Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

Temática nublosa: Até quando este desnorte na gestão dos recursos humanos nas autarquias portuguesas?

Os empregados da câmara no tempo e para o poeta Manuel da Fonseca eram assim:      

 

É tão vazia a nossa vida,

é tão inútil a nossa vida

que a gente veste de escuro

como se andasse de luto.

ao menos se alguém morresse

e esse alguém fosse um de nós

e esse um de nós fosse eu…

 

…O sol andando lá fora,

fazendo lume nos vidros,

chegando carros ao largo

com gente que vem de fora

(quem será que vem de fora?)

e a gente pràqui fechados

na penumbra das paredes,

curvados pràs secretárias

fazendo letra bonita

 

Fazendo letra bonita

e o vento andando lá fora

rumorejando nas árvores,

levando nuvens pelo céu,

trazendo um grito da rua

(quem seria que gritou?)

e a gente pràqui fechados

na penumbra das paredes,

curvados pràs secretarias

fazendo letra bonita,

enchendo impressos, impressos,

livros, livros, folhas soltas,

carimbando, pondo selos,

bocejando, bocejando,

bocejando.

 

                                               

 

Hipérbole, ironia, eufemismo? Não me preocupa as figuras de estilo utilizadas pelo poeta Manuel da Fonseca. Este poema: Coro dos empregados da Câmara é um grande chamariz para tratar a temática nublosa: os funcionários públicos nas autarquias portuguesas. Não tenho interesse em abordar os funcionários públicos no geral, para isso leiam os jornais ou vejam os blocos noticiosos dos canais de televisão; mas, antes escrutinar os funcionários das câmaras municipais. Sistematicamente, apontamos o dedo para a qualidade e competência dos funcionários públicos ligados aos vários ministérios – enfermeiros, médicos, professores de entre outros –, no entanto, somos tolerantes, condescendentes e negligentes com um certo funcionalismo público que se pratica nas autarquias portuguesas.

 

“(…) A minha terra não é inefável./A vida da minha terra é que é inefável/ Inefável é o que não pode ser dito.” Estas palavras de Jorge de Sena – poema os paraísos artificiais –, não podiam fazer mais sentido para de uma vez por todas reforçar a premência de questionar a produtividade dos trabalhadores das autarquias; ora vejamos o seguinte: qualquer câmara municipal tem acima de cento e cinquenta funcionários e desta feita em zonas deprimidas do interior funcionam como a principal entidade empregadora, ou seja, o Estado é o maior e único patrão, logo os salários são provenientes, em grande escala, das receitas dos impostos dos contribuintes singulares e coletivos do sector privado. Este ponto prévio pode ser encarado como um absurdo, no entanto, é de extrema importância porque ainda existem criaturas que pensam que caem sacos cheios de notas do céu para lhes pagar o salário ou que os sucessivos governos têm um furo que em vez de brotar água, brota dinheiro.

 

Findado o introito e sem mais delongas, debrucemo-nos naquilo que é inefável e para tal observemos os mapas de pessoal das câmaras municipais e as contratações por ajuste direto (não se dispensa a consulta do portal do Estado para esse efeito), por exemplo, o mapa de pessoal da Câmara Municipal hoje Terra Forte, outrora Vila Branca e reparamos que figuram muitas pessoas repartidas por diversas funções, desde: tratorista, porta miras, cantoneiro de limpeza, nadador-salvador, professora de educação física, designer, engenheiro civil, bilheteiro, administrativa, motorista (ligeiros e/ou pesados); a: telefonista, arqueólogo, topógrafo, sonoplasta, calceteiro, engenheiro de recursos hídricos, engenheiro do ambiente, desenhador, carpinteiro, arquiteto, bibliotecário, ou seja, há um pouco de tudo.

Deambulamos,

 

A Primavera não é só para os VIP...

Jean-François Millet: Primavera

Ao menos isso: a PRIMAVERA chega a todos os comuns mortais...

A estação das flores não é discricionária e não cede a pressões de pacotes com pesoas muito importantes, os tais VIP à portuguesa, ou seja, os bacocos que pertencem à elite portuguesa dos burgessos e dos xubregas que enriqueceram à pressa com os dinheiros dos impostos dos contribuintes e com as negociatas obscuras utilizando os investimentos públicos. Esta elite se pudesse comprava o sol só para eles e decretava que a chuva cairia ininterruptamente apenas nas cabeças dos pobres e dos remediados.

O clima é uma das poucas coisas na vida mais democrática e justa: o sol quando nasce é para todos e a todos a chuva, o vento, o frio incomoda, sem excepção.

