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Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

Eclipse total de Super-Lua

“(…) Que sentido faz continuar a viver completamente sozinha num mundo absurdo… um mundo com duas luas, uma grande e uma pequena, e onde seres que fazem parte de um tal Povo Pequeno controlam o destino dos humanos?”

Haruki Murakami, 1Q84 (Vol. 3)

 

Na madrugada de ontem, 28 de setembro de 2015, não apareceu duas luas, porém surgiu a Super-Lua:

 

 

O Outono aportou!

José Malhoa, Outono

 

“O equinócio de Setembro faz-me lembrar os cães das praias, oxidados do Outono, a trotarem pela areia deserta em manadas cabisbaixas, lambendo as algas, os pedaços de madeira, os desperdícios que as ondas devolvem e recusam, fragmentos de pomo, bichos, conchas. Os cães lambem as algas e os desperdícios, roçam uns nos outros os flancos magros salpicados de crostas de feridas, os banheiros recolhem os últimos toldos que ninguém usou, a água possui a tonalidade rósea de um dorso de criança, a respirar a medo nos limos da muralha.”

António Lobo Antunes, Conhecimento do Inferno

P&O Curtas (6)

As três maiores operadoras de telecomunicações a funcionar em Portugal, designadamente:

  1. a Vodafone garante muito “power” para todos, no entanto, em Barrancos (ao minuto 15 e 37 segundos), não chega nenhuma réstia desse poder, ou seja, o tal power – em inglês tem imediatamente outra classe –, deve ter problemas nos ossos, uns comprimidos que o Jetro vende, os tais Calcitrin, resolveria a pendência e Barrancos teria “power” com “fartura”;
  2. a NOS, sem acento deve ser uma gracinha ao novo acordo ortográfico que se subentende os acentos em algumas palavras, apregoa a força está em NOS ou há mais em NOS, contudo, para os lados de Barrancos (ao minuto 15 e 37 segundos), nem NOS, nem força, nicles! O povo de Barrancos bem que procura pelo NOS, na volta não o encontra, pois procura o NOS com acento. Para uns são modernices geniais, para outros são chatices inaceitáveis;
  3. a PT que detinha a TMN, que passou a ser MEO, agora é ALTICE, mas que continua MEO - ufa que misturada -, espalha que é outra vida, tanto que não é, que estes alentejanos vivem nessa outra vida e nem sinal da MEO. Vivem como portugueses de segunda e pensariam que iriam encontrar a MEO para os consolar, nada disso. São salvos e ajudados, sim pelas operadoras espanholas, ainda bem que a taxa de roaming vai ser extinta na U.E., ao menos uma vez na vida terão sorte.

 

Desta feita, as operadoras deviam convidar o Passos Coelho e o Paulo Portas para servirem de cobaias para realizarem os testes de intensidade do sinal da rede móvel em Barrancos da MEO, NOS e Vodafone. Era uma maneira eficaz de fazer com que eles se perdessem pelo montado e ficassem incontatáveis durante muito tempo, dado que telefonar para pedir socorro é uma tarefa árdua e quase impossível. E, assim, deixavam de poluir os serviços noticiosos e nós – com acento -, ficaríamos com a audição mais saudável, pois deixaríamos de ouvir as choradeiras do Passos Coelho e as gabarolices do Portas. Para além da maravilha de deixarmos de ver as suas caras aborrecidas e ardilosas, os nossos olhinhos agradeciam, cintilariam de raiva esporadicamente!

Que OLHAR oportuno… {2}

Tens de tomar o comando

 

Aprende o mais simples! Pr’a aqueles

cujo tempo chegou

Nunca é tarde de mais!

Aprende o a - b - c, não chega, mas

aprende-o! E não te enfades!

Começa! Tens de saber tudo!

 

Tens de tomar o comando.

 

Aprende, homem do asilo!

Aprende, homem

 

P&O do Passado VI

“(…)Língua3 aos teus esquecida”: no passado a língua espanhola era a grande ameaça à Língua Portuguesa, porém sobreviveu. Presentemente, o novo acordo ortográfico revela-se como a maior prova de fogo que a nossa Língua Portuguesa tem encarado. Será que vai vencer a guerra? Pois, a batalha – com acordo ortográfico aplicado –, já a perdeu…

 

A defesa da Língua Portuguesa (Ode I)

 

Fuja daqui odioso

Profano vulgo1, eu canto

As brandas Musas, a uns espritos dados

Dos Céus ao novo canto

Heróico, e generoso

 

Que OLHAR Oportuno... {1}

"Mudou o tempo, fórmula de uma concisão exemplar que, de modo suavizado ou neutralmente objectivo, nos informaque, tendo mudado, mudou para pior. Chove, e é uma chuva mansa, de outono começado, que enquanto não empapar as terras nos dará vontade de passear por esses campos, de botas e impermeável, recebendo no rosto a poalha dulcíssima da água e gozando a melancolia das distâncias brumosas, as primeiras árvores que deixam ir as folhas e aparecem despidas, friorentas, como se estivessem a pedir-nos afagos, alguma aí há que apetece apertar ao peito com terna piedade, chegamos o rosto à casca húmida e é o esporte uma face molhada de lágrimas."

José Saramago, A Jangada de Pedra

P&O Curtas (5)