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Perspectivas & Olhares na planície

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O flop dos coletes amarelos em Portugal

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A manifestação dos coletes amarelos que ameaçava parar Portugal no dia 21 de dezembro afinal conseguiu apenas parar o trânsito em 2 ou 3 passadeiras de 2 ou 3 cidades. Estarão os Portugueses contentes com a sua vida? Não estão! Isso é visível pelas inúmeras greves sectoriais, especialmente na função pública que pensava recuperar agora algum poder de compra mas que, quanto muito, recuperou os cortes que lhe haviam sido feitos há anos. Melhorias? Nada.

Mas e porque não se juntaram mais à manifestação de dia 21?

- Primeiro porque foi dia 21, sexta-feira, véspera de um fim de semana em que todos preparavam já as compras de Natal. O povo português é comodista e não está para perder tempo na rua quando valores mais altos de levantam.

- Segundo, porque a manifestação girava em torno de objetivos contraditórios, vamos subir as reformas e baixar os impostos… muito bem e de onde vem o dinheiro?! É que o dinheiro das reformas e outras coisas vem dos impostos. Esta falta de objetivos credíveis levava a cartazes como “Pela liberalização do tuning” e este pedido feito por um dos coletes amarelos certamente não é apoiado pela grande maioria dos descontentes.

- Depois houve uma colagem à extrema-direita. A extrema-direita em Portugal não tem realmente uma base de apoiantes e é constituída por alguns skinheads, normalmente jovens brancos, desempregados, violentos e que não fazem nada para conseguir um trabalho, ou seja apenas mais uns que vivem do erário público. Claro que ela está em ascensão no resto da Europa e também crescerá em Portugal, não pelo que dizem estes manifestantes (até ganhavam mais em estar calado) mas crescerá se Portugal se tornar o destino de uma onda migratória, como acontece agora já na restante Europa. Esta cresce em Espanha cada vez que um barco de migrantes é autorizado a desembarcar e levou já a uma reconfiguração do Parlamento da Andaluzia, com a subida em flecha de um partido extremista, o Vox. Cresce nos restantes países europeus e foi uma das maiores causas do Brexit. É preciso acautelar as abordagens a este problema ou teremos no futuro o desmantelamento da Europa, pois estes partidos em regra são nacionalistas e não europeus.

- Última razão, nós não temos em Portugal o grau de banditismo, de sentimento de não pertença, desrespeito pelas regras de cidadania e elevados grupos de desocupados como têm a França e cada vez em maior número. Isto é visível cada vez que se visita uma cidade francesa e é a razão pela qual há sempre dezenas de carros queimados em noites de passagem de ano ou comemorações desportivas. Muitos dos coletes amarelos que vimos em Portugal limitavam-se a passear calmamente nas passadeiras como cartazes pacíficos com alguma das suas legítimas pretensões.

Tudo isto contribuiu para o flop de dia 21. Mas o povo em geral não está dormente e se promoverem por exemplo uma nova descida da TSU enquanto sobem impostos e cortam salários como queria Passos Coelho, é provável que a paciência se esgote. E não somos pacíficos por natureza, veja-se o regicídio. A Casa Real Portuguesa esteve mal, a casa real  recebeu o tratamento que o povo entendeu que merecia. E não foi brando…