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Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

O CDS-PP o partido do Tuk-Tuk

R. Magritte – A Presença do Espírito, 1960

 RMagritteA Presença do Espírito, 1960

 

Era do mais evidente que o Paulinho das Feiras iria abandonar a liderança do CDS-PP.

Como é seu atributo, Paulo Portas durante os dois períodos longos de inefável inépcia do Cavaco Silva após as ultimas eleições legislativas - tomada de posse do Governo do PSD e CDS-PP e o empossamento de António Costa como Primeiro-Ministro de Portugal - foi fazer o que faz bem: distorcer a leitura da espuma de acontecimentos a seu favor. Desdobrou-se em manobras de diversão nos jantares em que foi estrategicamente colocado um púlpito para pregar as suas ideias vitimizadas de que o Governo de António Costa é ilegítimo e minimizar os estragos da descoberta do problema do BANIF e das mentiras do milagre económico que tanto apregoaram os seus sequazes, e esse milagre não passou de uma ressaca de uma “borrageira” das antigas de cerveja e vinho.

Por ironia do destino, habituado a atraiçoar, desta vez foi o Paulinho o atraiçoado pelo espírito de sobrevivência de Passos Coelho e este aproveitando os estilhaços do BANIF, sem grandes alaridos o PÁF, fez PUF!

Passos Coelho acabou com a coligação, deixou o maçador Paulo Portas a apropriar-se das palavras gastas do Governo ilegítimo, votou a favor do orçamento rectificativo e encurralou-o e descartou-se do rumo a que o Paulo Portas estava a direccionar a oposição ao Governo do PS com os apoios do PCP, PEV e BE.

O inesperado acontece. O BANIF para o bem foi a boia de salvação de Passos Coelho e PSD. Quando tudo estava perdido para Passos, segurou-se à boia, que ia esvaziar por causa das alfinetadas de Maria Luís Albuquerque e de Paulo Portas e perspicazmente tapou o furinho com as boias do ex-vice-primeiro-ministro e da ex-ministra das finanças. O BANIF para o mal foi a boia do afogamento de Paulo Portas e de Maria Luís Albuquerque, de furinho em furinho foram aguentado com a cabeça de fora da água, só de vez em quando engoliam uns pirolitos salgados. Até que Passos Coelho desferiu de mansinho as alfinetadas magistrais para os furinhos finais, que os levou ao derradeiro afogamento. "A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar" [Sun Tzu].

O sagaz Paulo Portas demitiu-se, o que podia mais fazer? Os políticos com versúcia também atingem o estádio de exaustão mental e física, no entanto, não admitem que erraram, que se desnortearam. É descredibilizante terem votado contra o orçamento rectificativo. Então não foi o Governo em que o CDS-PP participou que salvou Portugal da bancarrota? E votaram contra o próprio orçamento, passando levianamente a mensagem que o Governo do PSD esteve a governar sozinho e o CDS-PP esteve na oposição. E a justificação atinge o máximo do ridículo: nós não concordamos com a solução que o Partido Socialista encontrou para o problema do banco madeirense. Sofrem de amnésia ou tiveram um surto psicótico e só não se lembram do dossiê BANIF que dizia banco minado, explode a todo o momento? "Ser hipócrita é um dos constituintes da personalidade humana" [Cícero].

Maliciosamente, no partido que foi em tempos o partido do Táxi, não lhe interessa o ónus de o transformar no partido do TUK-TUK, e assim, vai deixar o partido pela segunda vez. Na primeira vez que saiu foi fazer para os Estados Unidos da América um branqueamento dentário, desta vez irá fazer um lifting facial, sabem onde meus caros leitores? Em Queluz na clinica com o nome de TVI, e as sessões de rejuvenescimento de imagem irão decorrer no Jornal das 8, todos os domingos à mesma hora em que o Marcelo Rebelo de Sousa esteve a granjear popularidade e a fazer escola para ser o próximo Presidente da República Portuguesa.

O CDS-PP tornou-se num partido composto por pessoas que seguem cegamente a doutrina do seu líder, os tais sequazes. Os próximos líderes do partido do TUK-TUK terão sempre que contar com a Presença do Espírito, o Paulo Portas. O Nuno Melo terá uma tarefa árdua para se impor como líder do CDS-PP, e desta forma suplantar, a enraizada Presença do Espírito do Paulo Portas. No registo popular, o Nuno Melo vai “suar as estopinhas” para conquistar os fiéis sequazes do espirito de Paulo Portas para não ser passado para segundo plano. Nuno é melhor reforçar o seu guarda-roupa de camisas de piquet, para disfarçar a transpiração. As que usou na campanha eleitoral para as últimas eleições europeias devem ser poucas, pois avizinham-se rios de suores ora frios, ora quentes proporcionados pela inconveniente presença do espírito.

