Há um par de dias contaram-me uma história daquelas de encantar que versava assim:
Era uma vez uma menina e moça que ao ir buscar uma infusa de água ao chafariz ouviu o pregão: precisa-se de uma menina e moça para ajudar as panelas a ficarem luzidias na cozinha do Hospital, elas são muito vaidosas e querem estar sempre radiosas, quem quer ir para a cozinha do Hospital, quem quer…
A menina e moça não vai de modas e pensou: esta é uma grande oportunidade de sair desta minha vida miserável. Bem pensado, melhor dito: foi oferecer-se para ajudar as panelas a serem as panelas mais cintilantes do Baixo Alentejo. A menina e moça sempre muito tímida, no entanto, muito feliz por se sentir útil e fazer também felizes as panelas do Hospital: era tal o brilho que emanavam que era o Sol no céu e as panelas na Terra.
A alegria da menina e moça foi-se desvanecendo de dia para dia… Até que uma panela, inesperadamente, cheia de pena de ver a menina e moça a chorar todos os dias pelos cantos da cozinha e cansada de o seu brilho ficar manchado com as lágrimas dela, a panela:
– Cu Cu! Menina, menina porque tanto choras?
– No início adorava estar a fazer-vos companhia e ajudar a serem as panelas mais bonitas de um dos Concelhos da Margem Esquerda do rio Guadiana. Mas, agora sinto-me infeliz e podia fazer outras coisas igualmente belas noutras secções do Hospital.
– Compreendo. Não chores mais. Como forma de gratificação, eu vou oferecer-te um “panelão”. Espera e verás.
– Muito obrigada, panela. Se me conseguisses um “panelão”, prometo-te que nunca mais ouvirás dizer que eu andarei triste e aflita a chorar pelos cantos…