Afinal o Papa Francisco não se serve só do telefone do Vaticano para tagarelar e transmitir uma palavrinha de esperança e de coragem às suas crentes ou às suas familiares da confraria católica; como também se serve da Internet do Vaticano para consultar a rede social YOUTUBE para escutar música e principalmente portuguesa, pois no fim da sua viagem às Filipinas evidenciou que ouve e é fã do grupo português Da Weasel ao ponto que sentiu a necessidade e o dever de conversar com os jornalistas dos coelhos, da procriação. O Papa Francisco a falar: "Alguns crêem, perdoem-me a expressão, que para serem bons católicos devem ser como coelhos" e o seu subconsciente a cantarolar a música re-tratamento dos Da Weasel: "Procriamos como coelhos quando nos derem pelos joelhos / Procriamos mais um pouco porque eu adoro fedelhos..."
A comissão de inquérito no nosso Parlamento ao Caso BES tem-se revelado muito proveitosa para a confirmação da versúcia de todos os intervenientes na bolha que é ou era o Banco Espírito Santo.
A versúcia é a arte de viver que mais emerge a cada capítulo nos jornais e reportagens televisivas sobre a bolha BES; e o que dizer das historietas na comissão de inquérito no nosso Parlamento? Cada um escolherá a sua “arte de viver” e a que se adapte mais ao nosso carácter de pessoa tendencialmente benfeitora ou malfeitora, no entanto, não queiram fazer e transformar os cidadãos portugueses em seres estultos.
É burlesca a manha – a tal versúcia - do passa-culpas entre o Ricardo Salgado e o Contabilista Machado da Cruz e o comportamento deste Contabilista faz lembrar o Sr. José na obra Todos os Nomesde José Saramago: “(…) Acudam que é ladrão, dura palavra que o Sr. José não merece, quando muito falsificador, mas isto só nós é que sabemos.”
Tal como é burlesca a astucia – a tal versúcia – de todos aqueles que foram até ao momento chamados a responder às perguntas dos deputados que participam na comissão de inquérito ao Caso BES. Ora solicita-se significado e respondem baralhando intencionalmente o significado com o sentido; é um estratagema escolhido em conformidade com a arte de viver de cada um dos indagados, no entanto, é facilmente desfeito: “(…) Ao contrário do que em geral se crê, sentido e significado nunca foram a mesma coisa, o significado fica-se logo por aí, é directo, literal, explícito, fechado em si mesmo, unívoco, por assim dizer, ao passo que o sentido não é capaz de permanecer quieto, fervilha de sentidos segundos, terceiros e quartos, de direcções irradiantes que se vão dividindo e subdividindo em ramos e ramilhos, até se perderam de vista, o sentido de cada palavra parece-se com uma estrela quando se põe a projectar marés vivas pelo espaço fora, ventos cósmicos, perturbações magnéticas, aflições.” Mais uma vez, palavras de José Saramago transcritas da sua obra Todos os Nomes e infelizmente, é a isto que se tem assistido: aos diversos sentidos de respostas.
Com o fim da comissão de inquérito a árvore terá toda a rama e folhas, sem frutos porque apodreceram, porém a Dona Inércia dará lugar à Dona Versúcia e será mais uma árvore a se juntar a todas as outras na floresta da impunidade, do esquecimento, do enriquecimento ilícito e das fraudes lesa pátria.