Ao que parece aí vem o PEC 3, depois virá o 4,o 5… e companhia.
Os vampiros, ou seja, os grandes gestores da Águas de Portugal, Estradas de Portugal e dos mais de cem mil institutos do Estado existentes neste país continuam a mudar de carro de luxo todos os anos e a gastar milhares de euros diários em combustível (que, como é óbvio é usado por todos os membros da família menos por eles pois muitos nem devem sair do sofá do escritório).
Continuam a criar-se fundações e outras instituições com o dinheiro público para dar empregos a filhos e afilhados.
As empresas semi-privadas dividem os lucros pelos accionistas e gestores e cobram cada vez mais pelo gás, pela electricidade e afins ao Zé Povinho (Têm esse direito pois são privadas, dizem eles). Quando há prejuízos essas mesmas empresas deixam as contas para aquele accionista pateta chamado Estado, e que, infelizmente, somos todos nós. (Afinal, eram públicas)
As câmaras não têm dinheiro para arranjar as estradas municipais mas têm milhares paras as festas e festarolas e feiras e feirinhas em tudo quanto é beco, para garantir os votos do povo ignorante.
Veja-se, por exemplo, as Câmaras de Serpa e Mértola que semana sim, semana sim têm uma nova festa anunciada ou na sede ou nos povoados que as circundam. Não seria melhor arranjarem as pontes, as ruas e as estradas dos concelhos onde elas são precisas? (Pois, isso não deve dar tantos votos)
E depois vêm mais e mais impostos. Corta-se na função pública. Medidas velhinhas … que esvaziam os bolsos do povo e, como diria Zeca Afonso se cá estivesse, não dão nem para os rebuçados da manada.
Na Assembleia a história repete-se… PCP e Bloco de Esquerda continuam a dizer “não” como dois miúdos teimosos que nem se preocupam em escutar a pergunta. O PSD e o CDS dizem “corta” e fazem tremer os portugueses que não são burros e sabem onde é que eles vão cortar se chegarem ao topo, e que certamente não será nos “senhores da nação”. O PS continua bipolar, apresenta o país perfeito na versão de José Sócrates e o inferno dos impostos no tom dramático de Teixeira dos Santos.
E assim continuamos, alegremente, caminhando para a Bancarrota, como fizemos até hoje. Depois aparecem os comentadores, do tipo génio, que em dois minutos apontam a solução para todos os males. Porém, se atentarmos nas suas palavras verificamos que afinal são apenas isso, palavras ocas, que não apontam para nada. Estou desconfiada que aquela D. Adosinda do romance Os Maias de Eça de Queirós passaria hoje como grande comentadora política, senão vejamos a sua interpretação sobre o défice: “Falavam de política, do Ministério e do déficit. D. Adosinda declara logo que conhece muito bem o déficit, e que é um belo rapaz … O déficit belo rapaz – imensa gargalhada! D. Adosinda zanga-se, exclama que já fora com ele a Sintra, que é um perfeito cavalheiro, e empregado no banco inglês… O déficit empregado no banco inglês – gritos, vivos, urros”(2005 [1988]: 709)
Alguém tem dúvidas de que ela saiba mais sobre o défice do que os nossos políticos e comentadores? Aconselho-os a ver as dicas dos Gato Fedorento para ter alguma noção do correcto e incorrecto, politicamente falando (Já tenho saudade destes humoristas!)