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Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

Big Brother 2020 e Portugal 2020

O 1º Big Brother no ano 2000 marcou o país. A maioria dos portugueses seguiu o convívio de Zé Maria, Marta, Marco e seus colegas confinados naquela casa. Seguiram-se Casas de Segredos, Loves on top, e coisas deste género, que acabaram por perder popularidade essencialmente porque houve uma aposta em concorrentes geralmente pós-adolescentes, pouco cultos, e que tinham geralmente para oferecer apenas muita peixeirada e cenas similares às oferecidas pela playboy e, se isto agradou a muitos expectadores num primeiro momento, depois começou a cansar.

Ora a TVI num contexto de perda de audiência, e também conhecedora que mais pessoas estão a trabalhar a partir de casa e por isso com mais tempo para ver televisão, decidiu mudar de estratégia de seleção, elegendo pessoas com idades mais abrangentes e um leque maior de conhecimentos, etc, para tentar conquistar mais público. Consegue de facto conquistar mais audiências porque há essa maior representatividade, mas não deixa de ser preocupante algumas das coisas com as quais ali no deparamos, (e pior se tivermos em conta que todos os concorrentes sabem que estão a ser filmados):

- pessoas com menos de 30 anos e que não sabem quem é Camões e o comparam a um santo popular como Santo António ou São João (e não estou a falar das estrangeiras);

- pessoas que se servem da violência verbal e que acham que isso é saber ser líder;

- pessoas que acham que ser mulherengo é algo de que se devem orgulhar;

- pessoas que acham normal gozar com o corpo dos outros, a sua sexualidade ou causas;

- pessoas que acham que quem não responde de forma agressiva quando é confrontado com algo que não gosta é porque é falso.

Já não nos podem dizer que é por estarem confinados num espaço porque a verdade é que quase todos sabemos o que é estar confinado. Aquela casa não deixa de ser um pequeno espelho do país e, infelizmente, a realidade espelhada é bastante negativa.

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P&O na Planície: Bom Fim de Semana 62

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P&O na Planície: Bom Fim de Semana 62 = Esta estátua estará salva da fúria à solta dos intelectuais produzidos em série com defeito de fabrico?

Acontece aos melhores nascidos no seio de boas famílias, daquelas brasonadas. Até nos brasões há diferenças:  há os verdadeiros e há os outros de fabrico “made in RPC”. Adiante.

Estes intelectuais comeram muita comida de plástico e beberam litros de coca-cola e a massa cinzenta mudou de cor!

Se fossem obrigados a ir trabalhar no turno da noite, torciam o nariz e inventariam umas daquelas desculpas legitimadas por um atestado médico tipo: “sou alérgico à escuridão” para recusar o trabalho. Mas como é para vandalizar estátuas e rabiscar com erros, ainda por cima, paredes, fachadas já não são alérgicos ao escuro como breu porque ainda há muitos candeeiros a iluminar as ruas para fazer este “trabalhinho” sem enganos no destinatário. O remetente, esse fica deitadinho na cama King Size a dormir um sono leve à procura do dia seguinte.

É melhor não dar sugestões porque o representado nesta estátua é o D. Fernando, “Infante Santo”, foi um dos elementos do exército português que queria tomar a cidade marroquina de Tânger (1436). O “Infante Santo” ficou refém e acabaria por morrer no cativeiro em Fez/Marrocos (a razão por D. Fernando ter este cognome).

E com esta onda de confusas interpretações com omissões grosseiras ainda acusam o “Infante Santo” de um colonizador sanguinário, e vão com a lata de spray vermelha pintar a mão e a espada; sabendo que as expedições militares imperialistas na época são semelhantes às investidas da China para dominar o mundo. Por exemplo, utilizando o dinheiro para comprar empresas estratégicas na Europa, porque a batalha de estarmos dependentes da China até para termos alfinetes nas nossas retrosarias, está ganha.  

Em vez de olharmos para o presente para pensar o futuro, andamos com os olhos virados para o passado tempo a mais. Tanto de fazer ajustes de contas descontextualizados estamos a formar intelectuais com os olhos tortos de tanto olhar para trás.

Há uma crença popular que quando os bebés estão deitados não devemos estar atrás da cabeça do bebé para que este não mexa os olhos para trás para que não fique com eles tortos. Se calhar devíamos ter essa precaução com a excessiva obsessão pelo passado para evitar tantos vesgos em sentido figurado, estrábicos é mais adequado para os intelectuais, a vaguear por esta sociedade que está a mudar a pele como as cobras sem terem aprendido nada com o passado… acho que serão também míopes!

Os oftalmologistas que abram os consultórios 24 horas por dia, chegou a vossa vez de facturar...