Bons suores! Peço perdão, Boa Sorte, Nuno Melo! E que o espírito esteja sempre consigo. A razão e a inteligência são esses os espíritos a que me refiro, não se confunda, porque eu não o confundi. Palavra de honra – mentira certa -, que não tinha a intenção de o baralhar com os vários espíritos que o acompanha: os seus e o Outro…

 

P&O Sui Generis 6: para quando nas EuroLojas?

Uma vez que o calendário de 2016 com o Vladimir Putin custa 1€, espero que venha para as EuroLojas de Portugal, para comprar um. Um não, muitos calendários com a cara "laróca" do Putin para ofertar à família, amigos e à vizinhança. 

Como é que o querido Paulo Portas não teve semelhante ideia? Com a injecção dose cavalar da sua imagem que aplica na mente dos portugueses, um calendário parecido seria fantástico!

 

P&O: Citações Soltas #1

“(…) – A noite em Lisboa é uma noite inventada – disse eu -, uma noite a fingir. Em Portugal quase tudo, de resto, é a fingir, a gente, as avenidas, as casas, os restaurantes, as lojas, a amizade, o desinteresse, a raiva. Só o medo e a miséria são autênticos, o medo e a miséria dos homens e dos cães.”

 

António Lobo Antunes, Conhecimento do Inferno

 

P&O do Passado XIII: Construir um Mundo Novo

Podemos recomeçar o mundo (...). O nascimento de um novo mundo está ao alcance das nossas mãos (...). A distância com que o Criador separou a Inglaterra da América é uma prova natural de que a autoridade de uma sobre a outra nunca esteve nos desígnios da Providência (...). Há algo de absurdo em supor que um continente possa ser perpetuamente governado por uma ilha (...). Ó vós que amais a humanidade, de vós que ousais opor-vos à tirania, avançai! Cada pedaço do velho mundo vem sendo perseguida em todo o mundo. A Ásia e a África expulsaram-na há muito tempo. A Europa olha-a como a uma estranha e a Inglaterra deu-lhe sinal de partida. Recebi a fugitiva e preparai, enquanto é tempo, um refúgio para a humanidade.

Thomas Paine, O Senso Comum

P&O do Passado XII: O terrorismo no século XVI

Em quarenta anos morreram, por causa da tirania espanhola, mais de doze milhões de seres vivos, homens, mulheres e crianças. Há sobretudo duas formas que essas gentes que se dizem cristãs usaram para apagar da Terra essas infelizes nações: a primeira foram as guerras cruéis (...), a segunda foi uma opressão, uma servidão tão dura e tão horrível como nunca os próprios animais tinham suportado. A razão pela qual os Cristãos destruíram um tão grande número de seres humanos foi unicamente o desejo insaciável de ouro.

Bartolomeu de las Casas, História das Índias

P&O do Passado XI: Os Donos do Mundo

Existem alguns países que se tornaram os banqueiros do Mundo e o governam como entendem: a Inglaterra, a França, a Alemanha, a Holanda, a Bélgica. Estes países desempenham, entre as nações do globo, o odioso papel de capitalistas e usurários. São, por excelência, as nações mais ricas da Terra, possuidoras, desde há muito, de uma sólida situação económica. Ao lado destas potências começam a crescer países mais jovens, que poderíamos designar por "novos ricos", como por exemplo os Estados Unidos da América.

Grandes ou pequenos, antigos ou recentes, são cinco ou seis países que detêm a maior parte da riqueza do Mundo. (...) O seu grande negócio consiste em investir vultosos capitais nos outros países, retirando daí enormes benefícios. Eles são senhores de terras longínquas, donde lhes vêm lucros sem precisarem de lá pôr os pés; (...) fazem cultivar em seu proveito territórios imensos, por legiões de negros, de chineses e até mesmo de brancos (...); possuem minas e fábricas de que recebem os dividendos sem jamais as terem visto com os seus próprios olhos; numa palavra: enriquecem com o trabalho dos outros.

In Revista dos Dois Mundos (1896)

P&O do Passado X: Começar o primeiro dia do ano a falar do Estado...

"O Estado é um mal necessário. Os seus poderes não deveriam ser aumentados para além do estritamente necessário.

Não é difícil demonstrar que o Estado constitui um risco permanente e, logo, um mal, ainda que um mal necessário. Sempre que o Estado tem de cumprir uma missão, deverá possuir mais poderes do que qualquer grupo de cidadãos.

Mesmo quando imaginamos instituições que restrinjam o mais possível qualquer risco de abuso desse poder, não é possível nunca afastar por abuso desse poder, não é possível nunca afastar por completo tal risco. Pelo contrário, afigura-se que sempre teremos de pagar um preço pela proteção dos nossos direitos pelo Estado, não só sob a forma de impostos, mas também sob a forma de humilhações que temos de suportar. ("A arrogância dos funcionários.") Tudo isto é, no entanto, uma questão de grau: tudo depende de o preço a pagar pela proteção dos nossos direitos não ser demasiado elevado" (Karl Popper).

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