O que há para dizer sobre estes atentados em Paris? Tanta coisa haveria para abordar e analisar. No entanto, fico-me apenas com uma sugestão de leitura: As Identidades Assassinas de Amin Maalouf. Para estes e futuros atentados terroristas todos os ocidentais e não só deviam reservar parte do seu tempo livre para ler este interessante, lúcido e intencional ensaio no qual o autor predispõe-se a "tentar compreender de que modo a dita mundialização exacerba os comportamentos identitários, e de que modo poderia ela toná-los menos assassinos" e assim, aborda diversos assuntos, de entre os quais: a complexidade do mundo Islão e o facilitismo em tirar conclusões definitivas sobre os povos e as suas religiões; o ocidente impor a sua modernidade e os outros povos terem de assimilar a sua cultura e estilos de vida e variadas vezes é o ocidente que aumenta o seu poderio económico e não o contrário; a marginalização do mundo muçulmano; a explicação das heranças denominadas por horizontal e vertical; a apresentação da forma de hoje em dia entendemos e definimos a noção de identidade; a importância da Internet para difundir uma ideia com extrema facilidade; a reflexão sobre a língua, a língua materna e as suas desigualdades; a referência ao facto de os órgãos governativos em todas as nações mundiais serem ocupados por comunidades dominantes em detrimento das minorias étnicas e culturais; o poder do sufrágio universal e como tem sido mal aplicado (imposição e falseamento dos votos); nas democracias existirem inflexibilidades, quem governa são os partidos pertencentes aos grupos dominantes, as minorias têm pouca ou nenhuma representatividade na governação de um país.
Seguem-se alguns excertos de As Identidades Assassinas de Amin Maalouf:
“ (...) Metade francês e metade libanês? De modo algum! A identidade não se compartimenta, não se reparte em metades, nem em terços, nem se delimita em margens fechadas. Não tenho várias identidades, tenho apenas uma, feita de todos os elementos que a moldaram, segundo uma dosagem particular