Dia de Camões e das Palavras

Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas

Sim,

conheço a força das palavras,

menos que pétalas pisadas

num salão de baile,

e no entanto

se eu chamasse

quem dentre os homens me ouviria

sem palavras?

Carlos de Oliveira, Trabalho Poético

 

10 de Junho dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.  

Supõe-se que seria o dia de falecimento de Luís Vaz de Camões, o poeta que exaltou, acarinhou as palavras. Sem elas não seria anualmente lembrado, apesar de começar a estar esquecido pela grei das manifestações importadas totalmente plagiadas.

Não há bolo celebrativo, porém a melhor forma de festejar Camões é colocar velas a iluminar as suas, as nossas palavras. Será a minha singela homenagem.

 

Comunica-se com gestos, com imagens, com sons e com palavras, pois pretendemos (necessitamos, também) que exista alguém que nos ouça, que preste atenção àquilo que queremos dizer aos rostos anónimos e principalmente aos rostos familiares.

É impossível não dar relevância às palavras que estão na ordem do dia escritas a preto carregado em cartazes nas manifestações racistas contra o racismo: Polícia Bom é Polícia Morto ou O Diabo Veste Farda ou De Minnesota até ao Porto Polícia Bom é Polícia Morto.

Todos estamos elucidados que um conjunto de letras à toa não pode ser considerada uma palavra; por sua vez, um conjunto de palavras aleatoriamente colocadas ao acaso não forma uma frase. Assim, as palavras foram escolhidas com base nos critérios históricos, lógicos e psicológicos de acordo com o melting pot que é a sociedade dos Estados Unidos da América. Aquelas palavras farão sentido empunhadas e gritadas nas manifestações em Portugal?

 

Os americanos podem justificar as escolhas das palavras recorrendo ao Ruy Belo: “conheço as palavras pelo dorso. Outro, no meu lugar, diria que sou um domador de palavras. (...) Sim conheço as palavras. Tenho um vocabulário próprio. O que sofri, o que vim a saber vim muito esforço fez inchar, rolar umas sobre as outras palavras. As palavras são seixos que rolo na boca antes de as soltar.”¹

Nos Estados Unidos da América uma simples abordagem a um polícia para pedir uma informação é feita com distanciamento físico e o polícia coloca a mão na arma. É de fácil explicação este modus operandi: num país em que se promove a compra e uso de armas, o polícia não sabe se quem o aborda não tem uma arma consigo. Excesso de zelo, pensarão muitos, espírito de auto-defesa comentarão  outros.

 

Camões não se deve importar e convido Teixeira de Pascoaes para se juntar à pequena homenagem das palavras: “A linguagem é uma obra da Natureza e do homem.

As coisas «falam» à nossa sensibilidade que converte a impressão recebida numa forma de som articulado; isto é, «nomeia» a coisa que a feriu.

O nome duma (principalmente das coisas vivas e naturais) é, por assim dizer, essa mesma coisa em espírito verbal. (...)”²

 

As palavras são lidas, interpretadas consoante a sociedade mais ou menos conservadora de cada país. As palavras não sofrem, fazem sofrer; as palavras não são injustas, quem as utiliza had hoc é que pratica injustiças, incita à violência, às discriminações laboral e racial.

 

Em Portugal,  as nossas autoridades policiais cometem abusos excessivos com recurso à força para intimidar e/ou punir o cidadão desordeiro com comportamentos desviantes à margem da lei. Está errado e temos de combater essas situações abusivas, todavia aquelas palavras nos cartazes nas manifestações que foram uma cópia das manifestações em Minnesota são  exageradas, pouco aceitáveis; e ao abrigo do código penal português o incitamento ao ódio e à violência “é punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos."

 

De novo Teixeira de Pascoaes toma a palavra: “Dum modo geral e vago, assim se criaram as palavras, verdadeiros seres com alma e corpo, que, e organismos rudimentares, interjeccionais, se foram aperfeiçoando, pelas leis que presidem ao desenvolvimento das outras criaturas.”³

 

Compreendo a solidariedade com o afro-americano George Floyd assassinado enquanto alguém filmava (quem filmou não podia ter salvado a vida do George Floyd? Ou a preocupação foi registar para memória futura, sem pedir auxílio…).

Já não compreendo a maioria das palavras a marcador preto, comprado meia-hora antes na papelaria, nas manifestações de Lisboa e Porto. São palavras de lá (EUA) sem fazer grande sentido cá (Portugal).  Lá há uma sociedade com especificidades que Cá não temos com aquela gravidade. Somos países completamente diferentes. As lutas deles são as nossas, porém nós temos de adaptar conscientemente as palavras nas nossas manifestações ao nosso contexto para mudar o nosso status quo. Apesar de tudo Lá vemos governadores, juízes, outros lugares de funções laborais de topo ocupados por afro-americanos. Cá, ainda há muito para fazer na inclusão dos afro-portugueses em funções de topo. Se a meritocracia não é uma ferramenta muito utilizada, o elevador social para os afro-portugueses é um sem fim de solavancos.

