, fere-me os meus queridos olhos. 

Maneiras que pensei: em vez de oferecer uma compota Casa de Mateus, oferecia o meu dom extraordinário para pilotar o lava-loiça onde pensava ir passar a Noite do Menino e o dia de Natal.

Ora se não quando leio que a cozinha é  um dos locais de hora de ponta do Covid-19. Pronto. Mais um presente a evitar. Lá terá de continuar o engarrafamento de talheres e pratos na pia do lava-louça que acontece nestes dias de encher o bandulho à rei a pretexto de celebrar o nascimento de Jesus. 

A recomendação é entregar a lembrança no patamar de uma escada ou no quintal, mais uma vez o Senhor que estimo não imagina que me estragou a minha ideia de presente benemérito. 

O que me vale é ter uma cabeça demasiadamente criativa, em segundos surgiu-me um presente muito, mas muito melhor: vou oferecer um boi bonito e verdadeiro.

O que acham? Vou surpreender com esta memorável prenda? Vai ser épico.  Estão à espera das compotas e dão de caras com um lindo boi que faz Muuu sem pilhas! 

Vivemos tempos anormais, presentes igualmente anormais.  Nada como acompanhar e superar os conselhos sempre fora do comum da nossa Direcção Geral de Saúde. 

 

P&O: Citações Soltas # 29

"[....] procurou-anos trajectos do seu itinerário quotidiano, sem saber que a busca das coisas perdidas está dificultada pelos hábitos rotineiros e é por isso que dá tanto trabalho a encontrá-las."

(* Fernanda perdera a aliança.)

Gabriel García Márquez, Cem Anos de Solidão 

P&O na Planície: Bom Fim de Semana 80

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P&O na Planície: Bom Fim de Semana 80 = Semana difícil com emoções fortes! 

Finalmente, o homicídio hediondo praticado por sádicos pagos com o dinheiro dos contribuintes saiu da gaveta passando a ser divulgado pelos vários pivôs nos serviços noticiosos televisivos. 

O Natal está a aproximar-se a passos apressados mas mesmo assim o  Edu Cabrita continua enCOSTAdo. Ainda bem. Em tempo de Cabrito todos fazem falta para fazer número à mesa da última  consoada governativa de Geringonça.

A TAP a voar rasteiro. Dizem que só voará alto com o muito dinheiro a voar dos bolsos dos contribuintes. A TAP é mais uma filha problemática para os pais contribuintes portugueses. Nós, pais contribuintes, só criamos, alimentamos filhos problemáticos: RTP, BPN, BES, CP.... 

No meio destes turbilhões de emoções, as lágrimas aparecem inesperadamente! A comoção tomou conta da Ministra da Saúde sem evitar as palavras soluçadas sintonizadas com a voz embargada liderada pelos olhos humidamente  salgados conseguiu ler o texto preparado para a ocasião. Está a caminhar em cima de brasas incandescentes, cansada de fugir para não se queimar, descontrolou-se. Ser Ministra da Saúde num país com prioridades invertidas, onde o dinheiro necessário não chega, só chega uma parte para que nunca falte o dinheiro nos e para os lobbies, é complicado. E com uma pandemia em velocidade de cruzeiro, as lágrimas de sobrevivência perante a angústia de tantas pessoas que têm falecido ou  vão morrendo aos poucos. Esta estatística na sua bagagem ninguém lhe a tira: Há mais de 70 anos que Portugal não tinha tantos mortos como em 2020.

Chorar em público pode ser um acto de desespero para ir atrás da empatia que nunca conseguiu transmitir aos cidadãos portugueses. É tarde. E a Ministra sabe disso.  A empatia nasce connosco. É possível fingir, porém mais cedo do que tarde sentimos que está a ser empática de forma fingida.

A última vez que eu chorei em público durante um momento bonito, algo que tento com todas as minhas forças evitar, foi uma premonição que não desejei sentir, as lágrimas reprimidas até ao segundo seriam de uma infelicidade com ano e dia marcados. Nos momentos felizes surge uns minutos em que o sofrimento surge para nos alertar que esse momento vai ter uma despedida mais cedo do que se imagina. 

A Marta despediu-se ali, no Instituto Ricardo Jorge, não sabe quando,  mas as lágrimas mandadas pelo subconsciente  sabem que o dia e a hora estarão marcados para terminar o seu compromisso de ser Ministra da Saúde. 

A semana ainda foi colorida com as parolices do Marcelo Rebelo de Sousa. Foi a uma pastelaria oficializar a sua candidatura à boca das urnas. É pena a pastelaria não ter churros, pois o Marcelo transformou numa feira o seu mandato, bem como o anúncio da sua recandidatura. 

E a entrevista que deu na SIC?

Ah a entrevista...  foi um veste e despe de casaco: ora era presidente em funções, ora era comentador político, ora era professor, ora era coisa nenhuma: simplesmente alguém que moveu-se sempre bem nos bastidores (Estado Novo) e na ribalta (Democracia) da política à portuguesa. 

A flor está sempre de mão dada na despedida. 

Esta flor pertence à Marta.

Por sua vez, esta flor vai juntar-se às outras todas que a TAP colecciona. A sua despedida está sempre a acontecer!

E o Marcelo Rebelo de Sousa não tem direito a uma flor? Nunca se despediu.  Os portugueses deram-lhe sempre o palco político, a plateia das audiências televisivas. Nunca fará a despedida, infelizmente.

Boa semana para todas(os), dado que o fim de semana está a terminar!  

 

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