O clima não tem dono e nem é corruptível... que nos sirva de algum consolo para vivermos com um pouco mais de tranquilidade a nossa vida quotidiana.

Valha-nos isso...

Suécia fecha prisões: grande oportunidade para Portugal

Ó Senhor Ministro Pires de Lima soube que na Suécia fecharam prisões por falta de “inquilinos ”? Esta informação foi noticiada há uns meses largos, no entanto, o que é que o meu chiquíssimo ministro está à espera para apostar neste nicho de mercado que se abre no sector da exportação? Não está a perceber? Eu explico: Portugal tem excesso de “inquilinos” nas cadeias e a lista de espera não para de aumentar, assim proponho que o ministro desenvolva esta oportunidade que emerge no mercado de exportação, a de Portugal poder celebrar um contrato com a Suécia a fim de escoar esta abundante “matéria-prima” que escasseia pelos vistos para o lado do país dos louros e dos olhos azuis e que sobeja na terra de Camões.

 

Bem sei que o nosso ilustre António Lobo Antunes no seu O Manual dos Inquisidores tem um brilhante e melhor conselho que consiste no seguinte: “(…) existindo nesta terra um Governo inteligente vendia logo a porcaria do mar e do calor aos suíços que são ricos ou aos ciganos que são espertos e arranjávamos maneira de se livrar  das ondas a retalho, vendia o mar aos suíços que se pelam por iodo…”

 

Percebo que não queira aceitar o conselho do nosso grande António Lobo Antunes, se calhar não por não querer, mas, por não ter conhecimento de tal sugestão. Por falta de tempo, as suas leituras centram-se, sobretudo, em livros técnicos: como aprender a ter uma dicção o mais lenta possível, com entoação teatral e assemelhar-se a um episódio de AVC. Mas, isso é outra história, não posso desviar-me do tema…

 

Ao menos aceite a minha proposta! Repare como ela é de uma inteligência inexplicável, capaz de rivalizar com as ideias fascinantemente inteligentes dos seus companheiros ministros e do seu primeiro-ministro, pelo qual nutre um imenso orgulho: com a exportação dos “inquilinos prisionais” fazia com que o volume de exportações atingisse números absurdamente elevados – destronávamos a grande Alemanha exportadora –, e ao mesmo tempo aliviávamos as contas do Ministério da Justiça, tendo como ponto de análise que cada “inquilino prisional” custa por dia uma média de setenta euros ao Estado/Contribuinte. Sem esquecer que iriamos revitalizar o parque prisional da Suécia e eles ficariam muito gratos com Portugal na descoberta de um nicho de mercado inovador com muito potencial, como bem escreveu Hélder Macedo no seu poema Face Agreste do Mundo: “ (….) Portugal / nação precoce entre suicidas / pelo hábito antigo de apontar o rumo (…).”

Ó Senhor Ministro Pires de Lima é ou não é um bom negócio? Marque lá um jantar-reunião com o governo sueco para encetar esta sinergia económica. Não se esqueça de levar muitas cervejas… Faça-me um favor: seja só o taberneiro, porque com a sua leitura empenhada dos livros técnicos já não precisa da embriaguez vocal!

Lá estou eu outra vez a desviar-me do tema principal: a exportação de “inquilinos prisionais” para a Suécia…

 

 Isabel

Fazem falta “Teodoricos Raposos” no Governo de Portugal

“(…) a política é movida por cordéis tão sórdidos, que tudo é possível, desde que não faltem as mãos sórdidas para os puxar.”

                                                                                     Eça de Queirós

 

 

A atitude grotesca da excelentíssima ministra das finanças de Portugal nas reuniões do Eurogrupo para discutir a situação grega é do minino vergonhosa e no máximo inadmissível.

 

Os portugueses sentiram-se afrontados com a vaidosura da ministra Maria Luís a fazer o “servicinho” sujo da Alemanha como se o Governo de Passos Coelho / Paulo Portas tivesse governado maravilhosamente e cumprido todas as metas sistematizadas no Memorando da Troika e principalmente tivesse implementado as reformas estruturais que realmente o país precisa.

 

A vaidade excessiva da ministra caiu ridiculamente por terra quando a Alemanha aceitou o pedido da Grécia em alargar o prazo com as medidas de cortes propostos por Atenas e a Comissão Europeia colocar Portugal sob vigilância apertada, dizem eles porque as dívidas externa e interna são preocupantes e uma vez que Portugal não está com o programa da Troika e os problemas subsistem e em muitos casos avolumaram-se (desemprego, dívida soberana…). Ora bem tentam desencostar-se da Grécia e colar-se à Irlanda, todavia, estamos mais colados à Grécia e desencostados da Irlanda.