Hospital de Beja: obstetra não há, Marcelo não pode...
"Mulher se queres parir, guarda para Abril" , não será preciso esperar tanto, no entanto, a 31 de Dezembro não será possível a existência de nascimentos na maternidade do Hospital José Joaquim Fernandes com acompanhamento especializado, pelo menos de acordo com esta notícia: no dia 31 não se pode nascer em Beja.
Se alguma criatura quiser vir ao mundo logo no dia 31 de Dezembro terá de ir nascer ao Alto Alentejo, pois o o único Hospital do Baixo Alentejo com maternidade não terá equipa com obstetra para receber quiçá o primeiro bebé do ano de 2018. Todos os anos Lisboa, Porto e Coimbra disputam fervorosa, chegando a ser furiosamente, o troféu do nascimento do primeiro bebé do novo ano. O hospital de Beja é muito pacífico e não gosta de entrar nessas guerras pacóvias de ter no seu curriculum o nascimento da primeira criatura do novo ano, por isso, nem tem equipa especializada escalada para estes dias.
Infelizmente, o Presidente Marcelo está ainda internado, caso contrário viria ao Hospital de Beja em socorro às criaturas que decidissem nascer a 31 de Dezembro em Beja. Mas, dado que o Presidente Marcelo está em convalescença não poderá vir "dar uma mãozinha" na Maternidade do Hospital de Beja, não resta alternativa às criaturas mais difíceis de nascer chorarem pela primeira vez na vida no Hospital de Évora, nas melhores expectativas, pois pode acontecer chorarem em pleno IP 2 / Nacional 18.
Beja entra com o pé esquerdo em 2018, como sempre. Apesar de haver muito fogo de artifício que serve apenas para celebrar a entrada do novo ano, porque não há mais nada para festejar na capital de distrito do Baixo Alentejo que tem apresentado sucessivamente o diagnóstico de definhamento crónico. Desta vez, nem o Presidente Marcelo nos pode livrar da influência hegemónica da cidade de Évora - uns acharão positiva, outros acharão negativa - , que se tem enraizado paulatinamente, infeliz ou felizmente, lá está, dependendo da perspectiva de cada um.
Ainda, segundo a mesma notícia tem havido muitos dias iguais a este 31 de Dezembro ao longo deste ano de 2017, e nem tínhamos dado conta, uma vez que aparece pouco nos jornais ou nos telejornais das oito este problema do hospital de Beja não ter obstetras suficientes para assegurar o serviço de obstetrícia e ginecologia todos os dias. Por isso, é urgente deixar de ter um serviço intermitente das equipas especializadas que, sendo assim, vai continuar em 2018 se nada for feito pelo Ministério da Saúde e pela administração nomeada do Hospital de Beja.
Certamente, Beja estaria muito melhor se mais pessoas comungassem o pensamento do poeta Manuel Alegre, em Alentejo e Ninguém: "Em Beja não vereis o arrebique/a sua escrita é mais sem ornamento./Estética do recato. Poesia que/vem de dentro./Onde outras serão excesso Beja é pouco/mais de sombra que sol é seu circuito./Procurai no recanto e no reboco/vereis então que Beja é muito".