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Perspectivas & Olhares na planície

Perspectivas & Olhares na planície

Manifestação a 12 de Março da geração “parva” em Lisboa convocada no facebook “assusta” a geração “espertalhona”

Em Portugal a geração “rasca” dá lugar à geração “parva”… depois virá a geração “demente”, percebe-se pois, facilmente, porque nunca saímos da cauda da Europa.

 

Deixando-nos agora de gracinhas, é um facto que muitos jovens estão desempregados ou a recibos verdes… sem qualquer direito. Os que não estão a recibos verdes estão a contratos a prazo sem nenhuma expectativa de integrar e progredir numa carreira.

Muitos deles com formação superior são ultrapassados nos lugares disponíveis nas empresas por outros sem formação pois os empresários o que querem é pagar pouco. Muitos destes empresários não tem qualquer estudo e não gostam de quem os tem, muitos não têm qualquer projecto realmente interessante e a sua empresa é só mais uma que ou “engana” o Estado ou ilude o povo.

Muitos destes “chulos” usam as linhas de crédito do Estado para comprar mais um Mercedes e depois fecham a empresa e deixam os empregados que exploraram à responsabilidade social do mesmo Estado que já os ajudou.

E por terem conhecimento desta realidade muitos jovens aceitam trabalhar em situações muito precárias, quase como escravos depois de anos e expectativas, como dizem os Deolinda que “ mundo tão parvo / onde para ser escravo / é preciso estudar.”

 

E se os partidos de esquerda, tipo Bloco e PCP, deixassem de defender tanto os criminosos e os marginais que vivem à conta de rendimentos sociais de inserção que já se percebeu que não inserem coisa nenhuma e direccionassem esses incentivos para esses jovens para que estes pudessem comprar casa, (deixando a casa dos pais e dinamizando a economia), para que pudessem abrir empresas inovadoras e criar alguma coisa neste país?

E se os partidos de centro e direita, tipo PS, PSD e CDS deixassem a tanga das PMES e apoiassem as empresas, PMES ou não, que realmente produzem alguma coisa sem recorrer a trabalho escravo e esqueminhas e incentivassem essa mesma geração qualificada?

Mas claro, para isso é preciso coordenar, monitorizar e não “distribuir” dinheiro por uns quantos “boys” de umas quantas gerações como estes partidos estão habituados a fazer.

 

Espero que os jovens (e menos jovens) que se reunirem em Lisboa no dia 12 de Março tenham reivindicações concretas e ideias para mudar um sistema que é aos olhos de todos muito “parvo”.

 

P&O do Passado III - "E o nosso sofrimento para que serviu afinal?"

Compreende-se que lá para o ano três mil e tal
ninguém se lembre de certo Fernão barbudo
que plantava couves em Oliveira do Hospital,

ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores
que tirou um retrato toda vestida de veludo
sentada num canapé junto de um vaso com flores.

Compreende-se.

E até mesmo que já ninguém se lembre que houve três impérios no Egipto
(o Alto Império, o Médio Império e o Baixo Império)
com muitos faraós, todos a caminharem de lado e a fazerem tudo de perfil,
e o Estrabão, o Artaxerpes, e o Xenofonte, e o Heraclito,
e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do Péricles, e a retirada dos dez mil,
e os reis de barbas encaracoladas que eram senhores de muitas terras,
que conquistavam o Lácio e perdiam o Épiro, e conquistavam o Épiro e perdiam o Lácio,

e passavam a vida inteira a fazer guerras,
e quando batiam com o pé no chão faziam tremer todo o palácio,
e o resto tudo por aí fora,
e a Guerra dos Cem Anos,
e a Invencível Armada,
e as campanhas de Napoleão,
e a bomba de hidrogénio.

Compreende-se.

Mais império menos império,
mais faraó menos faraó,
será tudo um vastíssimo cemitério,
cacos, cinzas e pó.

Compreende-se.
Lá para o ano três mil e tal.

E o nosso sofrimento para que serviu afinal?

 

António Gedeão