Lá (EUA) não farão manifestações de condenação aos nossos problemas sistémicos, organizam manifestações com palavras a mostrar as realidades deles. Cá (Portugal) instrumentalizamos as manifestações cansando as palavras para “falar” dos problemas dos afro-americanos,  sem ter a preocupação, a sensibilidade de gastar tinta preta com palavras denunciadoras das nossas reais discriminações sociais que podem estar vestidas com roupa de racismo ou de xenofobia, de violência...

Por favor cansemos as palavras a evocar  as nossas injustiças de “cimento” velho e fresco que pululam na sociedade da Pátria de Camões! Não serão as outras pátrias que irão partir o “cimento”, somos nós, portugueses descendentes de Camões.

 

Honrosamente as últimas palavras de encerramento desta  singela homenagem a Camões pertencerão ao Carlos Drummond de Andrade: “Assim em plena floresta de exclamações, vai-se tocando prà frente. Ou para o lado. Ou para trás. Ou não se toca. Parado. Encostado. Sentado. Deitado. De cócoras. Olhando. Sofrendo. Amando. Calculando. Dormindo. Roncando. Pesadelando. Fungando. Bocejando. Perrengando. Adiando. Morrendo.

Em redor, não cessam explosões interjectivas. Coitado! Tadinho… Canalha! Pilantra! Dedo-duro! Bandido! Querido! Amoreco! Peste! Boneco! Flor!

E vêm outras vozes breves, no vão do vaivém:

É. Pois é. Ah, é. Não é? Tá. OK. Ciao. Tchau. Chau. Au. Baibai. Oi. Opa! Epa! Ui! Ai! Ahn…

Que fazer senão ir na onda? Lá isso… Quer dizer. Pois não. É mesmo. Nem por isso. Depende. É possível. Antes isso. É claro. É lógico. É óbvio. É de lascar. Essa não! E daí? Sai dessa.

Não diga! É o que lhe digo. Eu não disse. Repete. Como ia dizendo… Não diga mais nada. Digo e repito. Dizem… Que me contas!⁴

 

 

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¹ Imagens vindas dos dias, in Homem de Palavra(s);

² e³ Arte de Ser Português;

⁴ O poder ultra jovem e mais 79 textos em prosa e verso.

Situação tirada a papel químico

Governo Sócrates Vs Governo Costa

Onde já vimos isto? Zangas entre primeiros-ministros e ministros das finanças que impossibilitam a permanência no Governo. As diferenças de pontos de vista para o rumo da política de governação de um país conduzem a relações inconciliáveis que criam distanciamento e mal-estar que a partir do momento que é perceptível ao público em geral a saída do subalterno, o ministro entenda-se, é inevitável.

Porém, o Primeiro-Ministro leva sempre com os estilhaços. Contudo, quem leva com a explosão é o cidadão.

Começa a ser uma marca distintiva dos governos socialistas estas situações que parecem tiradas a papel químico.

Foi assim  com José Sócrates e Teixeira dos Santos:

"Não falo com Sócrates há seis anos. E praticamente estivemos de relações cortadas desde o dia 6 de abril quando foi o pedido de ajuda" à troika, em 2011"

Fonte: Expresso/ Tiago Miranda

Agora foi assim com António Costa e Mário Centeno:

Fonte: José Sena Goulão/ EPA

Duas considerações finais: 

A primeira: Afinal entre António Costa e José Sócrates é mais aquilo que os une do que aquilo que os separa!

A segunda: Será descabido pensar que estaremos à beira da bancarrota, pela... Já perdi a conta!

 

 

E se o "baterista" fosse o Primeiro-Ministro de Portugal...

...Estaríamos melhor ou pior?

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O "dançarino" tem estado mais desalinhado (espacialmente)  do que alinhanhado corretamente!

Os portugueses têm preferido este "dançarino"... E pelos vistos, segundo as sondagens,  vão continuar fascinados com o "dançarino saltitão". 

Eu confesso que tenho "panca" por músicos... O gingar do corpo é bonito quando se está a tocar as notas musicais!

Perdoem-me os dançarinos, os bailarinos profissionais por este meu gosto desconcertante, prometo melhorar esta minha falta de empatia.

Aos dançarinos saltitões  fiquem informados que o meu pedido de perdão não se estende a vocês!